domingo, 28 de dezembro de 2014

Desejamos-lhe um excelente e grandioso ano 2015!


Que o ano que se aproxima a passos largos, 
traga com ele todos os seus sonhos realizados
e, também, muita paz,
muito amor,
muita saúde.
Dinheiro, claro, faz falta.
Que venha também 
o que considerar necessário.
Que estas bênçãos tragam a todos, senão a felicidade,
pelo menos, o maior número possível de momentos felizes. 

São os nossos mais sinceros votos.
Maria e Marcolino Cepeda

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

FELIZ NATAL!


Que neve... se esse for o seu desejo.
Se não for... seja feliz, muito feliz.
Viva o seu Natal com as pessoas que mais ama.
Respire Amor, Paz, Alegria e Saúde.

São os nossos votos. 
Feliz Natal!

Maria e Marcolino Cepeda

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Vai uma cerveja, amigo?

Meu velho,

Conheço-te há mais de 40 anos. Foi em 1973 que começámos a “enfrentar-nos” nas páginas do Mensageiro de Bragança, onde ambos colaborávamos. A certa altura, fui obrigado a utilizar o pseudónimo José Valverde por sugestão do Padre Sampaio, já que tinha sido proscrito pelo Bispo de então e proibido de voltar a escrever para o jornal.
Durante dois meses contendemos no Mensageiro, tu contra um texto que eu havia publicado sobre o presidente da Academia do Liceu; eu em resposta à tua crítica. Foram dias intensos.
Como te recordarás, criei o Grupo de Teatro Sequência e a nossa primeira atuação, realizada na Escola Comercial e Industrial, foi bem trabalhada e exigiu um grande esforço de toda a malta. A abertura consistia na leitura de alguns poemas de poetas transmontanos, seguindo-se a representação da peça que havíamos escolhido.
A tua crítica, publicada no jornal Ènié, foi arrasadora. Na tua opinião apenas se salvava a atriz principal. Tudo o resto foi tempo que o vento levou. Convém dizer que tu também tinhas uma companhia de Teatro, A Máscara, que dirigias. Vislumbro aqui, uma ligeira dor de cotovelo…  
Estávamos em 1977. Haviam passado quatro anos desde a nossa primeira batalha.
O Teófilo, cansado de nos aturar, e sendo amigos de ambos, decidiu agir e juntou-nos no Café Girassol, no Largo do Tombeirinho. Conversámos… desde então, alimentamos uma amizade segura e cúmplice.
Envolvemo-nos em muitas atividades de cariz cultural, entre as quais destaco a publicação do boletim Amigos de Bragança, juntamente com o Teófilo e cujo diretor era o Dr. Eduardo de Carvalho. Posteriormente juntaram-se ao grupo o Jacob e o Jorge Morais, responsável pela fotografia e design.
Sendo eu Presidente do Clube de Bragança, celebrei com a autarquia diversos protocolos, com o então Presidente da Câmara, o Eng. Luís Pinheiro, um dos quais nos permitiu publicar doze números do boletim.
Em 1981 foste para Budapeste onde te mantiveste até 1986. A partir de 1983, trocámos intensa correspondência, o mesmo acontecendo quando regressaste e te instalaste em Oeiras.
Viveste muita coisa. Escreveste muitos livros. Muitos mais escreverás. Fizeste muita investigação, muitos ensaios. Progrediste muito na tua vida académica. Viajaste pelo mundo em trabalho e algum lazer. Foste condecorado, premiado, reconhecido, acarinhado…
Não esqueceste a tua terra, as tuas origens e por ela tens feito mais, muito mais que o poder político ou a maior parte dos que aqui vivem, que se acomodaram ao rame rame das suas vidinhas.
Nesse caminhar incessante encontraste a mulher da tua vida, tua igual, com quem podes ser tu, em todas as tuas nuances.  
Aguardo, ansioso, poema novo que juntarei ao da Rua do Loreto, desta vez sem ironias, que os sonhos são para serem sonhados e eu continuo um sonhador.  
A vida dá muitas voltas e reviravoltas e quando precisei de ti, meu amigo, tu estiveste lá. São poucos, aqueles a quem posso chamar grandes amigos…
Vai uma cerveja, amigo?  

Bragança, 13 de dezembro de 2014


Marcolino Cepeda

VIMIOSO: VILA ACOLHE FEIRA DAS ARTES, SABORES E OFÍCIOS ATÉ DOMINGO

A feira das Artes, Sabores e Ofícios, que decorre até domingo em Vimioso, distrito de Bragança, é tida pela autarquia como "um dos principais pilares da economia movimentando setores como o comércio, restauração e artesanato locais.
O presidente da Câmara de Vimioso, Jorge Fidalgo, disse que o certame é bastante concorrido, pelo que houve necessidade de rejeitar expositores, já que o espaço da feira é limitado.
"A feira é um contributo para o fomento da economia local, numa altura em que muitos vimiosenses que estão ausentes regressam à sua terra de origem, o que leva a que a hotelaria da vila esgote havendo mesmo recursos as unidades de fora do concelho", explicou o autarca.
O facto de Vimioso ser um concelho transfronteiriço leva a que sejam os espanhóis os primeiros a marcar lugar nos três dias do certame, procurando a gastronomia, os produtos endógenos e o artesanato produzido no concelho.
"Nesta feira pode-se comprar um bocadinho de tudo. Continuamos a valorizar o nosso artesanato [cestaria, artefactos em cobre, tapeçaria e as alforjas], tudo feito à mão, o que mostra a nossa arte secular ".
No certame trasmontano marcam presença cerca de 90 expositores de diversos ramos de atividade.
Para além da componente comercial, o certame tem um programa de atividades paralelo que inclui uma montaria ao javali agendada para sábado, que conta com presença de mais de duas centenas de caçadores de todo o país.

Para domingo está agendado um passeio todo-o-terreno que junta algumas centenas veículos de quatro e duas rodas e conta com uma forte presença de pilotos espanhóis.

Retirado de www.rba.pt

Lar da CERCIMAC inaugurado com acordos

Hoje, foi oficialmente inaugurado o Lar Residencial da CERCIMAC, em Macedo de Cavaleiros, que vai acompanhar cerca de 80 pessoas portadoras de deficiência e as suas famílias.
O espaço, que custou 1 milhão e 300 mil euros, estava pronto há um ano, e aguardava acordos com a Segurança Social para começar a receber utentes. Luísa Garcia, presidente da cooperativa, não esconde a felicidade neste dia. Há 24 vagas para o Lar, em regime de permanência, 22 deles já com acordos com a Segurança Social. O Lar está preenchido, e deverá abrir portas já na próxima semana. “As condições que são mínimas para conseguirmos trabalhar com os nossos utentes e conseguirmos levar a nossa missão até ao fim estão reunidas. Neste momento temos Centro de Actividades Ocupacionais, temos a intervenção precoce e agora vamos ter a resposta de Lar Residencial que contamos abrir na próxima semana. A nível de Lar Residencial foi uma prenda de Natal muito boa porque conseguimos 22 acordos. Nós temos uma lista que excede muito os 22 lugares”, afirma Luísa Garcia.
A inauguração contou com a presença do Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, que anunciou estes 22 acordos para o Lar.


Escrito por Onda Livre (CIR)
Retirado de www.brigantia.pt

Ernesto Rodrigues dedica mais de 40 anos à literatura

Município de Bragança e Academia de Letras de Trás-os-Montes homenagearam escritor transmontano
Ernesto Rodrigues foi homenageado, no passado sábado, pelos seus 40 anos de vida literária. A iniciativa foi do Município de Bragança e da Academia de Letras de Trás-os-Montes, que quiseram enaltecer o trabalho do Professor transmontano que escreve em diferentes géneros literários.
Ernesto Rodrigues ficou feliz pelo reconhecimento do seu trabalho e confessa que o balanço de 40 anos dedicados às letras se traduz em muitos livros publicados.
“O meu balanço resume-se em duas grandes partes, por um lado a criação literária e por outro o ensaismo ligado à minha profissão de Professor universitário. No que toca à docência já escrevi demais. E editei pelo menos 35 livros de autores clássicos, desde o século XVII até ao século XXI. Quanto à criação literária eu tenho publicado bastante poesia embora de forma disseminada e em pequenas plaquetes sem grande visibilidade, um dia reunirei toda essa obra desde 1971. A ficção lanço o quinto romance, para lá de dois livros de contos e de uma novela”, realça Ernesto Rodrigues.
Nesta cerimónia, Ernesto Rodrigues apresentou mais um livro, intitulado “Passos Perdidos”, que é um romance que faz uma reflexão sobre a Democracia.
“É por um lado uma homenagem ao Camilo Castelo Branco ‘A Queda de um Anjo’, que eu editei em 2001 e vou reeditar no próximo ano, isto porque vai fazer 150 anos da edição do livro. Eu então agarrei num deputado que foi eleito há 40 anos na constituinte, a história vai terminar em 2015, quando se perfazem 40 anos sobre a Constituição. É um deputado que nunca falou na Assembleia e esse é o enigma do livro, porque é que ele nunca falou nestes 40 anos ”, salienta Ernesto Rodrigues.
O presidente da Câmara Municipal de Bragança destaca o trabalho do escritor transmontano. “É de facto um vulto da literatura nacional, uma pessoa muito dedicada que tem feito um excelente trabalho do ponto de vista literário e que marca aquilo que é a região”, salienta Hernâni Dias.

Retirado de www.jornalnordeste.com

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Lançamento do livro "Os Filhos do (In)Fortúnio de Lídia Machado Soares e Pedro Bessa

Na Biblioteca Adriano Moreira, Lídia Machado Soares, brindou-nos com este "Os Filhos do (In)Fortúnio. Parte da ação passasse em Montouto, pequena aldeia do Concelho de Vinhais.  

 Não podia ter escolhido melhor apresentadora da sua obra. A Dra. Carla foi brilhante e deu-nos uma visão multifacetada das várias leituras do livro.

Livro de leitura fluente, transporta-nos para várias realidades, em diversos tempos, em dois países, em várias localidades.
É impossível não gostar deste livro.
Parabéns!

Maria Cepeda 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Natal

O Natal não demora.
Não me sinto diferente. Respiro o mesmo ar, vejo as mesmas pessoas, sofro sofrimentos novos e velhos, vivo a vida de igual forma...
Não. Nada está distinto por ser Natal.
Talvez se nevasse e tudo branquejasse em tons de pureza...
Mas quando nela pisasse alguém que por ali passasse, que seria da brancura imaculada, tão fria, tão rotundamente gelada, que nela descalços, não podemos pisar?
Se chovesse numa cadência plangente, noite e dia, que tristeza me daria!
Se em plena madrugada, camada grossa cobrisse de geada, o pequeno tanque do meu jardim e ali pousasse pequeno pisco, muito perto do jasmim, com menos perfume mas sempre perfumado... e a noite fria convidasse a corpos entrelaçados, nesses entrelaçamentos ancestrais e primitivos de pura ânsia, de pura magia, talvez vislumbrasse o Natal.
Não luzem as luzes no pinheirinho que fui buscar à câmara municipal, nem mesmo o Menino, em palhas deitado, espera por mim.
Que hei-de fazer, se esta angústia sem fim não consigo abater?
De que vale comprar o polvo e o bacalhau se tantas vezes, ao longo do ano, os tive à mesa?
Onde está o símbolo?
Onde está a lareira pujante, os risos libertos, a alegria cantante?
Onde perdi, sem me aperceber, a capacidade de ver para além do rosto triste que reflete o espelho que tenho no quarto?
As mães continuam a labuta culinária como se nada fosse e o amanhã acabasse com o dia de hoje.
Fritam as filhoses, rabanadas e afins, recheiam os sonhos dos sonhos que têm e comem-nos com vontade de mais... sonhos que teimam em sonhar porque é Natal e o homem é bom, fraterno e leal, apenas um breve momento num breve Natal.

Maria Cepeda

  

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Ernesto Rodrigues - PASSOS PERDIDOS

 SINOPSE

Um banco de investimento quer vender projecto de lei a deputado democrata-cristão há 40 anos sem intervenção no plenário da Assembleia da República. Quem é João Félix Filostrato? A que se deve esse silêncio? Em iniciativa mediada pela assessora do grupo parlamentar, Salomé, que promove encontro com o economista-chefe João Félix Exposto, Nádia e o estagiário João Félix, também narrador, sobressai a jornalista Joana, por quem passa a história do eleito por Vila Franca e a solução de alguns enigmas. Na sombra, cresce deputada da oposição, cuja biografia se enlaça na deste. Como se organiza a queda de um anjo? Entre comportamentos oblíquos e identidades sempre esquivas, um deputado-borboleta da extrema-esquerda torna-se vítima de predadoras e perdedoras, que visam vingança em várias frentes.
Quase dois séculos de regime parlamentar e discursos inócuos ou repetitivos reflectem outros tantos passos perdidos que a Constituição de 1975 e legislaturas fracas não transfor­maram. Reflexão sobre a democracia em semana pascal, esta fábula política é salva, no final, por um bem enredado discurso amoroso.

Biografia
Ernesto Rodrigues (Torre de Dona Chama, 1956) é poeta, ficcionista, cronista, crítico, ensaísta, editor literário e tradutor de húngaro. Antigo jornalista e leitor de Português na Universidade de Budapeste, é docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Celebrou 40 anos de vida literária, em 2013, com Do Movimento Operário e Outras Viagens, poesia, e A Casa de Bragança, romance. Deu ainda, na ficção: A Flor e a Morte, 1983; A Serpente de Bronze, 1989; Torre de Dona Chama, 1994; Histórias para Acordar, 1996; O Romance do Gramático, 2011. No ensaio: Mágico Folhetim – Literatura e Jornalismo em Portugal, 1998; Cultura Literária Oitocen­tista, 1999; Verso e Prosa de Novecentos, 2000;
A Corte Luso-Brasileira no Jornalismo Português (1807-1821), 2008; ‘O Século’ de Lopes de Mendonça – O Primeiro Jornal Socialista, 2008; 5 de Outubro – Uma Reconstituição, 2010. Editou Fastigínia, de Tomé Pinheiro da Veiga (2011).

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Ernesto Rodrigues - 40 Anos de Vida Literária


UM TEXTO DE AMADEU FEREIRA

(Escrito para o filho mais novo, no dia em que este fez 22 anos)

[A imensa honra que eu tenho por ter este HOMEM entre os meus mais próximos AMIGOS]
«Tratado sobre linhas rectas e outras falsidades semelhantes»
I.
Estudei há muito tempo, bem antes dos anos que hoje fazes a teoria das linhas rectas, mas mais de cinquenta anos depois ainda não fui capaz de as descobrir, essas malandras das linhas rectas que bom jeito me teriam dado; ao mesmo tempo ensinaram-me que um segmento de recta era o caminho mais curto entre dois pontos, mas se não há rectas também não pode haver segmentos de recta e ninguém sabe o caminho entre dois pontos antes de o fazer, mas não te preocupes que não seja curto desde que te leve aonde apontaste os teus passos.
II.
Ainda que haja quem não a queira ou quem a tire, fica a saber que a vida é uma maravilha e nada há melhor do que vivê-la:
é óbvio que a morte lhe vai saindo ao caminho com as suas dores, os seus suores e os seus medos, e dizem-nos que acabará por nos ganhar a guerra, mas a respeito disso pouco te sei dizer a não ser que lhe podemos ganhar batalhas sem fim e bater-lhe a um ponto tal que nos deixa de bem connosco próprios: atira-te a ela e para isso basta que vivas até que um dia, ainda muito distante, te canses.
III.
não procures coisas grandiosas, pois isso, digo-to eu são miragens: a força e o valor estão nas pequenas coisas, a tua vantagem é que sejas capaz de as entrelaçar em corda que ninguém possa partir: miudezas como por exemplo um som que apenas dura um instante, mas que, multiplicando-se por milhões se transforma em música que pode embalar os teus dias.
IV.
não tenhas medo ao silêncio, aprende a ouvi-lo bem e a medir-lhe os passos, pois não é apenas um intervalo entre dois sons, mas coluna que lhe aguenta a estrutura e lhe dá o ser: não ficam expostas ao vento as sementes ainda ao colo da terra antes de rebentarem.
V.
quando ficares triste, não te preocupes porque os dias também têm que deitar a sua sombra, apesar disso não te deixes ficar durante muito tempo agarrado ao seu frio: não deve passar do descanso que mereces para no fim poder agarrar balanço e subir de novo à claridade do sol.
VI.
que não te enganem os amigos e outros que gostam de ti, até mais do que tudo: ninguém pode gostar mais de ti do que tu próprio, mesmo ninguém, e é aí que começa, serena, a tua saúde e o teu equilíbrio com o mundo: se te disserem que isso é vaidade ou egoísmo atira-lhes uma risada contra o seu bom senso, antes que te virem contra ti próprio.
VII.
se ouvires cantar um pássaro, cala-te e ouve-o, ainda que saibas que nunca o compreenderás: esse trabalho de aprender a ouvir é tarefa que nunca tem fim.
VIII.
não vês que a água corre sempre para baixo? então, aproveita o balanço dos dias, mas nunca te esqueças de que o ribeiro já encontrou a encosta feita, mas apenas tu poderás decidir para que lado corre a tua água e de que lado fica o que sobe e o que desce.
IX.
nunca desaprendas as canções que te nascem, pois de toda a vida podes fazer musica bonita, nem que seja um requiem: e onde a música se cala, nunca saberemos as tempestades e guerras que se podem fazer.
X.
a Verdade não existe, e digo-te que muito essa verdade me custou a aprender: procura-a, mas fica a saber que apenas uma parte da verdade encontrarás: aí temassento todo o respeito e liberdade; as verdades únicas, sejam quais forem, são fonte de morte e destruição, pois onde as quiserem meter já mais nada e ninguém lá pode caber.
XI.
não faças a tua casa em cima de colunas de outros, nem deles de tudo dependas pois nunca ganharás para lhe matar a fome com que te quererão comer: não queiras outro amo além de ti próprio.
XII.
trata a tua casa que é a memória, as lembranças por onde foste subindo: vai-lhe limpando o mofo e mantendo vivos os sinais que lá te levam: essa é a maneira do passado apenas te servir para te empurrar para diante e te ajudar a saber quem és.
XIII.
não acredites que são inúteis as coisas que te disseram que são inúteis: apenas tu poderás dizer o que tem essa qualidade ou não, conforme o teu critério e nunca segundo o seu valor em dinheiro ou outros valores semelhantes.
XIV.
o sorriso é uma coisa séria: nunca fiques sério com ela; toma bem atenção que os deuses nunca poderiam existir porque nunca seriam capazes de sorrir; mas tem cuidado: uma gargalhada pode matar mais que milhares de bombas e tens de aprender a lança-las.
XV.
a indiferença é um cancro social que mata sem dor: podes prevenir essa doença, basta que não deixes que te seque a fonte das lágrimas, porque não foste tu que fizeste o mundo onde vives e porque nele te transformarás ao morrer.
XVI.
encontrarás mais invejosos pelo caminho do que estrelas há no céu: faz o teu mundo paralelo ao deles, mas se te tiveres de cruzar com eles atira-lhes com uns pozinhos de desprezo que é a maneira de arderem na sua própria raiva; quem não leva a sério o que é importante para ti, não te respeitará: por muitas explicações que te dê ou juras que faça, não percas tempo com ele, pois não há outra maneira de te respeitares a ti mesmo.
XVII.
não te deixes encandear pelas supostas virtudes que te cantam do trabalho, pois isso nada mais é que o imposto que pagas à sobrevivência e a renda de casa que pagas à sociedade onde vives: não convém que pagues mais que a conta, para que te sobre tempo de fazer o que queira e fazê-lo com vontade.
XVIII.
a felicidade não existe, nem existem paraísos: apesar disso faz-te falta a palavra felicidade para poderes dar nome aos instantes em que foste feliz: fica a saber que podem ser muitos, mas nunca todos; não te enganes pois eles não nascem do muito saber, mas apenas do honesto e bom viver.
XIX.
se te disserem que os velhos não existem, não acredites: eles existem mesmo e ainda bem; quem nega que haja velhos de certeza que não os respeita, como faz esta sociedade onde vivemos.
XX.
fica também a saber que a morte existe mesmo, por muito que a escondam: habitua-te a ela de um modo muito simples: morremos todos os dias à medida que mudamos, crescemos e vivemos: sabes, tudo isso não passa daquilo que dizemos a respeito do caminho, o que sobe é o mesmo que desce.
XXI.
cada manhã que acordes é um milagre de vida: nunca farás o suficiente para a celebrares.

XXII.
ouvirás dizer que antigamente é que era bom e até se sabia mais e as pessoas eram melhores e até que o paraíso existiu no passado: não acredites, pois agora tudo é melhor, e essas baboseiras nada mais são que a falsa filosofia com que os velhos defendem os tronos onde estão sentados, o mundo que eles fizeram: quando eu tinha vinte e dois anos já sabia muitas coisas, mas acredita que não sabia nem metade do que tu sabes hoje, nem o mundo tinha as maravilhas que os novos foram fazendo.
P.S. ainda te digo uma última coisa: tudo isto que aqui te disse, com a pompa dos números romanos, não tem grande importância, pois isso será o que tu próprio descobrirás, porque o essencial do mundo está ainda por fazer e nisso és um rapaz de sorte.

Retirado do Facebook (Teresa Martins Marques)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Palavras

Uma luta de horas que passam em branco
Como em branco sinto a minha mente
E nada faço que não seja tentar
que o texto flua e aconteça
como um rio que corre livre
dentro das margens que escolheu
dono e senhor daquilo que é seu

Não será assim que o dia passa
como se breve minuto fosse
dentro do tempo que tenho
dentro do tempo que grassa na alma
sofrida e calma sem remédio
sem desculpas loucas de tédio
já que as palavras leva-as o vento
que não um qualquer,
mas aquela, que mais do que vento,
é mulher

Maria Cepeda