terça-feira, 31 de maio de 2016

Restauro do Cadeiral da Sé de Miranda do Douro nomeado para os Prémios APOM 2016



A intervenção de restauro do Cadeiral da Sé de Miranda do Douro está nomeada para os Prémios APOM 2016, na categoria Prémio de Intervenção de Conservação e Restauro. Os galardões vão ser entregues no próximo dia 3 de junho.


O restauro do Cadeiral da Sé de Miranda do Douro decorreu entre finais de 2014 e início de 2015, sendo uma intervenção incluída no projeto mais amplo de requalificação da Sé de Miranda do Douro.
Recorde-se que o restauro do Cadeiral implicou que o mesmo fosse integralmente desmontado e levado para tratamento em atelier, por parte da empresa Detalhe, com sede em Lisboa, sendo apenas alguns dos elementos tratados no próprio local.
Tal facto ficou a dever-se, por um lado, ao estado de degradação do mesmo, e por outro, à necessidade de acesso a meios de tratamento auxiliares, condições e equipamentos necessários para o tratamento de material desta natureza.
A intervenção, realizada no âmbito do projeto Rota das Catedrais no Norte de Portugal, foi coordenada pela Direção Regional de Cultura do Norte, contando com o apoio do Município de Miranda do Douro e da Diocese de Bragança-Miranda.
Sobre os Prémios APOM
A Associação Portuguesa de Museologia, também conhecida como APOM, tem por principal finalidade agrupar os profissionais de museologia ou instituições equiparadas a museus segundo os critérios estabelecidos pelo ICOM, no seu Estatuto.
Tem ainda como objetivos promover o conhecimento da Museologia e dos domínios científicos e técnicos que a informam, nomeadamente através de reuniões e visitas de estudo, conferências, exposições e publicações e realçar a importância do papel desempenhado pelos museus e pela profissão museológica em cada comunidade e entre povos e culturas.
Todos os anos a APOM atribui Prémios com o objetivo de incentivar e premiar a imaginação e a criatividade dos Museólogos portugueses e o seu contributo efetivo na melhoria da qualidade dos museus em Portugal, sendo também uma forma de dar visibilidade ao que de melhor se faz no âmbito da museologia.

Retirado de www.noticiasdonordeste.pt

Festival Literário de Bragança



De 1 a 4 de junho realiza-se em Bragança, nas salas de exposição do Centro Cultural Municipal Adriano Moreira O Festival Literário de Bragança, que este ano recebe escritores como Rentes de Carvalho e Sérgio Godinho, entre outros.



Retirado de www.noticiasdonordeste.pt 

"Galandum Galundaina e Roberto Leal vão dar voz ao orgulho de ser transmontano"



Galandum Galundaina e Roberto Leal vão dar voz ao orgulho de ser transmontano. O grupo de música tradicional que se tem destacado no panorama da música de qualidade que se faz na região e no país, e o conhecido e internacional cantor conterrâneo dos transmontanos e dono de imensos sucessos discográficos, Roberto Leal, substituem José Cid na Festa da Cereja em Alfândega da Fé, cujo concerto foi cancelado pelo município depois de instalada a polémica com o cantor da Chamusca.
"Face à recente polémica gerada pela divulgação, através das redes sociais, de declarações proferidas por José Cid sobre os transmontanos, a Câmara Municipal de Alfândega da Fé decidiu, por unanimidade, cancelar o espectáculo de José Cid na Festa da Cereja de Alfândega da Fé, agendado para o dia 11 de junho, às 22h30, no âmbito da Festa da Cereja, que se realiza nesta vila transmontana entre 9 e 12 de junho", refere um comunicado da autarquia endereçado às redações dos jornais.
"Não querendo alimentar mais polémicas, fomentar ódios ou comportamentos radicais, o Município entende não estarem reunidas as condições de segurança para a realização do referido espetáculo. No entanto, não pode deixar de manifestar o seu profundo desagrado e estupefação face aos comentários do cantor. O Município considera as referidas declarações lamentáveis e infelizes, fruto do preconceito e de ignorância sobre a história e as gentes de Trás-os-Montes", refere Berta Nunes no mesmo comunicado.
Os responsáveis pelo município de Alfândega da Fé dizem lamentar "profundamente esta situação, agradecendo a compreensão de todos/as e torna público que já tomou todas as diligências para garantir o espetáculo musical de dia 11 de junho. Os Galandum Galundaina e Roberto Leal, transmontanos que amam Trás-os-Montes, vão atuar na Festa da Cereja, substituindo, assim, José Cid".
Mas o assunto ainda não está completamente encerrado já que "a autarquia está a ponderar processar José Cid pelos danos de imagem que são consequência direta das suas declarações. O Município toma boa nota dos pedidos de desculpas públicas do cantor, mas tal não anula os constrangimentos provocados", refe re o mesmo comunicado assinado pela presidente Berta Nunes.
"A Festa da Cereja de Alfândega da Fé é uma das mais antigas festas temáticas do Nordeste Transmontano. É espaço de valorização e promoção do território e afirma-se como momento de celebração da cultura e identidade local e regional. De 9 a 12 de junho o concelho transmontano vai estar em festa e é assim que vai acontecer. Vamos continuar a celebrar e com muito orgulho aquilo que de melhor Alfândega da Fé e Trás-os-Montes têm para oferecer: os produtos locais, a hospitalidade, a genuinidade e força trabalhadora das suas gentes, as suas tradições e cultura", salienta Berta Nunes.
Os responsáveis pelo município apelam ainda para que a população transmontana se junte em Alfândega, de forma a que, com os Galandum Galundaina e Roberto Leal, no dia 11 de junho, na Festa da Cereja de Alfândega da Fé, se celebre "o orgulho de sermos transmontanos!".

segunda-feira, 23 de maio de 2016

“O território do distrito de Bragança não está a saber valorizar a sua riqueza e está a empobrecer à custa da desertificação”




Paola Afonso tem 45 anos e vive em Belleville, Paris. Os pais, naturais de Agrochão, no concelho de Vinhais, emigraram para França na década de 60. Com dupla nacionalidade, desde criança que vem a Portugal, pelo menos uma vez por ano. É professora de espanhol e autora de várias publicações e trabalhos de recolha de tradições. Destaca-se o trabalho “Tesouros de Memórias”, uma recolha de canções populares de Agrochão, que preparou com a ajuda da sua madrinha, Graça Afonso, ou a publicação “Azulejos de Lisboa”. Tem ainda trabalhos na área da fotografia, vídeo e gravura. Em Entrevista ao Jornal Nordeste, a artista fala de como é viver actualmente em Paris e da desertificação de Trás-os-Montes. 

Que diferenças encontra entre o modo de vida actual no nordeste transmontano e na capital francesa?

Em Belleville, cerca de 65 por cento da oferta imobiliária é destinada à habitação social. Aqui não vivem só artistas mas também outras pessoas, incluindo pessoas com dificuldades. Esta mistura torna-se interessante, tendo também em conta a diversidade de nacionalidades que aqui coabitam, já que Paris é uma capital aberta ao mundo.
Enquanto artistas, temos também uma grande visibilidade, o que não é possível em Bragança, já que está na periferia de Portugal. A Bragança falta-lhe este público e este olhar que tem Belleville. E a Belleville falta-lhe o espaço para trabalhar, as condições e qualidade de vida que oferece Bragança.

Bragança sofre, hoje em dia, da desertificação. Os jovens saem desse território, que é um território que não está a saber valorizar a sua riqueza e está a empobrecer à custa da desertificação. 

Bragança sofre, hoje em dia, da desertificação. Os jovens saem desse território, que é um território que não está a saber valorizar a sua riqueza, está a empobrecer à custa da desertificação. 

O que acha que mudou na vida dos parisienses, depois dos atentados terroristas?

Desde os últimos atentados, o ambiente modificou-se. Não posso dizer que se modificou completamente, porque já se tinham notado algumas mudanças, no início do ano passado, com os primeiros atentados. Mas, os de Novembro, foram mesmo um choque emocional, para toda a gente. Cada vez mais, há polícia por todo o lado. Além disso, agora também há muitas manifestações do movimento “Nuit debout” [movimento de manifestantes que teve início em Março, com manifestações contra a lei do trabalho], que protagoniza noites de manifestação na Praça da República, que está próxima de Belleville. Aqui em França, sempre houve uma cultura de manifestação, que nos últimos anos estava bastante apagada. Apesar dos atentados, agora os manifestantes andam na rua e há muita tensão, até porque para o ano há eleições. Paris está um pouco difícil, agora.

Há um clima quente, agora, portanto?

Sim. O que eu noto, em comparação com a França que eu conheci, é que agora os intelectuais não dizem sinceramente o que sentem porque há medo. Já estão as tensões tão fortes e as pessoas a radicalizarem-se, que é melhor, às vezes, não atingir certos temas porque podem ser recuperados e mal compreendidos. O projecto que estamos a fazer com Bragança também abrange um pouco esses temas: o território, a identidade, o movimento… Mas é preciso ter muito cuidado porque, às vezes empregamos certas palavras, que podem ser mal interpretadas. Parece que andamos a falar das mesmas coisas mas não de forma explícita… São temas delicados e perigosos, hoje em dia….

Conhece, certamente, outros portugueses em Paris. Nota que há uma vontade, da parte deles, de regressar a Portugal, depois dos últimos atentados e do clima de instabilidade que se vive, actualmente, na capital francesa?

Os portugueses que conheço cá, são sobretudo da nova onda de imigração, que aconteceu em 2011 e, o que eu noto, é que esses portugueses são muito corajosos, não perdem tempo, trabalham e encontram aqui uma razão de estar. Pode dizer-se que Portugal está na moda, agora, em Paris. Além da exposição de Amadeo de Souza-Cardozo, está em residência durante dois meses na Opera da Bastilha, Tiago Rodrigues, um grande actor português [director artístico do Teatro Nacional D.Maria II, em Lisboa] a falar do poder da arte e como a arte é essencial nas nossas vidas. Fala-se muito nele. É impressionante o impacto que a cultura portuguesa tem hoje em dia, em Paris. Há cada vez mais espaços culturais e recreativos, cafés e casas de chá portugueses, que representam a nossa cultura. Nota-se que, apesar dos atentados, há muitos portugueses que estão a encontrar o seu lugar em França e penso que a França lhes dá essa oportunidade.

Retirado de www.jornalnordeste.com