Quando conseguirei eu tirar de uma vez a minha máscara? Ser eu, plenamente? Eu, um homem bom, simples e sociável. O que isto tem custado!
[…] Tanta pancada levei, tanto pé me pisou a pele, que me fiz tojo arnal. E ninguém que me conhece suspeita sequer do outro que está por trás de mim, alegre como um passarinho, brando como uma folha, delicado como um rebento
[…] Poucos devem ter tido no mundo a minha sorte: ser um homem inteiramente livre. […] Permaneci na minha pureza natural, cidadão livre do mundo e português. Mas não há dúvida que, para a maioria, me cerquei de arame farpado. É inegável que fechei muitas portas a quem talvez as devesse abrir, mesmo se quando tentei fazê-lo me entrou por elas um vendaval. Diário IV
É este homem, assim auto-analisado, que pretendemos dar a conhecer melhor em abordagens de temática diversa. É o nó cego de contradições, em permanente estado agónico, obcecado por uma dúvida: Conseguirei eu dar aos outros um retrato fiel e sincero da minha verdadeira pessoa humana? Falamos do homem telúrico, do médico, do escritor, do revolucionário, do andarilho. Do cidadão comum de perfil duro como o perfil do mundo que não deixa transparecer a graça da poesia. Dois homens num só rosto! E está tudo dito…
Titulo: Dois Homens num só Rosto - Temas Torguianos
Autor: M. Hercília Agarez
Preço:14,00€
Editora: Lema D'Origem
Retirado de www.noticiasdonordeste.com
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