quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Regresso às origens

Várias vezes aqui referi a minha pequeníssima e, infelizmente, agora, quase deserta aldeia.

Valham-nos alguns resistentes que por ali se mantém. Não foram eles, seria guarida de fauna e flora autóctone, na melhor das situações ou pousio de más intenções na pior das hipóteses.
Sempre que ali vou, retempero-me. Encho os pulmões de ar puro, embebo o olhar em verdes paisagens ululantes dos cantares do rio Tuela a caminho do Tua.

Inspiro-me. Liberto-me e liberto as minhas tristezas escondidas que o mundo não precisa conhecer. Torno-me mais eu, sem subterfúgios, sem máscaras.
Continuo a amar a paisagem mais do que qualquer coisa.
Sinto-me grão daquela seara ancestral, coberta por tantos sofrimentos, alegrias, dores, lágrimas...
Ali nasci. Ali se enterraram os que me tornaram quem geneticamente sou.
Pertenço. Não sou de ninguém, mas sou deste lugar único a que não desprezo mas que abandonei há muitos anos.
Regresso quando posso. Poucas vezes piso este chão de vinhas que a filoxera destruiu. Muitas memórias se perderam e outras se encontram às "Vinhas Velhas" onde, persistentemente, teimam algumas videiras, depois de séculos de absoluto abandono.

Aqui deixo estas imagens de Brito de Baixo, concelho de Vinhais, distrito de Bragança, em Trás-os-Montes, Portugal.
Maria Cepeda

domingo, 28 de agosto de 2016

Quase fim de férias... para quem teve o privilégio de as gozar.

Sim. Estão quase no fim as minhas férias e não fiz nada do que me propus fazer.
Não li o que queria.
Não dormi o que precisava.
Não viajei o que gostaria.
Não me diverti o que merecia.
Não escrevi o que podia...
Mais um ano de trabalho começa e sinto que não deveria começar porque estou cansada de ter férias que não me permitiram descansar, relaxar, esquecer, viver.

Enfim... Queixo-me.
Sei, no entanto, que muitíssimos mais não sabem o significado da palavra FÉRIAS, nem nunca saberão, por motivos tão diversos como a pobreza extrema, a fome que mata, a doença que devora, as catástrofes naturais, os regimes governamentais, os políticos...

Eu fui dos privilegiados que puderam gozá-las.
Não me deveria lastimar.

Maria Cepeda  

sábado, 13 de agosto de 2016

Portugal é lindo!

Tempo de férias, de hipotético descanso, de liberdade controlada...
Mais do que isso, deve ser tempo sem horários, ao sabor da vontade de cada um, anarquicamente organizado.
Andar na praia, molhar os pés, primeiro com parcimónia, não vá a água estar fria. Depois, aventureiramente, atrevidamente, mergulhar em águas calmas e sentir no corpo o frenesim do mar salgado ou da doçura da água do rio vestida de verdura.
Vila Praia de Âncora, Minho, onde me sinto respirar sem contenção.

Aqui ficam algumas imagens.






Fotos de Maria Cepeda

Antes que caia o castelo (Editorial do Jornal Nordeste, 9 de agosto de 2016)




Quem chegar hoje ao castelo de Bragança pode ficar com a sensação de que aquele exemplar único da arquitectura militar, um dos mais belos castelos do país, está em risco de derrocada, o que seria o sétimo selo do nosso destino.O turismo é sempre apresentado como um sector a explorar, um dos suportes do futuro económico do nordeste transmontano. As potencialidades são evidentes, nas diversas vertentes que a indústria do lazer e do enriquecimento cultural pode proporcionar.
Mas, duma vez por todas, é preciso que os que vão (vamos) botando sentença sobre o que deve ser feito, percebam que o turismo a sério pressupõe gente, ocupação activa dos territórios, manutenção das actividades produtivas e, naturalmente, a preservação do património cultural e arquitectónico.
De outra maneira, só poderemos tentar vender a geografia das ruínas, o que terá um público interessado, mas sem os efeitos esperáveis no funcionamento da economia a longo prazo. Na verdade, o turismo tem que ser uma aposta sem hesitações. Não podemos continuar a deixar-nos levar por promessas para o dia de São Nunca, à noite…, disse à noite, de propósito, porque é o tempo em que todos os gatos são pardos e, quando acordarmos, estaremos confrontados com o ermamento(1) sem retorno.
Sabemos que há quem procure a nossa terra para sentir a relação autêntica com a natureza, impossível na maior parte das concentrações urbanas deste mundo, para conhecer sabores além de todos os “plásticos” enfarta brutos, para sentir o pulsar telúrico e as vibrações da festa germinal.
Não temos, assim, que nos render à imitação da vulgaridade. Pelo contrário, precisamos de valorizar o que nos caracteriza e, para isso, não podemos deixar que tudo se dilua na sopa insonsa da globalização.
É urgente a concepção e divulgação de percursos que tragam os visitantes ao contacto com a gastronomia, a etnografia, a música, as práticas da religiosidade e, claro, as grandes marcas do património histórico. Aqui são decisivos os castelos da região, que constituem uma cintura defensiva historicamente marcante, à volta dos quais se desenvolveram importantes núcleos populacionais, que integraram actividades humanas e organizaram o território. É lamentável que ainda não se tenha avançado nesse sentido.
Mais lamentável ainda é que o grande castelo de referência da região, visitado anualmente por dezenas de milhares de turistas, num fluxo que tem crescido significativamente, não mereça a necessária atenção das entidades responsáveis ao nível nacional, permitindo, alegremente, que panos de muralha estejam em degradação acentuada, com múltiplas pedras a desprender-se, o que põe mesmo em causa a segurança de quem por ali circula.
De facto, em múltiplos pontos da estrutura são visíveis pedras com mobilidade, simplesmente desaparecidas ou espalhadas nas imediações, o que constituiu expressão de inadmissível incúria, ao ponto de o presidente da junta de freguesia ter decidido, por conta própria, mandar recolocar os elementos, naturalmente sem o acompanhamento técnico adequado.
Ainda pior: contactados os organismos competentes, ficámos em branco, melhor, no escuro, porque está tudo de férias e incontactável, remetendo-nos para a sua rentrée. Não há nenhuma razão para este descaso e esta displicência relativamente a um monumento nacional, restaurado há 52 anos. Deixar que isto aconteça ao castelo de Bragança é a expressão simples de que, também nós, que temos como referência as suas muralhas, não iremos longe, pelo menos por vontade dos que mandam.
   A não ser que não continuemos mudos, quedos e resignados.

1 – Conceito divulgado por Virgínia Rau, historiadora, para designar o abandono do território no tempo das investidas muçulmanas e contra investidas cristãs, entre os séculos VIII e XII.

Escrito por Teófilo Vaz, diretor do Jornal Nordeste 
Retirado de www.jornalnordeste.com 

Nacional de Trial 4x4 fez subir a adrenalina em Bragança






Adrenalina e muito calor não faltaram na quarta prova do Campeonato Nacional de Trial 4x4 realizada, no domingo, em São Pedro dos Serracenos, Bragança. Alexandre Lemos (Team Serrão) foi o melhor piloto do distrito ao vencer em Super Proto.
Bragança estreou-se em provas do Campeonato Nacional de Trial 4x4. A pista, bastante técnica, montada a dois quilómetros da cidade, em São Pedro dos Serracenos contou co 30 equipas, cinco das quais do distrito de Bragança. O calor não facilitou a tarefa aos pilotos.
Alexandre Lemos (Team Serrão) destacou-se em Super Proto. O piloto de Macedo de Cavaleiros foi o vencedor da classe, apesar dos vários problemas mecânicos que teve durante as três horas de resistência.
“Tivemos três furos, não tivemos comunicação até ao final da prova e desde o início da prova ficámos sem bloqueio à frente. Foi um caos. Tentámos gerir e nas duas primeiras horas tentámos andar com calma, partir daí foi prego a fundo para recuperar lugares”, referiu.
Também em Super Proto, Bruno Cameirão alcançou o terceiro lugar no pódio ao volante do Defender BRxx.
Quanto ao bicampeão nacional, Flávio Gomes (TáBô Team 4x4) terminou na quarta posição em Proto e António Calçada (NordHigiene Team) foi quinto em Extreme.
O grande vencedor, em Bragança, foi Rui Querido. O piloto triunfou em Proto e Absoluto e, agora, tem que vencer as duas etapas que restam do campeonato para se sagrar campeão nacional.
“O ciclo de azares já passou e agora temos que vencer as provas que faltam para chegarmos ao título”, disse o piloto da Tibus Off Road/Ladricolor/STS.
Organização já pensa na prova de 2017
Bragança contrariou a tendência do campeonato no que diz respeito às datas das provas. Por norma em Agosto não há competição devido ao calor, mas máquinas e pilotos acabaram por superar as dificuldades em pista.
Jorge Lima deu, no geral, nota positiva à organização a cargo da jovem Associação TT Sem Limites.
“A prova correu bem e pareceu-nos bem organizada. Claro que se nota que há alguns passos para dar, mas é normal pois a organização é muito jovem. Naturalmente que foi uma grande adaptação para nós, que não costumamos fazer provas nesta altura do ano devido ao calor”, frisou o presidente da Federação Portuguesa de Todo-o-Terreno Turístico, Trial e Navegação 4x4.
Apesar do calor e do pó, que dificultaram aprestação dos pilotos, Fernando Gomes mostrou-se satisfeito com a estreia de Bragança no Nacional de Trial 4x4. O presidente da Associação TT Sem Limites deixou a garantia de a cidade receber novamente a competição em 2017.
“O senhor presidente do município já prometeu que vai haver uma próxima prova. Tenho que dar os parabéns a toda a minha equipa e à autarquia no apoio incondicional”.
A assistir à prova estiveram mais de 3500 pessoas. Um número que agradou ao presidente do município de Bragança. Hernâni Dias não tem dúvidas da importância da prova na “promoção e dinamização do concelho”.
“Este tipo de iniciativas têm sempre um retorno positivo, não só pela dinamização económica mas pela promoção do território”, afirmou o presidente da autarquia de Bragança.
Depois de cumprida a etapa de Bragança restam duas (dia 9 de Outubro em Torres Vedras e 23 de Outubro em Paredes) para terminar o Campeonato Nacional de Trial 4x4 Absoluto. António Henriques segue na frente com 57 pontos, seguido de Bruno Nunes com 50 e Rui Querido com 59.

Jornalista: Susana Madureira
Retirado de www.jornalnordeste.com  

Azibo preparado para os derradeiros jogos do nacional




As finais do Campeonato Nacional de Voleibol de Praia jogam-se mais uma vez na Albufeira do Azibo, em Macedo de Cavaleiros. Atenções viradas para as finais de seniores marcadas para domingo.
Depois da passagem da Volta a Portugal em Bicicleta, no passado dia 30 de Julho, Macedo de Cavaleiros volta a ser o centro das atenções desportivas.
A cidade macedense recebe, a partir de quinta-feira até domingo, o Campeonato Nacional de Voleibol de Praia.
A praia fluvial da Albufeira do Azibo será o palco das grandes decisões com as finais de seniores, sub-20, sub-18 e sub-16 em femininos e masculinos.
A jornada arranca na quinta-feira com escalões mais jovens. Em cada categoria são seis as duplas femininas e masculinas que vão estar em competição.
Os grandes jogos estão reservados para domingo com as finais de seniores.
16 duplas femininas e outras tantas masculinas iniciam os quadros competitivos no sábado, tendo em vista o apuramento para a final.
A dupla Juliana Rosas/Tânia Oliveira, campeã nacional em 2015, parte como favorita já que venceu as quatro etapas realizadas até à final. A última realizou-se em Esmoriz no passado fim-de-semana.
No sector masculino, Januário Alvar e Sebastião Leão foram os vencedores da prova do CNVP em Esmoriz
Em 2015, a dupla Rui Moreira/João Simões sagrou-se campeão nacional em Macedo de Cavaleiros.
Lotação esgotada na hotelaria e restauração
O Voleibol de Praia já conquistou definitivamente os macedenses e os visitantes. Se nos dois primeiros anos houve grande dificuldade para trazer público aos jogos, actualmente as quadras de jogo montadas na Praia da Ribeira enchem e o público vibra com cada jogada, tendo já os seus preferidos na modalidade.
“Agora as bancadas estão sempre cheias. Vem muita gente de fora do concelho, do distrito, da região transmontana para assistir aos jogos”, refere Duarte Moreno, presidente do município macedense.
O impacto na economia do concelho é grande. O voleibol de praia é já um bom cartão de visita de Macedo de Cavaleiros.
“O retorno é extremamente positivo. A capacidade hoteleira está esgotada tal como a nível da restauração”, conta o presidente.
A partir de quinta-feira até domingo, 126 atletas dos escalões de sub-16, sub-18, sub-20 e seniores, em femininos e masculinos, vão discutir o título nacional de voleibol de praia na Albufeira do Azibo, em macedo de Cavaleiros.

Jornalista: Susana Madureira
Retirado de www.jornalnordeste.com  

Risco de ruína das muralhas leva a intervenção ilegal da Junta de Freguesia




Para evitar ferimentos nos turistas e degradação do património, a autarquia fez pequenas reparações nas muralhas, recebendo algumas críticas que punham em causa a forma como a recuperação foi feita.

Há pedras que têm vindo a cair das muralhas do castelo de Bragança, colocando em risco não só a manutenção da estrutura mas também a segurança de quem por lá passa. O presidente da União de Freguesias da Sé, Santa Maria e Meixedo, assegura que já há vários meses alertou para a situação, “tanto da queda de pedras, como do mau estado dos sanitários e ainda da falta de iluminação na cidadela”, junto da Direcção Regional de Cultura do Norte e do Município de Bragança, que terão sido em vão.
Farto de ver as pedras a cair, decidiu fazer pequenas reparações nas muralhas, recorrendo a trabalhadores da autarquia, mesmo não tendo técnicos especializados na manutenção do castelo (que inclui as muralhas), classificado como Monumento Nacional desde 1910. “Estamos sujeitos a que nos digam alguma coisa e cá estaremos para responder perante as acusações que nos possam fazer por termos feito essas intervenções mas, se o fizerem, a pergunta que eu farei será ‘e vocês o que é que fizeram para que não se degradasse o património?’ Essa é que é uma questão também necessária de se colocar”, frisou o autarca José Pires.
O presidente da União de Freguesias garante que as intervenções nas muralhas tiveram “a melhor das intenções”, sublinhando que “é melhor ter problemas por ter feito uma intervenção e ter preservado aquele património do que caia uma pedra na cabeça a um turista e o mate ou fira”. José Pires lamenta aquela que considera uma falta de interesse das entidades com competências na gestão deste património.”Ainda há muito trabalho a fazer e temos muita pena que o castelo seja o nosso maior tesouro e a Direcção Regional de Cultura do Norte simplesmente olhe para o outro lado e assobie. Temos o castelo com as muralhas muito degradadas, a cair e espero que não haja nenhum acidente mas a haver um acidente será algo trágico”, acrescentou.
José Pires, lembra ainda que, há cerca de oito anos, altura em que era secretário da antiga Junta de Freguesia de Santa Maria, também a Domus Municipalis foi intervencionada, graças à persistência da autarquia. “A Domus foi recuperada graças à Junta de Freguesia, que conseguiu arranjar um mecenas, neste caso o banco Caja Duero que contribuiu com 12 mil e 500 euros ”, recordou.
Ainda segundo o autarca, as pequenas intervenções nas muralhas começaram já no início deste ano. Depois de algumas críticas e partilhas de fotografias das muralhas reparadas nas redes sociais, questionando a forma como foram as intervenções foram feitas, a União de Freguesias decidiu verificar se era legítimo continuarem com as pequenas obras. “Pedimos um parecer aos nossos juristas sobre se podíamos ou não intervencionar a zona histórica do castelo e a resposta foi clara: não é um equipamento da União de Freguesias, por isso não podemos fazer qualquer obra. As obras de conservação do castelo e de todo esse património são da responsabilidade da Direcção Regional de Cultura do Norte e da Câmara Municipal de Bragança”, esclareceu, acrescentando que decidiram então terminar as reparações.
O autarca referiu ainda que há algumas intervenções que considera que estão “menos  bem” mas que não são da responsabilidade da União de Freguesias mas sim de trabalhadores do Museu Militar. No entanto, fonte do Museu referiu ao Jornal Nordeste que apenas foram feitas pequenas reparações dentro das muralhas que circundam o forte onde está situado o museu, nomeadamente, em duas portas que foram pintadas e uma pedra recolocada nas escadas de forma a “garantir condições de segurança aos turistas”.
Segundo apurámos, existe um protocolo entre o Museu Militar e o Município de Bragança, sendo que o Município é o responsável pelas intervenções que não colidam com a manutenção do património histórico. É o caso dos sanitários públicos.
Depois de vários apelos da União de Freguesias da Sé Santa Maria e Meixedo de alguns brigantinos terem partilhado nas redes sociais fotografias do mau estado de conservação destes equipamentos, o Município procedeu a obras nos sanitários, sendo que os da Rua de S. Francisco já estão a funcionar. No entanto, os sanitários mais próximos do castelo, situados na Rua da Cidadela, estão nesta altura fechados para obras, o que causa constrangimentos aos turistas. “A União de Freguesias alertou muito atempadamente para o estado de degradação das casas de banho e soa gora é que estão a ser intervencionadas”. 
O Jornal Nordeste tentou ouvir o presidente do Município de Bragança, Hernâni Dias, no âmbito desta reportagem, que não quis, no entanto pronunciar-se sobre estes assuntos.
Já a Direcção Regional de Cultura do Norte e a Direcção - Geral do Património Cultural, responsáveis pela conservação e restauro dos monumentos, remeteram esclarecimentos para mais tarde já que os respectivos responsáveis por estes assuntos se encontram em período de férias. Fotos Hélder Pereira. 

Jornalista: Sara Geraldes