sábado, 25 de março de 2017

Georges Dussaud (excerto da entrevista que brevemente publicaremos)

https://www.dropbox.com/s/4pat5n24tqzic5p/GEORGES_DUSSAUD_1PARTE.mp3?dl=0


A entrevista foi realizada no final de fevereiro, muito próximo do aniversário deste excecional fotógrafo de renome internacional, que fez 83 anos no passado dia 4 de março.
Esta descontraída conversa realizou-se no Hotel Tulipa, em Bragança, pela impossibilidade de se fazer no Centro de Fotografia Georges Dussaud que se encontra em obras.
Connosco, além do nosso entrevistado e da sua esposa, Christine Dussaud, estiveram Augusto José Monteiro e a sua esposa Gabriela, Manuela Pereira, minha amiga, que fez o favor de fazer a tradução da entrevista, o meu irmão David Claudino e nós, Marcolino e eu.
Brevemente publicá-la-emos na totalidade.



Georges Dussaud nasceu a 4 de março de 1934, em Brou (Eure et Loir), junto de Chartres, em França.
Vive e trabalha em Châteaugiron, (Bretanha). É casado com Christine Dussaud.
Fotografa a preto e branco.
Desde 1975, faz reportagens fotográficas na Grécia, Portugal, Irlanda, Índia, Cuba, Grã-Bretanha.
Realizou exposições em diversas cidades de Portugal, Brasil, Irlanda, México e Itália. 
Em 1986, ingressou para a agência RAPHO, Paris.
Em 1989 é finalista do prémio W. Eugéne Smith (Nova Iorque).
Em 2013, no dia 25 de Abril, é inaugurado, em Bragança, o Centro de Fotografia Georges Dussaud.
A sua obra está representada em grandes coleções portuguesas e francesas.
É autor de 16 monografias.



Maria e Marcolino Cepeda

quarta-feira, 22 de março de 2017

Bairrismos sem horizontes (Editorial do Jornal Nordeste de 07/03/2017)



Uma das razões determinantes do estado a que se chegou no nordeste transmontano é a divisão que tem campeado, décadas sucessivas, entre os protagonistas da política local, com reflexos inegáveis nas decisões nacionais.
Ao contrário do que acontece, as dificuldades que por aqui se vivem deveriam despertar a necessidade de conjugar esforços para lograr conquistas importantes para a região, de modo a que não nos vamos reduzindo ao desânimo, apesar de curtos momentos de euforia, com sóis trémulos, logo engolidos por novas noites de breu.
Vale a pena lembrar um episódio, no já distante ano de 1972, quando, em pleno regime do Estado Novo, depois da ilusória primavera marcelista (de Marcelo Caetano, para que não haja equívocos), num tempo em que a liberdade de manifestação era uma miragem se realizou em Bragança, uma manifestação ruidosa, que encheu a Praça da Sé e culminou na sede do partido único, então transmutado de União Nacional em Acção Nacional Popular, com intervenções vibrantes contra o IV Plano de Fomento, instrumento “estratégico” para o desenvolvimento.
Estava em causa uma liderança regional, dentro do partido único, de Camilo de Mendonça que, considerava-se em Bragança, iria privilegiar Mirandela e Macedo de Cavaleiros. Por trás do evento estava a ala de António Gonçalves Rapazote, então ministro do Interior. O resultado foi a morte do projecto camiliano, que bem poderia ter sido fonte de venturas para todo o distrito, mas que se quedou num amontoado de ruínas, sobre as quais continuamos a verter lágrimas de crocodilo. (Vem a propósito dizer que Camilo de Mendonça foi o padrinho de baptismo do actual presidente da República)
Nos tempos democráticos pouco se alterou no que respeita ao império do bairrismo sem horizonte e vamos em quase meio século de oportunidades perdidas, apesar das torrentes de dinheiro que inundaram o país, sem inverter a nossa condição de condenados ao último suspiro. Porque os priores de cada capelinha não têm sabido identificar os objectivos comuns que nos fortaleceriam a todos.
Assim, temos sido relegados para as últimas prioridades, o que acentua a propensão para o salve-se quem puder. Talvez valha a pena ainda reiterar o apelo para que se mude de rumo e os doze concelhos do distrito, que ainda não morreu, apesar dos golpes traiçoeiros, promovam uma verdadeira cooperação.
Desde logo é fundamental que os três concelhos do sul, que integram agora a CIM Douro, percebam que a centralidade de Vila Real pode ser-lhes mais asfixiante do que a mítica centralização de Bragança, propalada por interesses inconfessados.
Entretanto, nada deveria impedir que se defendesse com firmeza a concretização das ligações do IC5 ao território espanhol e do IP2 às Rias Bajas, complementadas pelo desenvolvimento de estratégias de pressão, a nível nacional e no país vizinho, para a rápida concretização da autoestrada entre Zamora e Quintanilha, sem esquecer que estão prometidas intervenções nas ligações de Vinhais e Vimioso a Bragança, obras fundamentais para trazer alguma justiça às populações daqueles concelhos.

Escrito por Teófilo Vaz (Diretor do Jornal Nordeste)

Carnaval permanente (Editorial do Jornal Nordeste de 01/03/2017)



Um jornal que sai à terça não pode alhear-se do carnaval, abanão milenar na ordem social que, em cada tempo, vai enquadrando as sociedades.
Os carnavais, para além da erupção controlada de “sulfurosos vapores infernais”, têm vindo a ganhar também uma função de purgante, aliviador do imediato político, que se traduz em fazer dos figurões responsáveis autênticos bombos da festa.
Com as exéquias de entrudos, momos, até do pobre bacalhau, o mundo parece querer voltar à sua desejavelmente compassada marcha, ordenada e obediente, sejam quem forem os mandadores.
Afinal, viver o carnaval não é muito mais do que partilhar o sorriso, andar de braço dado com o sarcasmo e sonhar com luxúrias e gulas, que esperamos vejam o mal que fazem perdoado pelo bem que sabem.
Problema mais complicado é quando vamos percebendo que já há quem não conceba a vida senão como um permanente carnaval, realizando todos os dias permanentes mascaradas, com farsantes a acudirem, frenéticos, a cada esquina. O mundo tende a tornar-se uma verdadeira paranóia, onde não haverá condições para distinguir a humanidade da selva, que é como quem diz a racionalidade do instinto ou a construção do futuro do rebolar no esterco de uma pocilga roncante.
De que outra coisa se poderá falar quando nos confrontamos com um episódio, à primeira vista ridículo, como foi o desaparecimento, do Comando Nacional da Polícia, de 57 armas, com os respectivos estojos, algumas encontradas nas mãos de facínoras, por cá, outras por Espanha e até em Ceuta, a cidade que foi nossa até 1580 e hoje continua sob administração de “nuestros hermanos”? Se não é um passe carnavalesco, então a sociedade está doente a um ponto que já não encontrará remédio. Só na América latina profunda, das repúblicas das bananas e dos coronéis tapioca se poderá encontrar paralelo para semelhante humilhação do Estado de Direito. Ou na África dos senhores da guerra, onde os instrumentos de morte circulam ao ritmo macabro do genocídio.
Olhando com atenção para o nosso contexto, de nada vale ficarmos de boca aberta, como acontece aos patêgos. Este foi somente um sinal, entre muitos, da degradação a que vemos chegar a comunidade. Quando um ex-primeiro ministro é suspeito de tudo o que se tem ouvido, quando um ex-presidente da República e ex-primeiro ministro fez carreira política de braço dado com gente sem escrúpulos, que se serviu gulosamente das funções políticas para seu exclusivo proveito, quando os deputados se ocupam na preparação de truques para iludir os cidadãos, em vez de esclarecerem com frontalidade os actos e os efeitos das suas decisões e das do governo do país, estamos a atingir o grau zero da dignidade e, por isso, não admira que rapidamente se caminhe para o caos social.
Então se perfilarão arautos de novas ordens que, a pretexto de travar o Carnaval permanente, não deixarão lugar à liberdade, que é a condição primeira para uma vida que valha a pena ser vivida.

Escrito por Teófilo Vaz (Diretor do Jornal Nordeste)

Educação: o irritante labirinto (Editorial do Jornal Nordeste de 21/02/2017)



Anunciada a enésima reviravolta no funcionamento do sistema educativo, retomando a lenga-lenga da auto-aprendizagem e do império do prazer na escola, resta-nos abanar a cabeça, respirar fundo e esperar que o bom senso ainda encontre tempo e espaço no nosso futuro e, especialmente, no das próximas gerações que hão-de passar pelas escolas, se ainda as houver.
Durante décadas aventureiros sem raiz invadiram o sistema educativo, promovendo o caos, à espera de ficar à tona no caldo do obscurantismo. Inventam novas vanguardas a cada passo, gritam provincianas referências em cascata, hoje o Chile, amanhã a Finlândia, depois a Coreia, num seguidismo de experimentalismos sem conclusões sólidas, ao sabor de pequenos e grandes interesses corporativos e mesquinhos.
O efeito tem sido, apesar das ilusões vendidas nas praças das novas Baratarias, o descalabro generalizado do verdadeiro conhecimento, da sabedoria, confundidos com espertezas rançosas, ninhos dos germes da ousadia, a medrar nos monturos da ignorância.
Nunca houve tanto leitor trôpego ao fim de mais de uma década de frequência da escola, nunca se escreveu de forma tão caótica, mesmo ininteligível, quando se está prestes a franquear a ombreira das portas das universidades. No entanto, têm a supina lata de proclamar estes tempos como os das gerações mais preparadas de sempre.
Sabemos todos que, realmente, não é assim. Sentimos, alguns, que nestas décadas se foi desenvolvendo uma cruel traição, que inviabilizou para sempre o cultivar da sabedoria por milhões de cidadãos deste país, em nome do resultadismo estatístico com efeitos gravosos no funcionamento geral da sociedade, uma fonte interminável de frustrações.
A educação é o esteio insubstituível da dignidade, da autonomia e da liberdade autêntica. Não pode ser confundida com facilitismo, mascarado de incentivo à procura individual sem norte. Dessa forma ficaríamos condenados a recomeçar sempre o percurso, não saindo nunca do sítio da pantanosa mediocridade. Para arriscar o percurso prospectivo é preciso partir de conquistas consolidadas, para que se olhe o horizonte com o ânimo de lhe romper os limites.
O grande ideal era garantir o direito de todos a participar do conhecimento, cada um à medida das suas capacidades, do seu esforço e do seu trabalho. Aí se justificaria a flexibilidade dos professores, libertos das imposições rígidas do curriculum, partilhando a construção da autonomia de cada aluno, que haveria de chegar, ao seu ritmo, ao verdadeiro sucesso.
O que se tem feito é uma forma hipócrita de confusão do sucesso com a mediocridade, instalando um labirinto cada vez mais enredante, onde nem será possível esperar pela revolta de um qualquer Ícaro, porque já ninguém sonhará com asas libertadoras.

Escrito por Teófilo Vaz (Diretor do Jornal Nordeste)

quarta-feira, 8 de março de 2017

SÉ: PRAÇA, MEMÓRIA, COMUNIDADE.



Exposição Coletiva de Fotografia

A fotografia que ilustra este anúncio é de 2016 mas o que pretendemos é fazer uma exposição de fotografia, a inaugurar no dia 25 de Março, que mostre ao público a evolução da Praça da Sé na sua forma, estética, uso e fruição ao longo dos tempos.

Contamos com a colaboração da comunidade local para reunir registos de imagem de diferentes períodos da Praça da Sé, como forma de resgate e partilha da memória coletiva mas, sobretudo, de reflexão acerca da identidade e função da Praça enquanto espaço público icónico da cidade de Bragança.

Procuramos cidadãos com vontade de partilhar registos fotográficos históricos da Praça da Sé. 
Podem contactar-nos por mensagem no Facebook ou através do mail: pdezasseis@gmail.com

Muito obrigado!
Pedro Cepeda

Fotografia: António Sérgio Strecht

Divulgamos esta atividade do "Bar Cultural Praça16" por entendermos ser extremamente interessante e convidamos à sua participação.

Marcolino e Maria Cepeda