segunda-feira, 30 de março de 2015

Feiras dedicadas ao folar superam expectativas

Este fim-de-semana, foram muitos os transmontanos já adquiriram folar, a pensar na Páscoa. 

A Feira do Folar de Valpaços realizou-se pela 17ª vez. Os expositores garantem que a qualidade do produto se reflecte nas vendas e a organizou superou as expectativas.
O presidente da Câmara Municipal de Valpaços, Amílcar Almeida, acredita que esta foi a melhor feira sempre.“Pela primeira vez, sábado conseguimos esgotar em alguns stands. Foi um sucesso. Eu diria que foi a melhor feira que algum dia se realizou no concelho de Valpaços e continuo a querer acreditar que é a maior feira gastronómica de toda a região Norte”, sublinha.Presente na abertura do certame, o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Leal da Costa, enalteceu o impacto económico da iniciativa e a qualidade dos produtos em destaque “para a economia local e nacional”. Em Izeda a feira do folar, promoveu este ano, pela primeira vez, o azeite regional. O certame, que se realiza na Escola Básica da vila, tem vindo a crescer em número de expositores, no entanto, o presidente da União de Freguesias de Izeda, Calvelhe e Paradinha Nova, Luís Fernandes, reclama construção de um pavilhão multiusos, de forma a ampliar a feira. “Houve expositores que foram recusados por falta de espaço. Na tenda exterior este ano tivemos de colocar muitos expositores nesta tenda, o que quer dizer que o pavilhão que temos disponível não é suficiente. É uma reivindicação que fazemos para que Izeda possa vir a ter um pavilhão de maiores dimensões que permita albergar esta feira e ajudá-la a crescer”, refere o responsável autárquico.Uma ideia que não é totalmente posta de parte pelo presidente do Município de Bragança, Hernâni Dias, que sublinha que esse terá de ser um projecto ponderado e que dependerá da disponibilidade de fundos comunitários. “É necessário perceber se há esse crescimento que obrigue a que haja outro tipo de condições”, frisa o autarca. Na Feira de Izeda foram vendidos cerca de 4500 quilos de folar. Já na Feira de Valpaços venderam-se cerca de 50 toneladas deste produto, no fim-de-semana.

Escrito por Brigantia.
Retirado de www.brigantia.pt

Fotógrafos captam imagens do Douro Internacional e Montesinho para reunir em roteiro turístico

Um grupo de fotógrafos amadores e profissionais estiveram este fim-de-semana a registar com um olhar diferente e de máquina em punho alguns dos melhores locais dos parques naturais de Montesinho e do Douro Internacional.

O objectivo é reunir as melhores fotos num roteiro turístico da região. Uma iniciativa do Turismo do Porto e Norte de Porte, que ontem se focou no Parque Natural do douro Internacional. Para que a informação sobre o vasto património do Douro Internacional esteja mais facilmente acessível é preciso disparar muitas vezes. Estas imagens reflectem o que chamou a atenção de quem está a conhecer e vão guiar outros turistas, integrando um roteiro para promover o Norte do país.A encaminhar o grupo que ontem visitou e fotografou alguns locais de interesse do Parque Natural do Douro Internacional, segue João Nunes, vigilante do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas destaca diversos pontos de interesse na zona protegida.“Esta região, por ser humanizada, tem a particularidade de ter elementos naturais, mais culturais. Temos uma língua uma cultura, uma arquitectura, um 'modus vivendis' e depois, a nível natural, temos as escarpas do Douro que são de uma riqueza ímpar para a nidificação de várias aves, temos uma flora ímpar. E tudo isto são, no fundo, pequenas pérolas que se podem explorar durante todo o ano”, entende o vigilante da natureza. Natural de Aldeia Nova, Miranda do Douro, João Luís, que já escreveu um livro sobre a localidade, faz por vezes de guia improvisado. “Muitas vezes, mas não podemos considerar guia eu sou um informador, gosto de informar, sobre o que há aqui na zona e daquilo que mais gosto que é a biodiversidade, que somos muito ricos nesse sentido”, frisa. Nuno Rêgo de Valongo é um dos sete participantes. Já tinha estado na região, mas acha que o concurso é uma boa maneira de conhecer melhor o local. “Se calhar com um bocado de pesquisa encontramos mas é uma boa maneira de vir conhecer mais facilmente com o guia, no caso os vigilantes que acabam por ter mais conhecimento”, refere. As fotos de Nuno ou de um dos outros 6 companheiros do circuito fotográfico vão ilustrar a paisagem do Douro Internacional mostrando as suas maiores potencialidades num guia. Esta é uma reportagem que pode ouvir esta segunda-feira depois do noticiário das 17 horas e ler na edição desta semana do Jornal Nordeste.

Escrito por Brigantia.

Retirado de www.brigantia.pt

Biografia e último livro de Amadeu Ferreira apresentados em Bragança

Foi apresentada em Bragança, no Centro Cultural Adriano Moreira, a biografia e também o último livro de Amadeu Ferreira, intitulado Velhice.

"O fio das lembranças" que, ao longo de mais de 800 páginas, retrata o percurso do autor recentemente falecido é da autoria de Teresa Martins Marques, investigadora do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias. A recolha de informações tem por base uma entrevista de 31 horas a Amadeu Ferreira, filmada pelo realizador transmontano Leonel de Brito, diversos depoimentos de amigos e familiares e estudos críticos sobre o biografado. Face a esta pesquisa exaustiva, Teresa Martins Marques, não tem dúvidas em afirmar que Amadeu Ferreira foi uma figura cimeira da cultura mirandesa e transmontana. Ocupa uma posição cimeira, não tenho a menor dúvida é mesmo um dos títulos dum capítulo: Amadeu Ferreira, uma figura cimeira da cultura mirandesa e transmontana em geral. A própria parte final da mega-entrevista é uma espécie de testamento literário, que não o pensou como tal mas acaba por ser, do que acha que deve ser a continuação da pesquisa mirandesa. Não só foi um homem de acção por aquilo que fez, como de preocupação do que resta fazer”, salienta a autora. Jorge Nunes apresentou esta obra biográfica. O ex-presidente da Câmara de Bragança que considera Amadeu Ferreira “provavelmente o transmontano mais ilustre da geração de Abril”, admite que foi difícil escolher um título para a apresentação. “As possibilidades eram inúmeras. Aquele que me pareceu mais ajustado ao perfil da pessoa e aquilo que é descrito na biografia foi a de Transmontano sábio e peregrino”, destacando que “vale a pena conhecer o percurso de Amadeu Ferreira e a sua tenacidade. No evento, foi ainda defendido que se faça uma homenagem a Amadeu Ferreira que vá para além da apresentação da obra. O escritor, tradutor, jurista, professor universitário natural de Sendim, foi também um dos maiores investigadores da língua mirandesa.

Escrito por Brigantia.

Retirado de www.brigantia.pt

sábado, 21 de março de 2015

Poesia

cinzento, o dia passa devagar
sem poesia nenhuma
frio, o dia, que o tempo torna voraz
ávido de calor, de palavras
que ditem amor
melodia,
mel,
paixão de corpos entrelaçados
em delírio
e trevas
ou medos
infortúnios
degredos...

poesia.

na minha língua
na tua
noutra, de todas as línguas
bela, como a minha
a nossa
a tua
onde amamos da mesma forma
ou de diferente maneira
e somos, apenas, palavras

poesia.

choro
angústia
maresia,
de mar imenso
embala o meu sono inquieto
turbulento
como a palavra noite
quando um pesadelo rompe,
violento,
como a palavra guerra
e a palavra morte
que mata
culpados e inocentes

poesia.

faço-me mar
montanha
primavera
junquilhos amarelos no meu jardim
quimera...
não há poesia num sorriso triste
só na palavra tristeza
num pequeno ponto
núcleo
origem
momento
que se torna suave brisa
ou tormentoso vento

Maria Cepeda


terça-feira, 3 de março de 2015

Tristeza

triste como um dia que chora
silêncios
vestidos de negro
olhares cinzentos
os corvos voam
em círculos, melancolicamente
não há ciprestes
nem lágrimas fugidias
a dor espraia-se no olhar

longe da sua Fragua
exalou suspiro
talvez com vontade de ficar

Maria Cepeda

EMÍDIO MADEIRA - Um colega de curso. "TALVEZ TENHA FEITO DE AMADEU O MEU HERÓI"

Conheci o Amadeu em Janeiro de 1986, na primeira aula a que assisti, do meu curso de Direito, na Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa.
Como era trabalhador-estudante e vivia no Alentejo, só podia frequentar as aulas em dois dias por semana. Por isso, o meu professor de Filosofia de 12º ano, creio que se chamava Herminio, aconselhou-me a procurar um seu conhecido que ia frequentar o mesmo curso, na mesma Faculdade e que seria a pessoa indicada para me auxiliar, sobretudo quanto à obtenção de apontamentos de aulas que eu não frequentasse. Além disso, dizia-me esse professor, o Amadeu tinha uma capacidade intelectual fora do comum e uma forma de ser que cativava de imediato.
E assim foi. Conheci o Amadeu e ganhei, de imediato, um amigo sincero e alguém que havia de ser decisivo no meu curso.
No mês seguinte, Fevereiro de 1986, tive exame de Constitucional I. Não estava preparado para o exame e não passei.
A constatação de um mundo diferente do meu Alentejo, a dificuldade das cadeiras do curso e o meu cansaço, determinaram uma depressão que me tirou todo o alento e levou-me a pensar desistir do curso.
O meu recente e leal amigo acompanhou-me, após o exame, desde a Faculdade até à estação dos autocarros, no Campo Pequeno, sempre a convencer-me que aquilo era um percalço que não merecia a minha desistência.
Foi o primeiro de muitos actos que eu considero determinantes para a conclusão da minha licenciatura. Hoje posso afirmar que o Amadeu não me deixou desistir e recuperou-me.
Além do valor intelectual, acabara de compreender o valor da humanidade deste homem que conhecera havia tão pouco tempo.
Fiz toda a minha licenciatura na mesma sub-turma do Amadeu. Creio, aliás, que esse foi o factor decisivo: o Amadeu.
Durante os cinco anos de licenciatura, o Amadeu acabou por ser a referência de quase todos os alunos de Direito. Muitos, mesmo muitos colegas, devem-lhe grande parte dos seus estudos.
Com efeito, o Amadeu fazia apontamentos por cadeiras e temas que toda a gente utilizava, qual Bíblia da faculdade.
No segundo ano inscrevemo-nos no turno da noite. O dia era para trabalhar.
Eu já tinha filhos e o Amadeu também. De vez em quando reuníamos a família em convívio, porque foi sempre muito fácil conviver com ele.
A palavra simples e fácil do Amadeu cativava, desde logo pela sua visão das coisas, pela simplicidade e simultaneamente riqueza das ideias, mas igualmente porque era fácil aprender consigo. Na verdade, ao longo dos cinco anos de licenciatura discuti inúmeras vezes com o Amadeu sobre os variados temas de cada cadeira. Quando podia «puxava» por ele. É que eu conseguia aprender muito mais a ouvi-lo do que a ler os livros ou sebentas. Ele tem esse dom do ensino. Torna as coisas fáceis e compreensíveis.
Recordo que um dia o Amadeu me disse que ia ensinar creio que era Direito do Trabalho, aos funcionários de um banco. Penso que isto foi no terceiro ano e Direito do Trabalho só iríamos ter no ano seguinte. Perguntei-lhe como era possível, se ainda não conhecíamos a cadeira. Respondeu-me, na sua simplicidade, que ia estudar a cadeira e ficava já em vantagem para o ano seguinte.
Eu ficava surpreendido, embora já não assim tanto, com a capacidade que ele demonstrava. Eu aflito para conseguir acompanhar as cadeiras do ano e ele estudava já uma do ano seguinte… Mas não era só isto. Eu sei que ele frequentou o curso de Alemão e creio que o Conservatório. Penso que terá sido já no final do curso, ou algo do género.
A inveja que eu tinha. Durante o liceu, do 10º ao 12º ano, fui sempre o melhor aluno. Ali, na presença do Amadeu, sentia-me pequenino, intelectualmente limitado, mas com uma admiração que não consigo descrever. Aliás, à medida que vou escrevendo, vou tomando consciência de que não conseguirei descrever integralmente o que foram esses cinco anos. Não sei transcrever fielmente esse tempo.
Os testes, em regra, versavam sobre uma hipótese prática que abrangesse um grande número de figuras jurídicas estudadas.
A solidariedade do Amadeu era tão grande, e a dependência da turma era tal que ele fazia o levantamento e o esqueleto da solução em 10 minutos e depois passava para toda a gente poder resolver a solução, sem a ansiedade da incerteza.
No quinto ano, antes de cada exame, reuniam todos os alunos numa sala e o Amadeu explicava, com palavras suas, o que era realmente importante na matéria do exame.
Gravávamos as aulas teóricas e entre todos passávamo-las para o papel e entregávamos ao Amadeu. A partir dessas aulas o Amadeu concebeu sebentas que eram autênticos manuais, imprescindíveis no estudo. Creio que ainda hoje essas sebentas circulam pela Faculdade. Para nós eram preciosidades, porque nos permitiam estudar com um esquema simplificado da matéria.
O Amadeu foi não só aluno, amigo ou companheiro, mas a salvação e o professor de muitos colegas. Por isso lhe foi prestada, no final do curso, uma justa homenagem, num jantar que reuniu em seu redor todos os colegas que lhe quiseram demonstrar o seu reconhecimento.
Pela minha parte, não tenho qualquer dúvida em admitir que sem a companhia do Amadeu, o seu apoio, os seus ensinamentos, não teria coragem, espírito de sacrifício ou perspicácia intelectual suficientes para concluir o curso.
Mas o Amadeu não se distingue apenas pelas suas capacidades intelectuais, ou pela sua íntegra humanidade.
Os laços de amizade que se estabeleceram entre nós estenderam-se às respectivas famílias. Saímos inúmeras vezes juntos e até com outros colegas do nosso grupo, como o Frota, o José Carlos, e outros mais.
A forma como encarnava o papel de marido e de pai deixava-me com inveja. E com enorme admiração. Aquele homem era, aliás foi sempre, um exemplo para mim. Eu queria ser como ele, ter a sua estrutura genética. Queria ser tão bom marido e tão bom pai. Ele exalava uma espécie de paz que me fazia sentir outro, sempre que estávamos juntos.
Talvez tenha feito do Amadeu o meu herói. Mas nunca conheci ninguém assim.
Sei que haverá muito mais a dizer. Honestamente, tenho rebuscado nas minhas memórias outros episódios, outras situações que pudesse relatar. Infelizmente muitas coisas já não as retenho, talvez porque a minha vida não tem sido fácil e memórias de outros tempos vão sendo substituídas por preocupações dos tempos actuais.
Do que ficou por dizer, só peço que me perdoe.

Estremoz, 20 de Outubro de 2012


Publicado por Teresa Martins Marques – O Fio das Lembranças. Uma Biografia de Amadeu Ferreira

MARIA DOS ANJOS CAPOTE - COLEGA NO CONSELHO DIRECTIVO DA CMVM

AMADEU FERREIRA SURPREENDENTE!


Ao aceitar o desafio de escrever sobre Amadeu Ferreira, revi mentalmente o que tem sido o nosso dia-a-dia nos últimos anos.
Sim, de facto o que dizer de alguém com a qual iniciamos uma relação profissional, que fomos conhecendo e descobrindo as suas qualidades intelectuais e humanas e aprofundando uma amizade sólida. Alguém que integra o nosso quotidiano… Nestes últimos oito anos encontro-me com o Amadeu quase todos os dias…
O Amadeu Ferreira é uma pessoa de quem é fácil gostar. Mas quando reflicto sobre ele, e se tivesse que resumir numa palavra a sua personalidade, diria que se trata de um ser surpreendente. Na verdade, ainda que me arrogue de conhecer bem o Amadeu, ele não deixa de me surpreender!
Estamos em meados de 2005, havia que reconduzir o Conselho Directivo da Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM), recebi os curricula dos respectivos membros e entre eles o currículo do Dr. Amadeu José Ferreira. Li-o com surpresa! Aliás, a sua leitura só pode surpreender o leitor desprevenido. Não se trata de algo pré-formatado com uma descrição mais ou menos incipiente de um conjunto de actividades. Não! Trata-se de um curriculum vitae – de um currículo de vida!
Avançando o ano de 2005, prestes a integrar o Conselho Directivo da CMVM, recebo um telefonema do Dr. Amadeu Ferreira dando-me (tão só e daí a surpresa…) as boas-vindas e disponibilizando-se para me «acolher» no que seria em breve o meu local de trabalho. Fiquei surpreendida! Que amabilidade… Eu nem o conheço pessoalmente…!
Depois veio a apresentação pessoal e, para surpresa minha, havia um sorriso franco de alguém que genuinamente e tão só acolhe quem chega de novo à instituição que considera como sua casa.
E as surpresas sucedem-se!
Os desafios de índole profissional que se colocam a quem trabalha numa instituição que assume a missão de «regulador dos mercados» (os tão falados mercados…) são enormes e é sempre com surpresa que vejo o Amadeu a dar «um murro na mesa» e, logo a seguir sorrir…assumir com emoção as contendas para, logo a seguir, as relativizar…
Mais tarde, veio o conhecimento pessoal mais próximo, as relações familiares, o conhecimento dos que lhe são queridos. E as lições de vida sucedem-se. Surpreendentemente conhecemos as suas paixões (para além da CMVM): a sua terra natal, o mirandês…
Ao longo destes anos, as oportunidades de conversa aconteceram, pelas mais diversas razões e emoções... O conhecimento e a sensibilidade do Amadeu sempre surpreendem!
Com surpresa concluímos que temos amigos em comum…que partilhamos preocupações e esperanças.
Por fim, um teste:
Experimentem apresentar o Amadeu a amigos vossos…e verão a surpresa que vos espera!

Publicado por Teresa Martins Marques - O Fio das Lembranças. Uma Biografia de Amadeu Ferreira