sábado, 31 de janeiro de 2015

OS LIVROS COMO SALVAÇÃO

Excerto de biografia que escrevo sobre Amadeu Ferreira (13)

Foi muito importante o contacto de Amadeu com as bibliotecas itinerantes, que outras não havia ali. «Por volta da minha 2.ª classe foi quando apareceram, pela primeira vez, as carrinhas da Gulbenkian a distribuir os livros. Ficava na Praça e nós íamos levantar livros para ler. A princípio, com grande curiosidade, não sabíamos como é que aquilo funcionava. O funcionário da Gulbenkian só nos deixava levar três livros a cada um. Fiquei muito desconsolado, porque queria levar mais. Levei os três livritos e nesse dia, ao fim da noite, já os tinha lido todos. A partir daí, eles iam lá todos os meses, passei a adoptar um esquema diferente: os colegas da minha rua iam comigo e requisitavam livros para mim. Cada um requisitava três e eu é que os lia. Juntava aos vinte e aos trinta livros, que eu lia logo, muito depressa. Era uma voracidade de leitura muito grande. Era quase um leitor compulsivo, a tal ponto que, se pudesse não fazer outra coisa, não fazia. E ainda hoje é assim.» Eram sobretudo livros de histórias, como o Pinóquio e outras histórias clássicas para crianças, desde os irmãos Grimm até o H. C. Andersen e outros. Lia-os todos mais do que uma vez, levava-os para o campo e aproveitava todo o tempo para ler, nomeadamente quando ia apascentar os animais, em que o trabalho era apenas de vigilância. «Às vezes queria levar uns grandes, mas eles não deixavam. Via a capa, parecia-me um título sugestivo e levava assim indiscriminadamente. Foi a partir daí que eu me tornei um leitor compulsivo, com a ajuda dos meus colegas. »
O analfabetismo assumia elevadas proporções e diríamos que esse quadro negativo aumentou a motivação de Amadeu para o romper. A mãe não aprendeu a ler, situação que era também a da mãe dela e a do pai. Quanto aos irmãos de Albertina, o Manuel fez a 3.ª classe na tropa, a Francisca, que também não aprendeu a ler, emigrou para Sevilha, onde veio a falecer de leucemia, deixando aí três filhos - Abílio, Manolo e Ana, que se dedicaram a uma agricultura moderna. A Maria que fez a 4.ª classe, lia bem e era a escrevedora de cartas no Bairro Alto, em Sendim. Do lado da família da mãe o analfabetismo vem do fundo dos tempos. Do lado da família do pai a situação não era diferente, pois ele e outro irmão , o José, que foi GNR, de seis, foram os únicos a fazer a 4.ª classe. Tudo isto revela a política de obscurantismo da educação do Salazar, e o respectivo impacto em relação ao país e ao seu crónico atraso.
As dificuldades económicas desde cedo o motivaram para conhecer outros mundos. «Os livros foram uma das coisas mais importantes na minha vida e desde muito cedo me apercebi da sua magia. Traziam mundos novos, gente nova, fomentavam a imaginação, o sonho, a diferença em relação ao meu dia a dia, sem intermediários, eles próprios erguidos em verdadeiros professores, um espaço de liberdade sem limites. Ao longo da minha vida, os livros foram talvez o único “vício” permanente de que nunca me consegui livrar, nem quero. Com eles criei uma relação de cumplicidade, de intimidade, de fonte de prazer, sem o qual seria difícil ou mesmo impossível, explicar e perceber muitas das minhas atitudes.»
Las Cuntas de Tiu Jouquin inclui o conto « Un cierto cheiro a doces» que fala da entrada do menino Jesé (o segundo nome de Amadeu ), na Biblioteca Itinerante Calouste Gulbenkian:“ Tanto libro! Quien me dera tener assi ua carrada de libros”. «Talvez devido ao pó, e à forma como o papel envelhece e cheira, à medida que ia lendo os livros sentia aquele cheiro absolutamente extraordinário. Isso ficou comigo.» O incentivo pelo saber, pela importância do conhecimento é-lhe transmitido quer pelo pai, quer pela mãe, apesar de analfabeta ou por isso mesmo. “Tu estuda! Tu sê esperto para a letra! Tu sai deste mundo, que este mundo é um mundo triste e desgraçado! Vai à procura de outro mundo, mas, para isso, tens de estudar e muito!”.


Escrito por Teresa Martins Marques 

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Incapacidade

se virmos bem
não somos coisa alguma
nem breve brisa
na orla indefinida do mar
que amo

crer que sou algo
ou alguém
confirmaria a incapacidade
latente
de acreditar que posso
sempre
com margens indistintas
como o mar
insistir
em cantar as lágrimas 
de quem nele adormeceu
e acreditou
que havia de o atravessar

atravessei-o
uma e outra vez
sem saber se o mar 
algum dia me dirá
o que eu quero saber


Maria Cepeda

FAZER A REVOLUÇÃO

Excerto da Biografia que escrevo sobre Amadeu Ferreira (11)

A vida de militante em Trás-os-Montes foi um período de grande sacrifício, de grande empenhamento, de grandes dificuldades. Ainda hoje a mãe refere, com muita pena, esse tempo da militância na UDP. Aquele não era o destino que ela tinha previsto para o filho tão inteligente e excelente aluno. A pobreza desse tempo contada por Amadeu é qualquer coisa que sai fora do nosso horizonte e que mais se assemelha à vida monástica. «Em 1977 tirei a carta e tive o meu primeiro carro da organização, um Renault 4, mais velho que Matusalém, que só pegava de empurrão e que de 20 em 20 km tinha de levar um balde de água no radiador senão ardia. De tempos a tempos, regressava para reunir com a célula de Sendim, para lavar roupa, para comer alguma coisa, muitas vezes andava cheio de fome, sempre roto e esfarrapado. Não tenho eira nem beira, nem roupa para vestir, nem sapatos para calçar, nem nada. A minha mobília é um saquinho de plástico que anda sempre comigo. Eu transporto dentro desse saquinho de plástico alguma roupa, normalmente suja, para ir mudando. Não tenho poiso certo. Em Vila Real, muitas vezes não tenho dinheiro para comer, não tenho sítio onde comer. Há algumas pessoas que de alguma maneira vão ajudando, porque a própria organização não tem dinheiro para pagar. Muitas vezes chegava ao fim do dia, ao fim da tarde e não sabia onde havia de ir jantar, nem sabia onde havia de ir dormir. Nós tínhamos uma sede na Vila Velha que era uma casa a cair de podre e muitas vezes dormia para lá em cima de um banco. Naquela altura achava que tudo aquilo fazia parte da militância, fazia parte da endurance revolucionária. Não tinha depressões, não tinha tristezas, o que era preciso era andar para a frente, pois fraquejar era um vício pequeno-burguês. Aquela disciplina que adquiri no seminário, e a disciplina militar, aquela capacidade de domínio e força de vontade, revelou-se ali de uma importância extraordinária para conseguir aguentar aquele tipo de situações.» Tudo isto toca as raias do inacreditável. Pergunto-me como poderia uma organização lutar pela melhoria das condições de vida do povo, tratando tão mal os seus funcionários políticos?


Escrito por Teresa Martins Marques

O 25 DE ABRIL CONTADO NOS EPISÓDIOS CARICATOS.... O FIO DAS LEMBRANÇAS (10)

(Excerto da Biografia que escrevo sobre Amadeu Ferreira)

«- A missão que nós vamos dar-vos é uma missão fácil: vão ocupar o Quartel-General da Legião Portuguesa.
- É pá, mas isso pode ser complicado, pode estar cheio de legionários e tal…
- Vocês tratem disso, resolvam esse problema, mas antes de irem ao Quartel-general vão ao 3º Batalhão da Legião Portuguesa.
- Onde é que é o 3º Batalhão da Legião Portuguesa?
- Oh, pá, não sei! Descubram. É ali para os lados do Campo Pequeno, na Rua António Serpa.
E lá vamos nós. Enchemos umas camionetes de soldados, que eram cozinheiros, estropiados, gente que não sabia como é que se disparava uma arma e que era preciso ter cuidado com eles e lá vamos nós. O Santa Clara Gomes, o Paula Ferreira e eu a comandar aquela tropa fandanga, mais alguns oficiais que se foram juntando, e lá vamos nós ao quartel do 3º Batalhão da Legião Portuguesa, que ficava num terceiro andar, mais tarde transformado numa sede do Partido Comunista.
Era complicado subir até ao terceiro andar. Então lá usámos aqueles métodos que tínhamos aprendido nos manuais, de subir por lanços de escadas, sempre junto à parede. Quando lá chegamos, tocamos à porta e aparecem-nos dois velhotes, já com bastante idade e um fulano madeirense, completamente borrado de medo.
Quando nos viram, disseram-nos logo: “nós entregamo-nos, nós não queremos saber de nada, o que é que querem que a gente faça?”. E nós, sim senhor, perguntámos se tinham armas, desarmámo-los e prendêmo-los. Tínhamos carrinhas, em baixo, à espera e mandámo-los para Caxias. Quando as pessoas se aperceberam que havia militares naquele quarteirão, juntaram-se ali à porta e queriam matar os homens e nós não os deixámos linchar e lá os levámos para Caxias.
A esse fulano madeirense perguntámos-lhe onde eram os outros quartéis da Legião Portuguesa, que nós queríamos ocupar esses quartéis. Que sim, que podíamos ir ao Quartel-General na Penha de França. Telefonámos para a Cova da Moura e ainda ninguém tinha ocupado o Quartel-General da Legião Portuguesa, porque não tinham achado importante. Requisitámos uma Chaimite, fomos para o Quartel-General e entrámos por ali a dentro. Aquilo já não tinha praticamente ninguém e ficámos ali.
Desse 3º Batalhão da Rua António Serpa trouxe como recordação um cinzeiro de mármore, era assim uma espécie de velhote do Restelo que há-de andar por aí. E também um casse-tête que eles tinham na Legião Portuguesa, que também andou muito tempo lá por Sendim e, entretanto, desapareceu.
Aquilo, não tinha nada de importante. Apareceram os jornalistas a querer noticiar e nós lá demos notícias do que fizemos. No dia seguinte lá estavam as parangonas nos jornais, “Militares ocupam a Legião Portuguesa.” O Santa Clara Gomes disse “Puto, o teu nome não vem cá, pá, não deste o teu nome? Devia vir cá o teu nome! “É, pá, não quero saber, quero lá saber do meu nome para alguma coisa!
E então diz o Santa Clara Gomes “Ó pá não estamos aqui a fazer nada, pá, estamos aqui a ocupar este terceiro andar, pá, aqui não acontece nada, pá, temos que fazer mais qualquer coisa, vamos à Cova da Moura pedir outra missão, pá!”.


Escrito por Teresa Martins Marques

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Desígnio

não é dia de fugas
nem devaneios
é tempo de agir
correr, sentir 
o vento no cabelo
a água na testa
o cansaço nas pernas
a pontada no peito
a vontade de ser nada

e olhar
a paisagem que acontece
a solidão que grassa
bela como o castanheiro 
vestido de verão
ou inverno
primavera, 
outono talvez
num campo descampado

nada mais importa
abriu-se aquela porta
a certa
que apenas mostra
a certeza de apenas ser
o que se é
sem rodeios
e o tempo apenas passa
como nuvem que já choveu


Maria Cepeda

Agrupamento de Escolas Emídio Garcia - no lançamento do livro da AJUDARIS

Neste sábado, na Escola Superior de Educação de Bragança, realizou-se o lançamento do livro "Histórias da AJUDARIS'14", com a participação de várias escolas do distrito de Bragança.
Aqui alguns alunos do Centro Escolar da Sé durante a sua atuação.

A exposição das ilustrações constantes nos livros. Excelente!
 Convém dizer que este livro tem como finalidade ajudar crianças com necessidades de toda a ordem, através do apoio às instituições que as acolhem.


A equipa das BE do agrupamento Emídio Garcia, acompanhada pelo diretor, um membro da direção e o ilustrador José Amaro, responsável pela ilustração do texto do Centro Escolar da Sé

Maria Cepeda

O FIO DAS LEMBRANÇAS (9)

(Excerto da Biografia que escrevo sobre Amadeu Ferreira)

«Acompanhávamos, através do Santa Clara Gomes, o Movimento das Forças Armadas, que na altura ainda não sabíamos que se chamava Movimento dos Capitães, e íamos falando no bar, enquanto bebíamos uns copos, uns uísques e jogávamos umas cartas no bar de oficiais. No dia 24 de Abril o Santa Clara Gomes diz-me: “Tu vais ficar de Oficial de Prevenção, vai ser esta noite e o teu papel é prenderes o Oficial de Dia”. Nós tínhamos uma missão pequena, porque não tínhamos tropas operacionais e por isso não fazíamos parte do núcleo central do 25 de Abril. Eu sou escalado para ficar de Oficial de Prevenção, o Oficial de Dia era o tenente França, do serviço geral, que eram aqueles oficiais que eram promovidos a partir de sargentos. Não eram milicianos, nem da Academia Militar, faziam parte do serviço geral. Quando chegasse a hora certa, a minha função era dizer ao tenente França: “Passa-se isto… Você adere ou não adere? Adere, muito bem. Não adere, está preso”. Era basicamente isto. O Capitão Santa Clara Gomes, nessa noite, ficou no quartel, juntamente comigo. Estávamos sossegados, não havia nada para fazer como Oficial de Prevenção. Eu passava o tempo no bar, tínhamos de estar acordados toda a noite, estivemos a jogar às cartas, a conversar e à espera que o tempo passasse.» Havia um terceiro envolvido, o Alferes Paula Ferreira, que tinha vindo mutilado da guerra colonial. Tinha estado em Moçambique, na zona do Niassa e trazia consigo o Cancioneiro do Niassa. «Em certas noites no bar de oficiais cantávamos as canções do Cancioneiro do Niassa. Muitas dessas canções eram de revolta, acompanhadas à viola pelo Paula Ferreira.» O Cancioneiro ataca a instituição militar, as hierarquias, dentro do espírito de protesto contra a guerra, em canções como o “Soldadinho”, poemas do Reinaldo Ferreira “Fui um dia ter com Deus / à taberna do diabo / entre Cristãos e ateus / fizeram de mim soldado”. Termina com este verso: “Todos me chamam herói / ninguém me chama Manuel / quem quer uma cruz de guerra / que eu já não volto ao quartel”.
«O Santa Clara Gomes tinha-me dito: a primeira senha vai ser “E depois do adeus” e a partir daí significa que o movimento se iniciou, se desencadeou e nós vamos estar atentos até que seja cantada a “Grândola Vila Morena”. Nós tínhamos o aparelho sintonizado nos Emissores Associados de Lisboa e às 22 h e 55 o Paulo de Carvalho começa a cantar “E depois do adeus”, a primeira senha da revolução. Olhámos uns para os outros: “isto está em marcha”.» Estão preparados, sabem o que têm de fazer e à meia-noite e vinte minutos ouvem o Zeca Afonso a cantar “Grândola Vila Morena”, na Rádio Renascença, ou seja a segunda senha da revolução, posta no ar pelo jornalista Carlos Albino. «Nós explodimos de contentamento, tínhamos uma garrafa de espumante guardada no frigorífico do bar de oficiais e abrimo-la. Tínhamos o retrato do Marcelo Caetano e do Américo Tomás nas paredes do bar, orientámos a rolha para lá e depois deitámos os retratos ao chão. Em seguida, dirigimo-nos ao tenente França que era o Oficial de Dia, e que não estava no seu posto de Oficial de Dia. Andava a passear entre os caixotes da parada. O Capitão Santa Clara Gomes e eu fomos ter com ele, explicámos-lhe a situação: “entregue-nos a sua pistola”. O homem ficou tão cheio de medo que entregou logo a pistola e disse que não queria saber de nada, que fazia tudo o que nós quiséssemos e a nossa tarefa ficou facilitada. Continuámos a ouvir a rádio até de madrugada. Ouvimos o primeiro comunicado “Daqui Posto de Comando das Forças Armadas”. Sabíamos do quartel de Engenharia da Pontinha, mas desconhecíamos que havia dois quartéis perto do Depósito Geral de Adidos, que não tinham aderido ao 25 de Abril. Era o Quartel de Cavalaria 7, ao fundo da Calçada da Ajuda, que de madrugada se confronta com o Salgueiro Maia, ali na zona da Junqueira, e Lanceiros 2, ou seja, a Polícia Militar que ficava paredes meias com o Depósito Geral de Adidos. Passámos a noite a ouvir os comunicados do Comando das Forças Armadas. Tínhamos cumprido a nossa missão com êxito e aguardávamos a excitação do dia seguinte, com os soldados todos na parada a discutir se o golpe vence ou não vence. Não havia informação e o 25 de Abril passou-se praticamente nesta expectativa e eu continuei como Oficial de Prevenção. O Santa Clara Gomes dizia “puto, vamos ter que arranjar uma missão, pá, porque nós não podemos ficar aqui fechados!”

Escrito por Teresa Martins Marques

O FIO DAS LEMBRANÇAS (8)

(Excerto da Biografia que escrevo sobre Amadeu Ferreira)

No dia 16 de Março tudo muda. «Nesse dia, estou de serviço de Oficial de Prevenção e aparecem-me lá com uma série de oficiais presos, na patente de Capitão, Major.» Eram os militares que tinham chefiado o Golpe das Caldas. «O Depósito Geral de Adidos era uma tropa fandanga, que até metia medo só de pôr aquela gente a disparar, porque não sabiam se a arma disparava para a frente se disparava para trás, mas por força das circunstâncias tornou-se um centro dos acontecimentos e eu vi-me envolvido, com essa gente no 16 de Março. » Amadeu não tinha tido qualquer informação prévia sobre o Golpe das Caldas, ao contrário do 25 de Abril, sobre o qual estava informado. « Eu sabia que ia acontecer o 25 de Abril, o oficial de ligação do MFA, no Depósito Geral de Adidos, tinha-me contactado para eu fazer parte do apoio. Eu aderi imediatamente, mas nunca participei em reunião nenhuma, era um oficial miliciano aspirante ainda novito e portanto tinha que ser mantido à distância. No entanto era um puto reguila, falador, e puxavam-me para o lado deles.»
O Oficial de ligação do MFA, no Depósito Geral de Adidos era o Capitão Santa Clara Gomes. « Um madeirense ferido de guerra, um homem dos copos, que desde que saí da tropa não voltei a ver, com quem fiz uma grande amizade e que eu gostava de voltar a ver. Era o oficial de ligação e dizia-me “puto vamos lixar esta merda toda, tás connosco, vamos embora !”. Estes oficiais do 16 de Março, como é sabido, anteciparam-se, eram oficiais spinolistas que não estavam devidamente enquadrados no movimento, mas de alguma maneira tinham tomado a liderança e precipitaram a saída dos militares do Quartel das Caldas. Juntamente com essa gente vêm outros oficiais efectivamente ligados ao 25 de Abril e são todos desterrados para os Açores.» É Amadeu, enquanto Oficial de Prevenção, coadjuvando o Oficial de Dia, que os mantém sob prisão militar e os acompanha ao avião para os Açores.
«Eu e o Oficial de Dia temos a função de os receber, de os manter ali, de conversar com eles. Havia pelo menos um ou dois que tinham passado lá pelo quartel e somos nós que os acompanhamos que os encaminhamos ao avião e que os enviamos para os Açores. Isso acontece durante uma noite, enquanto eles estão ali sob prisão militar. A partir de então torna-se seguro que o 25 de Abril vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, e nós sabíamos que aqueles oficiais estavam integrados num movimento mais amplo, que viria a dar os seus frutos.»


Escrito por Teresa Martins Marques

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

IPB é a melhor instituição do país em quatro itens de um ranking de excelência feito a nível mundial

Numa das categorias em apreço, o Instituto Politécnico de Bragança aparece mesmo em sétimo lugar a nível mundial entre as instituições de ensino superior. Foi a melhor classificação de sempre do IPB, que desde há quatro anos tem conseguido posições de destaque.

O Instituto Politécnico de Bragança consolidou a sua posição de referência no Ensino Superior em Portugal em 2014.
Depois de já ter sido considerado, no ano passado, pela União Europeia, como o melhor Politécninco do país, um novo ranking, que mede a taxa de excelência em várias áreas, elaborado por uma das mais conceituadas empresas do género, considerou o IPB a melhor instituição portuguesa de Ensino Superior em quatro áreas: Impacto Tecnológico, Excelência, Excelência com Liderança e Impacto Normalizado.
O SCImago Research Group é um grupo de investigação que se dedica à análise e à avaliação da informação mantida em grandes bases de dados científicas (SCOPUS).
O ranking SIR tem por objetivo avaliar a atividade de investigação, com impacto a nível mundial, tomando como referência as publicações científicas das instituições e o número de citações recebidas.
Para o presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, este é mais um motivo de orgulho e provoca, desde logo, dois impactos.
“Por um lado, um impacto interno, porque deixa os investigadores do Politécnico com autoestima elevada. É um incentivo para se conseguir sempre, se não for melhorar, ficarmos numa posição cimeira no panorama científico nacional. Conseguir, neste panorama, estar em primeiro lugar em quatro indicadores, é único em Portugal.
Depois, há um impacto externo na imagem da capacidade instalada que existe dentro do IPB e o ajudar a desmistificar que tudo aquilo que está ligado à interioridade ou ao próprio sistema politécnico não pode ser bom.
Temos uma instituição que está no mais Interior de Portugal e consegue estar nos rankings cimeiros da investigação, fazendo muito do que é a sua missão, que é a investigação aplicada, com impacto direto na comunidade”, sublinhou, em declarações ao Mensageiro.
Já Luís Pais, vice-presidente do IPB, explica que este ranking tem índices bastante diferentes, “uns mais absolutos, que têm a ver com o número de publicações, e outros mais relativos”.
“Obviamente não podemos comparar uma instituição de 300 investigadores com uma com 30 mil. Nos últimos anos, o IPB tem tido posição de destaque, sobretudos nos índices relativizados à qualidade da investigação”, frisa.
Esta é mesmo a “melhor posição de sempre”. “É uma performance que se mantém há quatro anos e tem vindo a melhorar”, diz.
Segundo explicou, “os índices que têm a ver com impacto e aceitação”. “Temos de ter capacidade de publicar em revistas conceituadas e, dentro dessas publicações, ter um impacto muito forte”, afirma Luís Pais, que destaca o efeito “motivacional” que pode produzir nos docentes e investigadores da instituição.
Mas o maior destaque desta avaliação vai mesmo para o item de Impacto Tecnológico, que mede o número de vezes que os artigos científicos produzidos por investigadores do IPB são citados nos pedidos de patentes a nível mundial.
Uma avaliação que deixa a instituição do Nordeste Transmontano em sétimo lugar entre as suas congéneres de todo o mundo.

Trabalho conjunto com as empresas
Uma produção científica de relevo que pode ser aproveitada pelas empresas da região, apesar de o Nordeste Transmontano apresentar um tecido empresarial débil. “Há uma obrigação conjunta. Não temos um tecido empresarial muito pujante. Há coisas referentes ao ramo agrário que têm mais a ver com a região. Aí está-se a conseguir esse retorno”, frisa Sobrinho Teixeira.


Por: António G. Rodrigues
Retirado de www.mdb.pt

Investigadora da ES Agrária destaca-se a nível mundial

Isabel Ferreira subiu quatro posições em ranking mundial e está em 46º lugar entre mais de 4300 investigadores de todo o mundo na sua área.
Um dos rostos do sucesso da investigação do Instituto Politécnico de Bragança é o de Isabel Ferreira.
A investigadora do Centro de Investigação de Montanha do IPB trabalha, essencialmente, na química alimentar e na última revisão trimestral do Essential Science Indicators da ISI Web of Knowledge da Thomson Reuters subiu quatro posições, estando, agora, no 46º lugar entre 4345 investigadores analisados a nível mundial. É mesmo a primeira investigadora portuguesa a aparecer no ranking.
O Prof. José Alberto é outro investigador da Escola Superior Agrária De Bragança a aparecer e posiciona-se em 84º no ranking.
Este ranking contabiliza as citações totais, o número de artigos produzidos e as citações por artigo em revistas de referência.
Para mim representa um reconhecimento da qualidade da investigação que fazemos. Quando um artigo é muito citado significa que é muito lido e utiliza metodologias de referência, que acabam por ser citadas por outros autores.
Quando começamos a fazer investigação não pensamos nos rankings mas em divulgar os resultados da nossa investigação. A segunda lógica é escolher as revistas de maior impacto em todo o mundo. E, se tivermos um destaque mundial, ainda melhor”, disse ao Mensageiro Isabel Ferreira.
A investigadora trabalha na área da química de produtos naturais, sobretudo na aplicada à área alimentar e alguns na área farmacêutica.
“Na prática, estudamos matrizes da nossa região, sobretudo cogumelos, plantas medicinais e aromáticas, e frutos secos. Fazemos caracterização química e nutricional e tentamos identificar compostos que tenham valor acrescentado provenientes destas matrizes. Identificamos novos compostos, isolamo-los e fazemos aplicações na área alimentar, nomeadamente com aditivos naturais para substituir os químicos, como conservantes. O objetivo é tirar partido dos aditivos naturais”, explicou.

Por: AGR
Retirado de www.mdb.pt  

Bispo da diocese Bragança-Miranda preocupado com a solidão dos idosos

A solidão em que vivem muitos idosos nas aldeias do Nordeste Transmontano preocupa o bispo da Diocese Bragança-Miranda. D. José Cordeiro já visitou 357 comunidades em pouco mais de três anos e encontrou problemas sociais que, para o bispo da Diocese Bragança-Miranda, não se resolvem apenas com dinheiro.

“Sinto se por um lado há os bens materiais que podem ir ao encontro das necessidades reais das pessoas, por outro lado há muito a fazer porque a maior necessidade e a maior pobreza é a solidão, é o isolamento, é até a falta de sentido para a vida e isso não se resolve apenas com dinheiro. O dinheiro é importante, mas há muito mais vida para além do dinheiro”, salienta o prelado. D. José Cordeiro assegura que as instituições estão a fazer um bom trabalho, mas não conseguem dar resposta a todas as situações. Por isso, cabe também à família e vizinhos ajudar quem precisa. “As instituições e as pessoas que têm uma sensibilidade maior e até no nosso caso da Igreja, as Fundações canónicas, as Misericórdias, os Centros Sociais e Paroquias, a Cáritas, estão a fazer obras grandiosas, mas não chegam a todos e às vezes estão aquelas pessoas que são nossos vizinhos, que estão ao nosso lado, e nós esquecemo-nos. E até podemos contribuir para uma campanha mundial, para África ou para os países que necessitam e bem, e esquecemo-nos daqueles que estão ao nosso lado e até pode ser da nossa família, acontecem casos desses”, constata D. José Cordeiro. O bispo da Diocese Bragança-Miranda defende que há ainda um longo caminho a percorrer para combater os interesses instalados, sobretudo na área da acção social. “Há muitos interesses instalados e sobretudo no campo da acção social e caritativa, a economia social pode levar os mais distraídos a olhar aquilo como uma empresa e deixar de ser uma casa onde tem pessoas que precisam da nossa ajuda, não apenas material, mas espiritual”, realça o bispo da Diocese Bragança-Miranda. Declarações do bispo da Diocese de Bragança-Miranda, no passado sábado, à margem do encontro que promoveu com os jornalistas para assinalar o dia do padroeiro da classe, que é S. Francisco de Sales. D. José Cordeiro aproveitou a ocasião para divulgar que desde que chegou à Diocese, em Outubro de 2011, já visitou 119 paróquias e 357 comunidades, e no próximo ano espera concluir a visita às 326 paróquias e 634 comunidades da Diocese de Bragança-Miranda.

Escrito por Brigantia.
Retirado de www.brigantia.pt

Escolas e associações de Bragança participam em livro da Ajudaris

Cerca de 30 escolas públicas e privadas e associações de Bragança participaram na elaboração da última edição do livro “Histórias Ajudaris”, promovida por esta associação particular de carácter social e humanitária de âmbito nacional.

Trata-se de uma iniciativa de incentivo à leitura, à escrita, com uma componente solidária. A obra, criada pelos mais pequenos, foi apresentada este sábado, em Bragança. A directora da Ajudaris, Rosa Vilas Boas, salienta que este projecto uniu crianças e artistas de todo o País. “É uma obra colectiva, com histórias criadas por crianças de Bragança e de todo o País, e artistas alguns também de Bragança. Cerca de sete mil crianças e 200 artistas a nível nacional, que abraçaram esta iniciativa, que pretende promover o gosto pela escrita, pela leitura e principalmente pela solidariedade”, realça a responsável. Quem comprar este livro, que este ano é dedicado ao Ambiente, contribui para ajudar crianças carenciadas. “As receitas do livro contribuem para o crescimento do projecto e ao mesmo tempo para apoiar crianças e famílias carenciadas a nível nacional. Embora nós neste momento estamos mais focados no Norte e no Hospital da Estefânia em Lisboa. São as escolas que indicam as crianças que precisam da nossa ajuda e nós através dos professores ajudamos essas mesmas crianças, seja com material escolar, seja bens alimentares, seja vestuário”, explica Rosa Vilas Boas. A apresentação do livro, que decorreu na Escola Superior de Educação de Bragança, contou com encenações de crianças de escolas e jardins-de-infância do concelho sobre o tema das histórias: o Ambiente.

Escrito por Brigantia.
Retirado de www.brigantia.pt

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O OURO E A VELHA, por José Mário Leite

Em Junho de 1974 eu tinha dezassete anos e pouco sabia de mim. Descia a rua Almirante Reis até à Praça da Sé e entrava no Chave d’Ouro para tomar café. O Ernesto acolhia-me com um estranho sorriso “Então meu velho?” e o Alcides atirava-me um aceno. No centro da mesa, aberto, o Mensageiro de Bragança a que familiarmente
nos referíamos apenas como O Mensageiro. Fazia nesse ano 34 anos de existência (o dobro da minha vida) mas para mim existia desde sempre. Desde que me conhecia.
 A Praça da Sé era, nessa altura e desde sempre também, jurava eu, o centro do mundo. O Chave d’Ouro era o Sanctum Sanctorum, ladeado pelo juvenil Cruzeiro e pelo maduro Flórida. Era no Chave d’Ouro que se reunia a trupe do Mensageiro. Com a minha entrada para o Liceu, vindo do Colégio de S. João de Brito, em 1972, adquiri a faculdade de frequentar este salão térreo em forma de U imperfeito, em que muitas vezes se entrava sorrateiramente pela porta da rua Direita, vindo da Livraria Mário Péricles com um livro escondido, diretamente da secção de Culinária. Lembro-me do Alcides trazendo debaixo do braço A Funda do Artur Portela Filho, com capa vermelha onde figurava um busto branco com um buraco no meio da testa. Garantia aquele meu amigo que a edição seguinte sim ia ser “coisa boa de se ver” pois o busto da capa aparecia com a cabeça feita em cacos. O Ernesto chegava com os seus ilegíveis manuscritos, cheio de ideias e projetos. Haveria de me garantir, numa daquelas mesas, que o futuro lusitano era, seguramente, vermelho. Mas isso seria mais tarde, cabeludos, ambos, barbudo e revolucionário ele, eu alaranjando e com uma penugem bigodesca no lábio superior. Havia outros que eu conhecia menos bem, mas cuja fama, talento e importância invejava. Eram do Mensageiro. Estudantes liceais que escreviam, publicavam, faziam teatro, tertuleavam, ensaiavam e dirigiam secções literárias e de cultura. Eu também escrevinhava umas coisas, algumas delas tinham sido publicadas num jornal de Mirandela, fazia e escrevia teatro. Mas não era do Mensageiro. O Ernesto José Rodrigues, que já na altura indiciava claramente a superioridade que o seu brilhante percurso haveria de confirmar, era um dos meus amigos mais antigos. O Alcides informava-me sobre os livros a pedir, em voz baixa, na Mário Péricles. Com o Carlos Pires falava muitas vezes e cheguei a beber uns finos com tremoços. Trocámos ditos sobre o Carlinhos da Sé e o Laribau. Tomei café com o Marcolino e lembro-me de me ter cruzado várias vezes com o Teófilo. Mas eles eram do Mensageiro e eu não. E isso fazia, no auge dos meus dezassete longos anos, toda a diferença.
 Generosamente o Ernesto convenceu-me que eu podia enviar um dos meus poemas para análise na secção de poesia do Mensageiro. E eu enviei. “É velha, muito velha, a minha aldeia / Mais velha que a mais velha das velhas da minha aldeia...” dizia. Foi publicado.
 Corria, estridente, o ano de 1974. Vermelho como o Ernesto dissera. Estourando com todas as convenções como o Alcides previra. Eu alaranjava, cabeludo, arremedo de bigode a enfeitar-me o lábio e tinha dezassete anos. Pouco sabia de mim. Dentro desse pouco rebentava o muito: eu também já era do Mensageiro. A minha velha aldeia fora a Chave d’ Ouro, na mão do amigo de sempre, que abrira a porta para a tertúlia mais importante do Mundo e da Praça da Sé. Que me acolheu de novo, quarenta anos depois, na Biblioteca Adriano Moreira, em homenagem ao mais brilhante de todos: Ernesto José Rodrigues!.
Obrigado velho amigo.

Retirado de www.altm.pt 

Macedo de Cavaleiros prepara-se para mais uma Feira da Caça e Turismo

São muitas as novidades apresentadas para a edição de 2015. Um espaço maior, mais expositores, uma disposição do recinto que dá mais realce às diferentes áreas temáticas do certame e uma área noturna a pensar na população mais jovem. 

O turismo ganha um maior destaque, após a integração do Geopark Terras de Cavaleiros nas redes da UNESCO. Com mais 60 expositores que em 2014 e uma área coberta superior em 860 m2 , a Feira da Caça e Turismo decorre de 29 de janeiro a 1 de fevereiro. É a 19ª edição do evento de maior destaque no início do ano no concelho, que reúne duas áreas de grande impacto na economia local.
É a primeira vez que o certame se realiza depois da integração do Geopark Terras de Cavaleiros nas redes Europeia e Global da UNESCO, classificação atribuída ao território em setembro último.
Resulta com isto, uma aposta alargada no setor turístico na feira, com uma extensa área, destacando-se a presença da entidade Turismo do Porto e Norte de Portugal, com diversos Municípios, assim como um espaço integralmente dedicado aos 4 geoparks nacionais, reconhecidos pela UNESCO, através do Fórum Português de Geoparks.
Salienta-se também a realização do seminário de turismo (sexta, dia 30) dedicado aos geoparks como “Novos Territórios de Educação, Ciência e Cultura do Século XXI – Estratégias de Desenvolvimento e Mais-Valias”, bem como o encontro dos geoparks europeus, representados pelos respetivos Fóruns Nacionais, o primeiro do género, que nos dias 31 de janeiro e 1 de fevereiro procuram estudar os desafios e oportunidades que se apresentam aos territórios classificados.
As novidades na organização da feira começam logo à entrada: a partir do portão principal do Parque Municipal de Exposições, recria-se um percurso pedestre, num ambiente de natureza, aludindo aos cerca de 200 km sinalizados em todo o território do Geopark Terras de Cavaleiros.
A população mais jovem não é esquecida, com a criação de uma área noturna, a partir das 24:00H, com música ao vivo e dj’s, bem como cafés e bares de Macedo de Cavaleiros presentes.
O programa XIX Feira da Caça e Turismo estende-se muito para além da “fronteira” do Parque Municipal de Exposições, com a realização de 3 Montarias, 2 Provas de Santo Huberto, integrantes do X Prémio Galaico-Português, e a Copa Ibérica de Cetraria, a única realizada em Portugal. Destaque ainda para o II Encontro de Caçadores de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Leilão de Javalis e Julgamentos (rituais venatórios), o Raid TT, o Passeio de BTT, o Concurso de Beleza de Cães de Caça, pela primeira vez realizado, o Seminário das confrarias de produtos da terra, que se propõe a debater o seu papel na divulgação e importância na economia local, assim como a realização em direto do programa “Aqui Portugal” da RTP.
A XIX Feira da Caça e Turismo é uma organização conjunta da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros e Federação de Caçadores da 1ª Região Cinegética, a que se juntam diversas entidades e associações, responsáveis pelo alargado e diversificado programa. 


Geoparques: os novos territórios do século XXI. Seminário da Feira da Caça e Turismo

Os geoparques como novos territórios de desenvolvimento integrado, estão no centro da atenção do colóquio do setor turístico que habitualmente integra o programa da Feira da Caça e Turismo.

O Geopark Terras de Cavaleiros, recentemente reconhecido pelas redes da UNESCO, acolhe, no dia 30, a partir das 14.30H, o seminário “Geoparques: Novos territórios de Educação, Ciência e Cultura do Século XXI – Estratégias de Desenvolvimento e Mais-Valias”.

Os 4 Geoparques nacionais classificados mostrarão as suas experiências e a coordenadora do Fórum Português de Geoparques, Elisabeth Silva, dará conta das oportunidades destes territórios. Este seminário reveste-se de particular interesse para estudantes operadores e restantes agentes turísticos.

Entrada Gratuita. Inscrições através de geral@geoparkterrasdecavaleiros.com






Adriano Moreira elogia qualidade do ensino alcançada pelo IPB

Adriano Moreira elogia a qualidade do ensino que o Instituto Politécnico de Bragança conseguiu alcançar.
Em entrevista à Brigantia o professor e político, de 92 anos, sublinha que devem ser feitos todos os esforços necessários para manter o prestígio que a instituição tem a nível nacional e internacional. “Acho que todos devem fazer um esforço para aguentar a qualidade que alcançou o Instituo Politécnico, assegurando os recursos necessários para a manter e desenvolver”, salienta Adriano Moreira. O ex ministro do Ultramar refere ainda que foi com satisfação que fez parte da organização do XXI Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa. O encontro realizou-se há três anos e reuniu  académicos e investigadores em torno da lusofonia. Adriano Moreira considera que este evento não teve o merecido destaque.  “Eu fiz parte da organização. Estiveram cerca de 400 pessoas em Bragança mas não me recordo que qualquer jornal tenha dado notícia desse importantíssimo acontecimento nem me lembro de um ministro que tenha tido tempo para o ir dignificar”. O professor, natural de Grijó de Vale Benfeito, no concelho de Macedo de Cavaleiros é o convidado do programa “Nós Transmontanos” que começa hoje na Brigantia. Um programa que terá todas as semanas um convidado ilustre transmontano, para ouvir às quintas-feiras depois das 21 horas e em repetição aos sábados depois das 17h. 

Escrito por Brigantia.

Retirado de www.brigantia.pt 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Sabores Mirandeses


O FIO DAS LEMBRANÇAS (7)

(Excerto da biografia que escrevo sobre Amadeu Ferreira)

Albertina conta que o nascimento do primeiro filho, o Abel, tinha sido de joelhos, um parto muito difícil. Quatro anos depois, quando nasceu o Amadeu, também de joelhos, foi uma coisa muito rápida. «Nasceu à uma hora da manhã. Tinha estado a trabalhar no campo, a trilhar e a limpar, a ajudar uma tia. Foram cear e comecei-me a sentir-se mal. Logo as águas se sentiram. O pai deixou-se dormir. Abanava-o para o acordar: Esperta! Esperta!»
Acendeu a candeia de petróleo, que punha o nariz da cor das uvas, cheio de negruras. A iluminação era também a azeite. «Íamos comprar os quartilhos e os litros. O azeite vinha numa azeiteira e botávamos para a candeia.» Faziam tudo à luz da candeia - fiar e coser - com a candeia pendurada na cuba, de lado.
Albertina sente que está prestes a ter a criança e sacode o marido:
«- Eu não estou bem, levanta-te! Levanta-te e vai chamar a minha mãe!
- Então o que se passa?
- Ainda me perguntas o que se passa? Eu sei lá! Então não há-de nascer o garoto ou garota?
Não sabia se era filho ou se era filha. Agora logo sabem!»
O marido foi chamar a sogra e, quando esta chegou, Albertina «já tinha puxado pelo saco e já estava a ter o garoto. Aquilo foi uma hora. Foi duro. Foi uma hora e passou logo». Amadeu estava com pressa de chegar ao mundo. A mãe sente que este filho tem algo de muito especial. Com grande vivacidade, dizia-me quando a entrevistei em Sendim no Verão de 2012: “Este filho já pulava diferente na minha barriga! “
Depois veio o Manuel. Albertina ficou muito doente, durante a gravidez do Manuel, cinco semanas sem ver a rua. Tinha dificuldade para andar e ficou muito inflamada. Durante um mês sentava-se de lado, nas lajes, com uma cabeceira de palha em baixo. Ou então ao pé da lareira e o Amadeu, já com quatro anos, ia para junto dela. Tinham matado uma galinha para ela comer depois do parto e o Amadeu também queria “um cachico”:
«- Queres um cachico, queres?
- you quiero! »
E dava-lhe um bocadinho.
«Foi andando, andando e o garoto deixou de se arrimar a mim. Tinha o Manuel muito pequeno. Deixava-o às vezes um dia inteiro no berço com uma chupeta na boca. Não chorava nem nada. Ficava aquela alma parada ali todo o dia.
- Amadeu, parece que tu não estás bom!
- An! An!
-Então não queres um cachico?
-Num quiero nada…
Começou assim a pôr-se doente, doente, doente, esteve quatro meses, sempre doente, sempre ao colo. Ia para a praça, ali ao pé do banco, onde havia uma bica.»
O Amadeu só queria beber daquela água corrente. Não queria tomar os comprimidos que o médico lhe receitou. A mãe deitava-os na água tirada do cântaro e ele, doente, mas sempre finório, percebeu logo e barafustava. Carlos, o irmão mais novo conta-nos a versão ouvida inúmeras vezes à mãe: «o Amadeu completava três anos, e sofreu de febre tifóide durante longos meses: ter sucumbido seria o desfecho normal para aquele tempo. Medicamentos já existiam, mas não havia dinheiro para os comprar. Certo dia, desesperada, a mãe interrogou o médico da aldeia, o Dr. Raposo:
- Ah senhor doutor, então vamos a deixar morrer o rapaz?
- Tenho aqui um remédio, mas é muito caro para ti! - Enquadra o médico.
- Bem cara é a morte senhor doutor, e paga-se! Depois a mãe acrescentava sempre o seguinte comentário: “L tiu quando oubiu aqueilho nun tornou a dezir, nien preta, nien branca. Fui-se adrento i trouxo un frasquito cheno de remédio branco: parecie leite, mas algo mais spesso.”
- Todos os dias, pões-lhe cinco gotas deste remédio num copo com água. - Explicou-lhe o médico. Depois a mãe avançava no conto e acrescentava:
- “ A la fin de trés dies Amadeu yá nun querie beber de l’auga cul remédio i miraba para mi culs uolhos arregalados, parecie un lucifer. El nun era malo, era la doença que l fazie! Apuis ponie-se de longe i gritaba-me: “you nun quiero dessa auga , you quiero auga de la bica. Dá-me auga de la bica , dá-me auga de la bica tie gorda !”.
A mãe cansada, de noite e de dia sempre com a criança ao colo. «Depois estourou-lhe um ouvido, ainda hoje não tem membrana do tímpano. Não tornou a comer durante quatro meses. Só queria comer um nabo ou uns tremoços. Nem caldo, nem sopa, nem pão, nem nada. Durante quatro meses.» Dona Albertina encosta-se para trás na cadeira: « Não sei como isto vai ser… Eu dormia sentada na cama com ele ao colo. Começou a faltar-lhe o ar.
- Amadeu, tu o que tens, filho?
- Nada. Não tenho nada.
Eu chorava. Derramei muita lágrima.»
Resolveu levá-lo por fim, ao médico.
- Sr. doutor, o garoto está muito doente.
-Estás assim tão aflita? Ainda tens mais dois!
-Pois tenho, senhor doutor, mas não quero que este se me morra. Porque logo se me criou e tem uns gestos, uns feitios que nem se podem dizer! Não queria que se me morresse.
Ele lá olhou, lá olhou e eu disse:
-Ó senhor doutor, os comprimidos ele não os toma! Bota-os fora!
- Como não toma? É porque tu não sabes dá-los! Deixa cá ver. Dá cá um!
O médico tapou-lhe o nariz e mandou a mãe meter-lhe o comprimido na boca.
-Eu meti-lhe o comprimido. O médico disse:
-Deixa que já engoliu.
- E vai ele, abriu a boca e deitou-o no chão da sala, dizendo palavrões, furioso com o médico!

Escrito por Teresa Martins Marques.

Retirado do facebook. 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Casa onde nasceu Miguel Torga vai abrir como espaço de memória do escritor

A casa onde nasceu Miguel Torga, em São Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, vai abrir como espaço de memória do escritor. 

O novo espaço museológico vai ser implementado pela Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) que é a entidade proprietária do imóvel devido a uma doação feita pela filha do escritor, Clara Crabbé Rocha.

A casa do maior vulto da literatura transmontana e duriense deverá estar aberta até ao verão, depois de ser feita uma intervenção de recuperação minimalista para tornar o espaço visitável. 

Em declarações à Agência Lusa, o actual diretor regional da Cultura do Norte, António Ponte, disse que se pretende manter o edifício aberto até ao próximo verão.

"Essa intervenção será sempre muito minimalista, procurando manter o mais possível a casa fiel à sua estrutura física, mas uma dinâmica cultural que permite ao visitante ficar a conhecer a sua vida, o seu relacionamento familiar e um pouco do espaço quotidiano, do tempo em que ele passava em São Martinho de Anta", referiu.

A pequena casa onde nasceu Miguel Torga, e onde o escritor se alojava durante as suas visitas à região que o viu nascer, é um edifício de pequenas dimensões, de um só piso térreo composto por um `hall`, uma cozinha, um sanitário, uma sala de estar e três quartos. "É um edifício muito pequeno em termos de dimensão mas com muita importância sentimental", salientou António Ponte citado pela Agência Lusa.

O projecto de musealização da casa pretende transmitir um pouco da vida do escritor, “mostrando, por exemplo, a cadeira onde ele se sentava ou alguns dos seus objetos de decoração, alguns dos quais relacionados com a caça que era uma das suas atividades de eleição”.

António Ponte referiu que o projeto de recuperação e de musealização desta casa deverá ser apresentado a 31 de janeiro, em São Martinho de Anta, no mesmo dia em que vai ser apresentada a reedição do roteiro "Viajar com... Miguel Torga".

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha,  nasceu em 12 de Agosto de 1907, em São Martinho da Anta, concelho de Sabrosa, Trás-os-Montes. Filho de gente do campo, não mais se desliga das origens, da família, do meio rural e da natureza que o circunda.

Mesmo quando não referidos, estão sempre presentes o Pai, a Mãe, o professor primário Sr. Botelho, as fragas, as serranias, a magreza da terra, o suor para dela arrancar o pão, os próprios monumentos megalíticos em que a região é pródiga.

O autor de obras como "Vindima", "Bichos", "Contos da Montanha",  de "O senhor Ventura" ou dos dezasseis volumes de "Diário", morreu a 17 de janeiro 1995, assinalando-se este ano o vigésimo ano sobre a morte daquele que foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX.


Especialista diz que é necessário arrancar Torga de "uma visão paroquial e provinciana"

O professor de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra (UC) José Augusto Bernardes considera que o escritor Miguel Torga está «muito prisioneiro de lugares comuns», sendo necessário «arrancá-lo de uma visão paroquial e provinciana». 

O também director da Biblioteca Geral da UC sublinha que ainda há «muitos campos por investigar» na obra de Miguel Torga, escritor que morreu há 20 anos.

Um campo de investigação prioritário «seria inscrever Torga na cultura europeia do seu tempo» e «arrancá-lo da visão paroquial e provinciana», disse o professor catedrático, sublinhando que seria necessário «abordar o diálogo» que o escritor natural de Trás-os-Montes teve «com importantes nomes da cultura europeia como Homero, Montagne ou Camões».

Segundo José Augusto Bernardes, Torga está prisioneiro de lugares comuns, como «o Torga telúrico», ligado à terra, «o Torga resistente» ou ainda a «imagem muito cristalizada» de ser um «autor sobretudo juvenil».

Porém, o director da Biblioteca Geral frisou a importância deste escritor «para o adolescente de hoje», por evocar, na sua obra, «um mundo em extinção» - o Portugal rural -, podendo os seus livros servirem «de contraponto à realidade» actual. «Torga faz mais sentido hoje que no meu tempo», observou. 
Para José Augusto Bernardes, aprender Torga é também «aprender a escrever», por ser um autor dono de uma escrita «com clareza, elegância, mas também profundidade».

O autor, que morreu a 17 de Janeiro de 1995 em Coimbra, «era um mestre da pergunta», com contos que deixavam uma «sensação de perplexidade» - «um homem que nunca procurou alinhamentos», durante ou depois do Estado Novo.

«É uma figura da nossa comunidade, que atravessa o século XX. Um homem de coragem, que conhecia o país e Portugal no mundo», frisou.

Ana Paula Arnaut, também docente de Literatura Portuguesa na Faculdade de Letras da UC, salientou o olhar «extraordinário» de Torga em relação a um «Portugal específico», sendo fundamental para se saber «o que foi o Portugal ditatorial, mas também o Portugal pós-25 de Abril».

Os seus diários, bem como a poesia e os contos, oferecem «um manancial de interpretações», sempre em torno de temas universais, «mesmo quando trata de Trás-os-Montes», referiu.

Corroborando com José Augusto Bernardes, a professora considerou que Miguel Torga se assumia como «um purista da Língua portuguesa», que tentava «alcançar a perfeição».

Apesar de ser «um dos grandes nomes» da literatura portuguesa, a academia «tem esquecido um pouco Torga», bem como o mundo editorial, que «não tem feito a devida divulgação», frisou Ana Paula Arnaut.

Hoje, (17 de Janeiro) assinalam-se os 20 anos da morte de Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, que nasceu a 12 de Agosto de 1907, em Sabrosa, Vila Real, e que viveu grande parte da sua vida adulta em Coimbra.

Ao longo da sua vida, publicou livros como «Bichos», «Criação do Mundo» ou «Novos Contos da Montanha», tendo sido traduzido em diversas línguas.

Retirado de www.noticiasdonordeste.pt

Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas

Um projecto teatral sobre a ditadura portuguesa, a revolução e o processo revolucionário. Trata-se de uma performance histórica que no próximo dia 21 de Janeiro, às 21: 00 horas, chegará ao Teatro Municipal de Bragança pelo Teatro do Vestido. 

“Este projecto performativo parte de uma pesquisa sobre algumas das memórias da história recente de Portugal, numa perspectiva histórica, política e afectiva, e com base em testemunhos de pessoas comuns – desafiando as grandes narrativas destes três períodos/acontecimentos, que se têm construído sobretudo sobre a ideia de protagonistas militares e políticos.
Quisemos saber onde ficavam as pessoas no meio destas memórias, e destas narrativas, e como é que a transmissão deste período crucial da história de Portugal se opera nos dias de hoje. Que omissões, revisões, rasuras estão a acontecer e como e por quem? Que versões da história nos são ensinadas e que outras podemos aprender? Segundo Keith Jenkins, a história e o passado não são a mesma coisa.

Segundo Elizabeth Jelin, a memória é uma luta. Segundo Hayden White, a história é uma narrativa. E, por fim, segundo Marianne Hirsch, a 2ª e 3ª gerações são aquilo a que ela chama ‘gerações da pós-memória’. A nossa memória é, portanto, pós e é nessa condição de um ‘outro olhar’ que temos vindo a construir as palestras performativas que fazem parte deste museu, como uma lição de história que não se aprende em nenhuma disciplina que conheçamos – e talvez por isso mesmo estejamos a construir este espectáculo: por nunca o termos podido aprender mesmo quando pedimos que nos ensinassem, que nos contassem como as coisas se tinham ‘realmente’ passado.
 Em Portugal, na ausência de uma Comissão da Verdade e Justiça, ou algo semelhante, são os activistas, os cientistas sociais, os historiadores, bem como os artistas, quem tem levado a cabo esse paciente trabalho de reconstituição, contra a usura do tempo e das ideologias vigentes que, cada qual à sua maneira e de acordo com a sua agenda, têm procurado – mais do que estabelecer pontos de vista – reescrever a história. Paula Godinho descrevia assim em 2011, o que ela considera ser um fenómeno desde o final dos anos 80, “que passa pela desqualificação dos momentos revolucionários, pela sua avaliação com ressalvas ou pelo completo banimento, e, concomitantemente, por uma desvalorização do carácter repressivo do Estado Novo, por imposição de uma agenda política mais generalizada.” E acrescenta: “(...) falar e escrever acerca de revoluções e revolucionários não está na moda (...).” (Paula Godinho, introdução a Aurora Rodrigues, Gente Comum – Uma História na PIDE, Castro Verde: 100Luz, 2011) “.
Investigação, texto, direcção e interpretação: Joana Craveiro
Assistência: Rosinda Costa
Colaboração criativa: Tânia Guerreiro
Desenho de luz: João Cachulo
Produção e assistência: Rosário Faria
Apoio Assédio: Teatro
Sobre este projecto: www.teatrodovestido.org


Uma dúzia de praias fluviais com boa qualidade

Doze praias fluviais do distrito de Bragança deverão receber, este ano, a classificação de “Boas” para a prática balnear, segundo consta da proposta da Agência Portuguesa do Ambiente, em consulta pública até 2 de Fevereiro.
Quatro são no concelho de Mirandela: Maravilha, parque da zona verde, Quintas e Vale de Juncal Mais três no concelho de Macedo de Cavaleiros: Fraga da Pegada, Ribeira e Bitetos
Vinhais também conta com três praias fluviais com a categoria de bom: Ponte Frades, Ponte da Ranca e Ponte Soeira.

Por: Fernando Pires

Retirado de www.mdb.pt

Famílias do nordeste transmontano mantêm tradição do fumeiro regional

Este foi um fim-de-semana onde se fez fumeiro um pouco por todo o distrito de Bragança. Com o frio e até a neve que pintou alguns locais, as tradições que convidam a ficar dentro de casa, à lareira, ainda subsistem no nordeste transmontano. Em Samil, mesmo às portas de Bragança, encontramos a família Bento para quem, este sábado foi dia de fazer alheiras. 
Logo pela manhã há que por os potes ao lume. No interior destas panelas de ferro transmontanas está carne de porco e galinha. Uma tradição que passa de geração em geração. Manuela Bento, tem 30 anos e desde criança que participa na matança do porco e na preparação do fumeiro. Mas não dispensa a supervisão da mãe que sabe o segredo dos temperos “Desde sempre que me lembro de ver fazer fumeiro. Agora ajudo, mas os temperos, é melhor ser a minha mãe a fazer porque ela é que sabe”, confessa a jovem. Maria do Carmo Afonso é natural de Travanca, no concelho de Vinhais, onde aprendeu a preparar chouriços com a mãe, que por sua vez aprendeu com a avó. Aos 62 anos continua a manter a tradição. Este sábado veio ajudar esta família em Samil a fazer as alheiras. Os ingredientes utilizados no fumeiro tradicional não variam muito entre as famílias do nordeste transmontano. “Tem que se preparar as carnes no dia anterior. No dia das alheiras faz-se o lume, põem-se os potes ao lume com as carnes, de porco e galinha. Depois leva pão e alho. Sem alho, não seria alheira”, sublinha Maria do Carmo Afonso. Este é o excerto de uma reportagem sobre a confecção de fumeiro tradicional no nordeste transmontano que pode ouvir na íntegra, hoje, aqui na Brigantia, depois das notícias das 17 horas e ler na edição desta semana do Jornal Nordeste.

Escrito por Brigantia.

Retirado de www.brigantia.pt

Director do Centro de Arte Contemporânea publica livro sobre a obra de Graça Morais

A obra da pintora transmontana Graça Morais foi reunida em livro pelo director do Centro de Arte Contemporânea, em Bragança. A obra foi apresentada no passado sábado neste espaço cultural. A artista não tem dúvidas que o livro “ Graça Morais – Territórios da Memória” é o mais completo de todos aqueles que já foram publicados sobre a sua obra. 
“Este livro é como se fosse um pequeno romance um pouco à volta da minha vida, mas sobretudo da minha obra. Fazia imensamente falta para os transmontanos e para todas as pessoas. Este é o livro mais completo sobre mim. Em 1985, António Mega Ferreira escreveu um livro também extraordinário sobre o meu trabalho mas depois dessa data, este é o livro mais completo. Estou contentíssima”, sublinha a artista. Jorge da Costa, começou a estudar a obra da pintora em 2006, dois anos antes da inauguração do Centro de Arte Contemporânea. O director do espaço cultural aprofundou esta investigação no âmbito da sua dissertação de mestrado. Um trabalho que lhe permitiu conhecer aprofundadamente a obra da pintora. “Cheguei à conclusão que obra dela é vastíssima. É uma obra absolutamente singular, extraordinária e a grande dificuldade foi conseguir fazer um tratamento a uma obra com uma dimensão tão grande como a da pintora Graça Morais”, revela o autor do livro. O director do Centro de Arte Contemporânea está convicto que a instituição é hoje reconhecida a nível nacional e também em Espanha. O Centro de Arte Contemporânea Graça Morais comemora sete anos em Junho.

Escrito por Brigantia.
Retirado de www.brigantia.pt

sábado, 17 de janeiro de 2015

EXPULSÃO POR DEFENDER A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

O FIO DAS LEMBRANÇAS (6)
(Excerto da biografia que escrevo sobre Amadeu Ferreira)
«Não era habitual o bispo falar directamente com os seminaristas, em conversa pessoal e comigo era a primeira vez que tal acontecia. Em qualquer caso fiquei com a ideia de que ele tinha andado a informar-se sobre mim, e, sobretudo, que tinha recebido queixas a meu respeito. Na medida em que eu tinha sido autorizado a dar explicações a alunos fora do seminário, justamente pela direcção do seminário, pelo reitor e pelo vice-reitor, a atitude do bispo constituía um ataque frontal à direcção do seminário e um alinhamento pelas posições mais retrógradas, nomeadamente do vigário-geral, cónego Ângelo Melenas, com quem me tinha incompatibilizado nas aulas.»
O bispo chamou Amadeu em privado e dessa conversa relato os termos em que o meu biografado a contou:
- “Você anda com uma vida que não pode continuar assim! Você tem de mudar de ideias e mudar de vida. Os professores queixam-se de que você não aceita nada, tem ideias ateias, ninguém sabe se você acredita em Deus ou não acredita em Deus.
Eu só sabia que o caminho da renovação da Igreja passava pela Teologia da Libertação.
- Portanto, tem que mudar de vida. Você anda para aí a dar explicações a raparigas, isso não pode ser. Um seminarista não pode fazer uma coisa dessas. Isso não é bom, isso faz-lhe mal, dá-lhe maus pensamentos. Ainda se ao menos você substituísse as raparigas por rapazes! Você é um rapaz esperto, mas tem umas ideias malucas, você parece que já é ateu, está sempre contra os professores, contesta tudo, nós não o queremos cá assim. Portanto, vai ter de mudar de vida !”
Amadeu não se deixou intimidar e muito menos convencer e respondeu taxativamente ao bispo:
- “Eu não mudo nem de vida nem de ideias!”
«Expliquei que tinha de pagar os estudos aos meus irmãos. Ele não quis saber. Aliciou-me dizendo que, se eu quisesse seguir outro caminho, podia mandar-me para Roma para acabar o curso de Teologia. Fazia lá o doutoramento ou se não quisesse Roma, em Lovaina ou em Paris. Lembro-me bem de serem estes os três sítios mencionados. Eu disse que não, que não queria sair de Portugal, que queria estar ali e que não ia mudar de ideias nem de vida, porque precisava daquela vida para ajudar os meus irmãos e quanto às ideias eram as ideias que me pareciam certas. Soube mais tarde que o bispo terá feito propostas semelhantes a outros colegas meus, o que não abona muito em relação à sua intenção de as cumprir, ideia que tive desde a primeira hora.»
E Amadeu foi expulso. Faltavam cinco meses para terminar o curso de Teologia.

Escrito por Teresa Martins Marques
Retirado do facebook.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Feira do Fumeiro de Vinhais - 2015



Está a chegar o maior evento gastronómico do norte país, a Feira do Fumeiro de Vinhais, que decorre de 5 a 8 de fevereiro. Pela sua antiguidade e qualidade, o evento fez de Vinhais aquilo que é hoje, a Capital do Fumeiro.
Para além da vasta comercialização de produtos de fumeiro, estão à venda produtos naturais da região, artesanato, produtos gourmet e outras atividades que integram um programa diversificado, tais como, espetáculos musicais, arraial, luta de touros, tasquinhas, restaurantes que, durante quatro dias, animam quem passa pela Capital do Fumeiro,Vinhais.~













































Retirado do facebook