segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

MARIA DE JESUS CEPEDA - Tudo começou numa entrevista para a RBA

A boina mirandesa na cabeça, o sorriso no rosto, o ar de boa disposição aliado a um olhar perspicaz, perscrutador e inteligente, dono, como mais tarde confirmei, de uma vontade férrea, eis um breve retrato de Amadeu Ferreira. Mas o que ecoa nos ouvidos e no coração é a sua gargalhada, o seu riso…
Quando o conheci, chamou-me a atenção a sua simplicidade. Depois de ter lido o seu impressionante currículo esperava ver entrar um senhor aperaltado, de fato, algo sisudo, sem ser antipático. O que vi foi uma pessoa descontraída, vestida de forma informal e extremamente observadora. Nunca pensei estar a ver um futuro grande amigo, por quem nutro, para além de sólida amizade, uma admiração sem limites.
Fala com tanta paixão da sua língua mirandesa que me fez ter vontade de a aprender e até encetei uma tímida tentativa de o fazer. Leio e entendo quase tudo mas não escrevo nem falo o que me deixa alguma frustração.
Tendo comprado o Tempo de Fogo e o La Bouba de la Tenerie,viro-me para o Amadeu e, como quem adivinha a pergunta, diz-me:
- Lê primeiro a versão mirandesa.
Tinha dúvidas sobre a minha capacidade para empreender essa jornada…Li, de uma assentada, La Bouba de la Tenerie.
Mas, de todos os momentos, o que mais me tocou o coração e a alma foi o facto de ele ter percorrido mil quilómetros para estar connosco quando lançámos o blogue Nordeste com Carinho no Museu Abade de Baçal em Bragança. Não precisava de o ter feito. A maioria dos entrevistados não se deu a esse trabalho.
Quando o vi assomar à entrada da sala onde procederíamos ao lançamento, a minha reacção foi dar-lhe um abraço apertado. Foi nesse momento, talvez, que se efectivou na minha mente o tipo de homem que ele é: um amigo único e insubstituível.
Mas o melhor… foi vê-lo na minha cozinha a lavar-me a louça do jantar, juntamente com a Teresa, enquanto o Marcolino e o Ernesto se mantinham na saleta atentos às nossas movimentações.
Como sempre, sereno e atento, nunca descura os outros. Está sempre com mil projectos a orbitarem-lhe a mente. Como, às vezes, lhe digo, os seus dias devem ter mais horas que os nossos. Tem uma capacidade inesgotável de trabalho.
E tudo começou com a entrevista que nos concedeu para o programa Nordeste com Carinho, levado a antena pela Rádio Bragançana, RBA…


Publicado por Teresa Martins Marques – O Fio das Lembranças. Uma Biografia de Amadeu Ferreira

MARCOLINO CEPEDA - Um AMIGO DE SEMPRE

Conheço o Amadeu desde muito novo. Os nossos caminhos cruzaram-se em Bragança, onde nasci e onde ele estudava. Ambos, «jornalistas» do jornal Mensageiro de Bragança. Por ali nos cruzámos mas nunca convivemos muito. Por ser cinco anos mais velho do que eu, quando comecei as minhas deambulações jornalísticas, já ele se tinha afastado e estava a lutar pela sua vida. Como ele próprio diz, «eu sou uma pessoa que nunca me queixo e portanto olho as coisas e luto». «… empenho-me nas coisas até à exaustão, até cair para o lado. Não o faço deliberadamente, nem o procuro.» Ele é assim.
Quando em 2005 decidimos fazer um programa de entrevistas na rádio Bragançana, RBA, tínhamos como intenção entrevistar transmontanos que, de alguma forma, tivessem feito algo em prol da sua terra. Ninguém melhor que o Amadeu e, por isso, encetámos contactos para falar com ele. Servimo-nos de amigos para conseguir o seu telemóvel e, atrevidos, não perdemos tempo. Para nossa satisfação, apesar da sua enorme modéstia, disse que sim, «mas que não merecia, que havia outros que tinham o mesmo mérito…»
Chegado o dia, de manhã, à hora marcada entra pela rádio um casal… ele, como me contou a minha mulher, com semblante sorridente, simpático e uma boina mirandesa na cabeça, vinha acompanhado pela esposa. A cumplicidade foi imediata. Parecia que ainda ontem havíamos estado no Mensageiro, cada um empenhado no seu trabalho. Estava ali um verdadeiro transmontano, puro e genuíno, humilde e sábio, muito sábio. Tão acessível, tão próximo, tão amigo.
À medida que a entrevista avançava, fui descobrindo muitas similitudes entre nós. Quisemos, eu e a minha esposa, uma entrevista algo intimista, sem esquecer a razão principal: falar de Trás-os-Montes. Senti-me retratado quando declarou a sua fome de livros e contou que todos os seus amigos os requisitavam, no carro da Gulbenkian, para que ele pudesse ler.
Descobri um homem que mais não faz do que dedicar ao bem comum a sua vida. A luta pelo reconhecimento da sua, e nossa, língua mirandesa é exemplo significativo mas, mais importante ainda, é a sua entrega aos amigos e a quem precisar da sua ajuda. Não sabe dizer não.
Não poderei, nunca, agradecer-lhe o facto de se ter deslocado de Lisboa até Bragança, num Sábado, apenas para assistir ao lançamento do nosso blogue, Nordeste com Carinho, onde temos divulgado as entrevistas realizadas na rádio através da rubrica com o mesmo nome. Ofereceu-me a sua amizade como facto consumado, com a naturalidade de um dia de sol.
A sua inteligência não sofre contestação. A sua dedicação a causas é-lhe intrínseca. Não deve dormir muito. Não tem tempo. Trabalha como se não houvesse amanhã. Os seus projectos parecem não ter fim. Concretiza-os a todos com a qualidade que só as grandes inteligências são capazes de alcançar.
Homem de letras, não poderia deixar de ser fundador da Academia de Letras de Trás-os-Montes. E aqui está um retrato brevíssimo de um transmontano, homem do mundo, como todos os transmontanos, mas absolutamente único e irrepetível. Um homem de causas: «Eu não as procuro mas, não sei… dá-me ideia que é um defeito meu…» / «As causas, elas, como que se me impõem.»
Tenho o enorme prazer e a honra incomparável de o ter como amigo. Obrigado Amadeu.

Bragança, 10 de Novembro de 2013


Publicado por Teresa Martins Marques – O Fio das Lembranças. Uma Biografia de Amadeu Ferreira

A POBREZA ESTENDE A MÃO À CARITAS (Excerto da Biografia que escrevo sobre Amadeu Ferreira)

«Não tenho qualquer recordação de beber leite na minha infância, ou de haver leite em casa. Em dias raros de festa religiosa, as freiras do Asilo podiam dar um copinho de leite feito a partir do leite em pó da Caritas. Não havia vacas na aldeia para produzir leite, pois todas as vacas eram usadas para o trabalho do campo e eram de raça mirandesa. Apenas se conhecia o leite de cabra, sobretudo consumido pelos pastores que tinham cabras ou para fazer algum, raro, queijo, a que também não tínhamos acesso.»
A propósito do queijo, Amadeu conta um episódio muito curioso em que esteve envolvida outra criança - Adília - que mais tarde casaria com o Abel, o irmão mais velho de Amadeu. Acontecia episodicamente a Caritas distribuir alguns alimentos pelos alunos considerados mais pobres da escola. A distribuição era feita pelo padre, que avaliava o grau de pobreza de cada um e, em conformidade, distribuía os mantimentos. «Não posso deixar de referir a vergonha que implicava o receber o estatuto de mais pobre, mas para mim a tudo isso se sobrepunha o sabor do queijo a que de outro modo não teria acesso.» De modo sistemático os alimentos da Caritas apenas iam para o Asilo, a Casa da Criança Mirandesa. Os alimentos distribuídos em pequena quantidade eram leite em pó, feijão, manteiga, queijo e farinha. «Certo dia também eu me desloquei para receber o que me dessem. Creio que ainda não andaria na escola ou andaria nos primeiros anos. Fiquei decepcionado, quando vim para casa apenas com algum feijão e creio que algum leite em pó. Mas os olhos ficaram-me no queijo e vim para casa a chorar, que eu queria queijo e exigia que a minha mãe lá voltasse comigo a exigir o dito queijo cor de laranja, mas a minha mãe tinha vergonha de ir lá pedir e eu ali fiquei pela rua a chorar, com as mulheres da rua a comentar que não estava certo e que tinham dado queijo a “fulano” e “cicrano” e que não mereciam, pois não eram mais pobres. E assim, o queijo tinha-se tornado uma espécie de fiel de balança do estatuto de pobre, já que o queijo era um bem escasso na aldeia. Quanto ao feijão que me tinham dado era colhido por nós na horta, havia sempre em casa e fazia parte da nossa alimentação diária. A certa altura da minha choradeira pelo queijo, a Adília Afonso, dois anos mais velha e hoje minha cunhada, disse: «Ah Amadeu bamos alháls dous a buscar l queiso.» Agarrou-me pela mão, e lá fomos ambos ao local da distribuição. Acompanhei-a calado e deixei que fosse ela a discutir com eles e a apresentar os argumentos. E conseguiu que ambos viéssemos para casa com o nosso bocado de queijo cor de laranja e nova dose de feijão, leite em pó e não me lembro que mais.
Sempre me impressionou aquela determinação da Adília, também ela uma criança, capaz de vencer a timidez e enfrentar aquela gente que distribuía alimentos em nome da Caritas. Ela teve o apoio de todas as mulheres da rua e até hoje esse feito me impressiona. A determinação da Adília, que possivelmente já não se lembra deste episódio, foi sempre uma lição para mim e em mim se gravou como uma das suas características de luta e de voluntarismo.»
Este episódio retrata bem a aldeia e o Portugal do tempo, humilhado e salazarento, pobre, mas sem verdadeira consciência de o ser, envergonhado, estendendo a mão à Caritas.


Publicado por Teresa Martins Marques - O Fio das Lembranças. Uma Biografia de Amadeu Ferreira

domingo, 8 de fevereiro de 2015

AMADEU FERREIRA: UM PASSO À FRENTE DO NOSSO OLHAR!

Entre zimbros, carrascos, freixos, carvalhos e searas ondulantes surgiu, em 1950, em Sendim, Miranda do Douro, uma luz na planície mirandesa: Amadeu Ferreira.
O Planalto Mirandês e Transmontano nunca mais será o mesmo!
Amadeu Ferreira e Fracisco Niebro caminham, lado a lado e a par e passo, numa única sombra.
Perdoem-me os Amigos, mas não vou falar da obra científica nem da obra literária do Amadeu Ferreira ou do Fracisco Niebro. Desta, fala magnificamente a autora da biografia.
Vou falar tão só do homem que temos a honra e o privilégio de conhecer. Do Homem que tem sangue e cânticos a correr-lhe nas veias, que pensa e se emociona como os habitantes da minha aldeia – também ela transmontana e situada no Planalto Mirandês. Do homem que sabe as horas do dia pela altura do Sol e o tempo das malhadas pela cor das searas. Um homem humilde, amigo do seu amigo, um homem verdadeiramente singular.De vulto pequeno e sonhos imensos, teve a ousadia de desafiar a terra fria a brotar poesia. E conseguiu.
Tal como um retratista instantâneo, traçou, de forma segura e sublime, a linha de Vida de cada uma das personagens desta região, colorindo de histórias os rostos marcados das mulheres e dos homens que povoam este território situado «para lá do Marão», sinal inquestionável de quem manda nestas geografias humanas.
Viajante de vários saberes, conquistador inato da alegria e ignorante da «derrota», ergueu um império de saber até então guardado no segredo das pedras. E a estas deu-lhes voz na sua língua e na dos outros, mostrando que o conhecimento é como o vento: leva e traz alegrias e tristezas, próprias do ser humano, e conserva-as no aroma da memória de um Povo. O Povo que ele exalta de forma única, seja na prosa, seja na banda desenhada, seja na música, seja no poema… O seu Povo sem bandeira de cores, porque esse Povo é ele próprio a Bandeira!
Invulgarmente amável, é com o coração que cativa. Um coração sem tamanho onde todos cabemos com espaço e em liberdade. Um sorriso franco e brilhante como as estrelas da manhã e um olhar envolvente que nos convida a ficar, cada vez mais e sempre, até se tornar tão familiar como nós a nós próprios, num tranquilo sussurrar do vento que embala, igualzinho ao embalar das crianças no peito das suas Mães…
Sempre que alguém tenta aprisioná-lo numa definição, Amadeu Ferreira, suave e elegantemente, solta-se das amarras e mostra-nos um outro ângulo de uma das suas várias facetas de artista. Mutante de si mesmo, está sempre um passo à frente do nosso olhar.
Mas, porque há muito mais dele em toda a natureza do que as palavras que temos para o poder dar a conhecer, sempre será recorrendo àquela que podemos encontrar um espelho para melhor poder falar do Amadeu Ferreira ou do Francisco Niebro. É através deste recurso que podemos afirmar que falar do Amadeu Ferreira ou do Fracisco Niebro é falar do cheiro da chuva que dança na erva dos lameiros, do Sol quente que faz cantar a cigarra, do vento frio do Norte que entrelaça os ramos das árvores… Falar do Amadeu Ferreira ou do Fracisco Niebro é falar da terra fértil que o arado rasga e de onde brota e cresce a Vida, essa Vida que ele tanto ama e a quem agradece, a cada momento, com o seu próprio respirar. A Vida de um Tempo que não se conta por minutos, por horas, por meses ou por anos mas apenas por momentos de afecto, eternos no seu provir.
Misto de um homem da ciência e do sagrado, ergue-se inteiro na poesia que o envolve, a quem trata por «tu», na intimidade das palavras. Sabe, antes mesmo de saber, a coloração da alma de cada homem, logo que lhe vê as mãos com que trabalha e/ou lhe sente o desassossego com que se entrega aos projectos para engrandecer o seu semelhante. E sempre que o seu olhar toca no olhar de um outro ser humano é vê-lo sorrir com aquele encanto de inocência que só as crianças, e alguns/poucos adultos, conseguem ter e conservar. Um sorriso imune que não se deixa atemorizar pelos desafios mais arriscados. O sorriso da esperança por um mundo melhor, que ele, diária e persistentemente, vai ajudando a construir.
Aos sessenta e quatro anos de uma vida secular, tem o seu recanto de Honra no bem-fazer a todos os que se cruzam no seu caminho, sem escolher credos, políticas ou raças, aceitando apenas coração por coração.
Todos temos aprendido, de uma forma imensurável, com o Amadeu Ferreira: aprendido a amar incondicionalmente; aprendido a compreender as diferenças e a aceitá-las, mesmo que não as tornemos nossas; aprendido a ser mais justos e, no final, mais humanos, porque é essa a principal meta do ser humano: ser cada vez melhor!
E porque acredito que a rota escolhida pelo nosso Amigo Amadeu Ferreira é a mais maravilhosa aventura que a Humanidade pode viver, convido todos a entrar e a viajar neste sonho de Luz e de Paz!

De Amigo para Amigo, obrigado, Amadeu! Até sempre!

Depoimento de Luís Vaz das Neves (Presidente do Tribunal da Relação de Lisboa) para a Biografia O FIO DAS LEMBRANÇAS


"Biografia O FIO DAS LEMBRANÇAS", de Teresa Martins Marques, a publicar em breve.

Publicado por Teresa Martins Marques 

ANTÓNIO MOURÃO- O COLEGA DO SEMINÁRIO - Da Manhã Submersa… à Tarde Radiosa

Virgílio Ferreira andou no seminário do Fundão. Em livro autobiográfico, chamou a essa etapa da sua vida: Manhã Submersa.
Passados cerca de 30 anos, eu, e mais umas dezenas de jovens, iniciámos em Vinhais, etapa semelhante. Tão parecida, e houvera talento, também a apelidaria de «manhã submersa».
Entre esse grupo, estava também o Amadeu Ferreira natural das terras de Miranda. E se me lembro do grupo de Miranda! Tendo como exemplo o Padre Mourinho, acérrimo defensor dos valores, tradições, cultura e língua mirandesas, trouxeram e incutiram nos restantes, o conhecimento e respeito, de valores que eles tão bem preservavam e divulgavam. Assim, aprendi algumas palavras em mirandês.
Num austero seminário, pouco dado a danças, e outros mundanismos, vi ao vivo, colegas cantarem e dançarem os temas dos Pauliteiros de Miranda! Não estavam vestidos a rigor, claro, mas empunhavam os característicos paus. Prova do empenho, em divulgar o que a Miranda e suas gentes tanto dizia!
Mas pelos vistos o que eu vi foi apenas o início. O início duma vida dedicada à cultura e divulgação do seu mirandês. Com o seu auge, na consagração do mirandês, como segunda língua oficial de Portugal. Fui acompanhando esse esforço contínuo de homem de cultura. Por isso, as nossas vidas começaram com uma «manhã submersa», e aqui duvido, que o Amadeu Ferreira apelide a dele assim... já que a vida do Amadeu tornou-se, fez-se radiosa, iluminada como um sol brilhante. E aqui estou a agradecer o privilégio de o ter tido como companheiro de carteira e a reconhecer a capacidade do Amadeu como homem da ciência e da cultura!

Publicado por Teresa Martins Marques

MANUEL BENTO FERNANDES - depoimento muito esclarecedor de um colega de seminário de AMADEU FERREIRA

Pede-me a Prof.ª Teresa Martins Marques, um testemunho sobre as vivências do Amadeu, durante a nossa permanência nos seminários de Vinhais e Bragança. Talvez fosse um erro de casting. Porém, é salutar ir ao baú das memórias actualizar e alimentar as raízes de uma identidade que nos marcou enquanto seres sociais.
«A Ideia-força é pois ir buscar outro caminho!/ Lançar o arco de outra nova ponte/ Por onde a alma passe – e um alto monte / Aonde se abra à luz o nosso ninho,// Se nos negam aqui o pão e o vinho,/ Avante! É largo, imenso, esse horizonte…/ Não, não se fecha o Mundo! E além, defronte, / E em toda a parte há luz, vida e carinho! // Avante! Os mortos ficarão sepultados…/ Mas os vivos que sigam, sacudindo / Como o pó da estrada os velhos cultos! // Doce e brando era o seio de Jesus… / Que importa? Havemos de passar, seguindo,/ Se além do seio dele houver mais luz!»
In Biografia de Antero de Quental.
Revejo, neste poema, ao espelho, o caminho intelectual que o Amadeu seguiu. A ideia-força, deste poema, é a expressão do ser e estar do Amadeu, na busca incessante de novos caminhos e lançar o arco para novas pontes, intelectuais e políticas, que permitam o acesso a novas formas existenciais, novas mentalidades, libertas das apeias da religiosidade tradicional. A situação sócio-económica familiar, não lhe augurava possibilidade de novas luzes, apesar da dedicação e carinho que lhe prestavam. Limpar o pó das crenças e cultos do obscurantismo religioso, pela intervenção escrita e teatral, talvez tenha sido um dos seus lemas de vida. Sempre acreditou que, nesta vida, há mais luzes!
Conheci o Amadeu Ferreira, quando ambos entrámos, em 1961, para o seminário de Vinhais. Algumas viagens, jogos recreativos, actividades estudantis e culturais foram a expressão da forma de ser e estar num determinado contexto. As viagens trimestrais de férias, às nossas localidades, eram uma aventura, quer pelas saudades da família, quer pelas peripécias que aconteciam nos táxis (de noite para não serem apanhados pela polícia), com 8-10 crianças, ou na linha de comboio do Sabor, Douro, e depois Tua. Por outro lado, as viagens de fim de ano, a localidades diferentes, em especial de Espanha, permitiam uma expressão mais livre das ansiedades próprias dos jovens de 12-20 anos, ou os passeios, em dupla fila indiana, para Rio de Fornos ou Cidadela, em Vinhais, ou para o Rio Sabor, os Trinta, campo de aviação ou de futebol, dava-nos uma visão da movimentação social das localidades. Era uma sensação de liberdade que muito contribuía para que o tempo fosse passando.
A vida no seminário revelava um ambiente próprio da época, cuja ética obedecia aos três pilares da organização social, «Deus, Pátria e futebol». Eram os princípios éticos que fundamentavam o comportamento dos cidadãos e a sua realização social. A fé ainda estava no Cristo crucificado e não no Cristo ressuscitado. E os transmontanos seguiam religiosamente estes princípios.
Não admira, pois, que a sociedade rural transmontana, até aos anos 60 / 70, seja uma sociedade conformista, condicionada por uma moral fechada e limitada. A obediência servil era o seu lema. Só assim lhe era reconhecida dignidade de boa pessoa. O cumprimento da norma estabelecida era o objectivo do cidadão para não ter problemas ou conflitos interpessoais ou institucionais. A repressão não era explícita, mas cada cidadão assumia, implicitamente, a moral tradicional de respeito servil à autoridade, como forma de possível sucesso. O pensamento crítico não abundava na cultura regional. O modelo de desenvolvimento serve apenas a alguns. Eram estes que definiam o que era bom ou mau, justo ou injusto.
Apesar de o Concilio Vaticano II estar em andamento (62-65), os seminários levaram tempo a renovar a sua pedagogia de formatação sócio-religiosa. Não se abriam ao mundo na busca de novas perspectivas de realização humana. Felizmente já havia, minoritariamente, alguns formadores com novos sentimentos de alma. Contudo, ainda não “vivíamos num mundo que perdeu a ingenuidade”, no dizer de Karl Jaspers. Por isso, quer queiramos quer não, este ambiente de medo, de opressão e de miséria manifestava-se na mentalidade educativa e nas frustrações que iam criando. Num ambiente triste, ríspido e severo do seminário, um antigo convento, onde os claustros eram um ponto de correria, para libertar alguma energia acumulada, o jovem acaba por descobrir-se e descobrir que o mundo que o rodeia é de repressão na educação, de pobreza da sua terra, de desigualdades sociais, por um lado; o desejo do seu corpo, a camaradagem, a amizade, o amor, por outro. Basta lembrar o que se passava no seminário, no tempo de Vergílio Ferreira, e como retratou, estes sentimentos, maravilhosamente, no seu livro, Manhã Submersa. A manipulação política e religiosa orientavam os cidadãos para a preservação da estrutura agrária familiar, para a manutenção de um meio cultural, propício a determinadas classes. Alguns espíritos mais esclarecidos, e já com uma consciência das injustiças sociais, foram manifestando-se lentamente. O campo cultural não aspergia as flores que iam despontando no meio do deserto. Aos jovens restava dar continuidade à herança familiar ou trabalhar na agricultura e outros afazeres a ela ligados.
Por isso, com o raiar de certos horizontes, a ânsia de ser alguém na vida, de possuir um estatuto social, impelia os jovens a criar os seus modelos nas vivências que o rodeavam. Reconhece-se que nas aldeias e vilas transmontanas da época, anos 50-60, os três modelos de promoção social estavam no médico, professor e padre. Para lá deles só alguns agricultores ou comerciantes possuíam algum estatuto dominante na sociedade. Seguir qualquer destes modelos era a garantia de melhor vida e de evitar a fome.
Como as carências económicas da maioria dos casais da época eram grandes, mandar estudar os filhos para as escolas de Bragança, era incomportável. Não havia outras mais próximas. Só restava mandá-los para os seminários da região ou de fora, conforme as influências dos párocos. No final da 4.ª classe, os párocos, normalmente, chamavam as famílias de alguns alunos para as incentivar para a vocação sacerdotal. Esta selecção não era aleatória. Obedecia a critérios comportamentais éticos e sociais da família ou pela qualidade do aluno. Por outro lado, os filhos ficavam encurralados pela mãe, ou por uma irmã, que sonha com uma vida mais confortável em virtude da prometedora carreira eclesiástica do filho. Constata-se que a maior parte das freguesias contribuíram, com vários dos seus jovens, para o serviço sacerdotal da diocese e outras. Estes, bem como os ex-seminaristas, proporcionaram, às suas famílias, outro nível social e cultural.
A falta de horizontes, para lá dos que o regime apresentava, bem como o domínio da religiosidade, na fundamentação do agir humano, não desenvolveu na maioria dos cidadãos uma consciência cívica e política, para contestar as visões etnocêntricas do governo e da sociedade religiosa. O nordeste transmontano era uma terra «por onde Cristo não passou», na expressão de um conterrâneo do Amadeu, na campanha eleitoral (1958) do Sr. Almirante Américo Tomás, ao nordeste transmontano.
Porém, nos anos 50-60, com a construção das barragens do Douro Internacional, as condições económicas mudaram para alguns. O comércio e a venda dos produtos agrícolas passou a fazer-se directamente porta a porta ou nos largos dos bairros habitacionais. Sendim, terra natal do Amadeu, soube aproveitar as oportunidades comerciais que as circunstâncias proporcionaram. Manhãs cedo, era ver os caminhos, qual formigueiro, cheios de burros e mulas, com a carga de produtos agrícolas, em direcção às barragens de Bemposta e Picote.
Com a emigração a partir dos anos 60, novos horizontes se foram criando, bem como a mudança de paradigmas sociais e religiosos. O diálogo de culturas levou a uma consciencialização da necessidade de outros horizontes sociais e políticos. Para lá da moldagem do carácter, segundo visões tradicionalistas, manifestavam-se já alguns raios de uma ética social, num clima de «ethos social».
Genericamente, todos os rapazes que se formavam, completavam um curso médio ou superior, nessa altura, iniciavam os seus estudos nos seminários. Os que, por aspirações diferentes, ou por falta de vocação, não chegavam à ordenação sacerdotal e decidiam sair, ao longo da caminhada, tinham dois destinos. Se as famílias tinham posses económicas davam continuidade aos estudos. Se as famílias viviam com dificuldades o seu dia-a-dia, face aos escassos rendimentos, ficavam na orla familiar ou procuravam emprego compatível, na região ou fora. A descoberta de nós próprios, nesta fase da idade, era a descoberta maravilhosa de uma força inesperada, não prevendo as consequências. Nesta perspectiva, o regime político e a igreja, para evitar as deserções dos seminários, não reconheciam o ensino nestes com equivalências ao ensino oficial. Quem saísse do seminário tinha de recorrer aos exames de equivalência ao 2.º ou 5.º ou 7.º ano, para prosseguir os estudos. Muitos “suportaram” mais anos no seminário, para evitar um retrocesso nos anos de estudo, ou até nenhuns sonhos se negavam ao apelo da nossa sorte, aí, na nossa íntima liberdade, fazia-se a construção de outros eus cívicos. Por isso, a partir de certa fase encontrar equivalências na Universidade Católica, em Braga. Como, faziam expulsões, diziam, por ausência de vocação.
Nesta perspectiva, temos de constatar que foram estas instituições de ensino que forjaram a mentalidade de muitos dos que detiveram o poder na nossa sociedade, na definição do poder vigente. Mas, também devemos reconhecer que foram os seminários, já numa abertura à sociedade, que proporcionaram aos jovens da época, um nível de desenvolvimento intelectual, social e económico, que de outra forma não adquiririam. Muitos dos que ocuparam, ou ocupam, altos cargos na estrutura sociopolítica e cultural do Estado, são consequência das potencialidades que os seminários lhe deram. Toda a região, como a nível nacional, beneficiou destas instituições e das oportunidades que deram no desenvolvimento cultural. Basta referir que a partir do início dos anos 70 e com o aparecimento dos Ciclos e Escolas Secundárias em várias vilas do distrito de Bragança, os seus professores foram, na maioria dos casos, ex-alunos dos seminários, que se formaram academicamente. O mesmo aconteceu com engenheiros, advogados, médicos, agricultores ou comerciantes.
Se a vida de aluno era difícil e rigorosa, onde a sineta, a «cabra», marcava o horário das actividades, foi esta forma de estar que criou na maioria dos estudantes o sentido metódico de trabalhar, que, na vida intelectual e profissional, muito foram rentabilizadas. Ainda hoje se fazem encontros anuais de ex-seminaristas, reconhecendo a grande influência que os seminários exerceram nas suas vidas. Foi ali, para o bem e para o mal, que os sonhos de um futuro se iniciaram.
Foi nestes ambientes sociais e culturais que toda a comunidade estudantil foi vivendo. Em Vinhais as vivências decorriam entre chicharros e garbanços, entre o berlinde e a pelota, as conversas debaixo dos cedros na quinta, se alternava com o estudo no salão colectivo, com o perfeito a vigiar, não fossem os mais irrequietos perturbar a pacatez servil de outros. Se durante o dia as aulas e as horas de estudo no salão comum eram as peças essenciais, de seguida as correrias entre os claustros marcavam o ritmo, para não falar da noite, onde o despir e vestir era entre os lençóis da cama (!), na camarata colectiva.
Havia os habilidosos, os desportistas, os refilões, os estudiosos, os calados, os «maus», os santinhos e os pasmados… O Amadeu entra nos estudiosos e talvez refilões. Mas, depois de uns anos de amadurecimento, foi desenvolvendo um espírito crítico da situação social e religiosa. Desde os primeiros anos que a sua capacidade intelectual, se manifestou em diversas actividades de aprendizagem e de carácter cultural. Se a maior parte dos alunos manifestava o gosto pelas actividades desportivas, parece-me que o Amadeu preferiu as actividades culturais, que se tornaram mais evidentes já no seminário de Bragança, a partir do 5.º ano.
O Concílio Vaticano II abre alguns horizontes na igreja. A criatividade, em oposição ao saber livresco, passou a ser valorizada. Apesar de as normas de orientação vivencial e mental serem ainda as do Concílio de Trento, já, na altura, o Amadeu respigava os ensinamentos de algumas encíclicas papais, de cariz social, nomeadamente a Rerum Novarum, a Populorom Progressio e, em especial, então em voga, na mentalidade de alguns professores, mais progressistas, a Constituição Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II. A par destas ideias já, nesta altura, se seguiam algumas das teses da Teologia da Libertação, quer de Karl Rahner, quer de Hans Kung ou Shilibeekx, por um lado, ou do Bispo Hélder da Câmara ou Leonard Boff e outros, noutra perspectiva. Foi a partir daqui, parece-me, que o Amadeu iniciou a sua ligação aos livros e ideias da filosofia da Teologia da Morte de Deus e da Teologia Política de Metz. Talvez estas leituras o orientassem para a sua visão política mais tarde.
A renovação da mentalidade eclesial estava em andamento nos seminários, com alguns padres, mais progressistas, embora as normas tradicionais fossem maioritárias. Lembro-me de termos aulas de Ética e de Filosofia, onde já se falava das teses marxistas e existencialista, numa visão social da construção do mundo, onde o homem passava a ser o operário construtor. Já se falava do diálogo de culturas e transversalidade de religiões. Igualmente, nos finais da década de 60, os cânticos religiosos iniciaram uma nova musicalidade e mensagem – «os espirituais negros», o que implicava uma maior participação da comunidade religiosa.
Toda esta mentalidade renovadora inspirou o Amadeu para a construção de um pensamento mais virado para o social e as desigualdades sociais e económicas. Ele próprio sentiu estas desigualdades e carências económicas, tendo-se socorrido das bolsas de estudo, que ganhava por ser o melhor aluno. Está na memória de todos nós, para lá das aulas, o seu trabalho na revista, criada na época, de que foi director, O Radar, onde foi escrevendo os seus textos sobre a visão contextual que já despertava nele um sinal de revolta ou de contestatário. Até o jornal diocesano, Mensageiros de Bragança e o Novidades, voz da igreja, deixaram espaço para a expressão das suas ideias. Quando foi eleito presidente da Academia de S. Tomás de Aquino, o seu espírito cultural manifestou-se, mais profundamente, quer na representação teatral, quer na dinâmica literária. Já tinha uma perspectiva existencialista Kierkegaardiana, nos seus horizontes, com a sua ânsia de saber e busca de sentido para a sua existência, assim como uma visão humanista, que já fervilhava na Gaudium et Spes.
Pode afirmar-se que o Amadeu, pelo seu espírito inquieto, demonstrou nos anos de seminário, que continuaram ao longo da vida, uma ânsia de busca de novos sentidos para a vida, um sentido de equidade e justiça, e uma noção das desigualdades, levando-o, muitas vezes, a recusar o paradigma imposto pelo sistema educativo religioso. Contudo, nunca perdeu a sua identidade regional e a confiança no desenvolvimento dos valores ancestrais. Era como que uma ave na gaiola, na esperança de os ventos da liberdade o verem voar. Provavelmente, esta sua irrequietude mental, foi a razão de não ter terminado o 12.º ano, ponto de chegada de toda a caminhada eclesiástica. Esta sua aspiração, a um mundo novo, pode expressar-se no poema de Miguel Torga:
- Lhibardade, que stais ne l cielo…
Rezaba l padre nuosso que sabie,
Al pedir-te, houmildemente,
L pan de cada die.
Mas la bundade ounipotente
Nien me oubie.
- Lhibardade, que stais na tierra…
I la mie boç crecie
De eimoçon.
Mas un silenço triste anterraba
La fé que reçumaba
De l’ouracion.
Até que un die, corajosamente,
Mirei noutro sentido, i pude,
zlhumbrado,
Saborear, al fin,
L pan de la mie fame.
- Lhibardade, que stais na mi,
Santeficado seia l buosso nome.
- Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
- Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude,
deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
- Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
Miguel Torga, in Diário XII
A viagem que já percorreu, não foi ponto de chegada, mas o ponto de partida, para novas aventuras, que muito tem contribuído para o desenvolvimento cultural da sua região de origem.
Mais uma vez, Miguel Torga pode ser a expressão da sua contínua actividade mental:
A Viagem:
«É o vento que me leva./ O vento lusitano./ É este sopro humano / Universal / Que enfuna a inquietação de Portugal./ É esta fúria de loucura mansa / Que tudo alcança / Sem alcançar./Que vai de céu em céu/ De mar em mar,/Até nunca chegar./ E esta tentação de me encontrar / Mais rico de amargura / Nas pausas da ventura / De me procurar...»
Miguel Torga, in Diário XII

Termino desejando ao Amadeu, o que F. Pessoa escreveu em Odes, (de Ricardo Reis):
«Segue o teu destino,/ Rega as tuas plantas,/ Ama as tuas rosas,/ O resto é sombra / De árvores alheias.»
Ou na traduçon de Fracisco Niebro:
«Sigue l tou çtino./Rega tues arbles,/Ama tues rosas,/ L restro ye selombra / D’arbles alhenas.»

Publicado por Teresa Martins Marques

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

LUÍS VAZ DAS NEVES (Presidente do Tribunal da Relação de Lisboa) (Depoimento para a Biografia O FIO DAS LEMBRANÇAS)

AMADEU FERREIRA: UM PASSO À FRENTE DO NOSSO OLHAR!

Entre zimbros, carrascos, freixos, carvalhos e searas ondulantes surgiu, em 1950, em Sendim, Miranda do Douro, uma luz na planície mirandesa: Amadeu Ferreira.
O Planalto Mirandês e Transmontano nunca mais será o mesmo!
Amadeu Ferreira e Fracisco Niebro caminham, lado a lado e a par e passo, numa única sombra.
Perdoem-me os Amigos, mas não vou falar da obra científica nem da obra literária do Amadeu Ferreira ou do Fracisco Niebro. Desta, fala magnificamente a autora da biografia.
Vou falar tão só do homem que temos a honra e o privilégio de conhecer. Do Homem que tem sangue e cânticos a correr-lhe nas veias, que pensa e se emociona como os habitantes da minha aldeia – também ela transmontana e situada no Planalto Mirandês. Do homem que sabe as horas do dia pela altura do Sol e o tempo das malhadas pela cor das searas. Um homem humilde, amigo do seu amigo, um homem verdadeiramente singular.De vulto pequeno e sonhos imensos, teve a ousadia de desafiar a terra fria a brotar poesia. E conseguiu.
Tal como um retratista instantâneo, traçou, de forma segura e sublime, a linha de Vida de cada uma das personagens desta região, colorindo de histórias os rostos marcados das mulheres e dos homens que povoam este território situado «para lá do Marão», sinal inquestionável de quem manda nestas geografias humanas.
Viajante de vários saberes, conquistador inato da alegria e ignorante da «derrota», ergueu um império de saber até então guardado no segredo das pedras. E a estas deu-lhes voz na sua língua e na dos outros, mostrando que o conhecimento é como o vento: leva e traz alegrias e tristezas, próprias do ser humano, e conserva-as no aroma da memória de um Povo. O Povo que ele exalta de forma única, seja na prosa, seja na banda desenhada, seja na música, seja no poema… O seu Povo sem bandeira de cores, porque esse Povo é ele próprio a Bandeira!
Invulgarmente amável, é com o coração que cativa. Um coração sem tamanho onde todos cabemos com espaço e em liberdade. Um sorriso franco e brilhante como as estrelas da manhã e um olhar envolvente que nos convida a ficar, cada vez mais e sempre, até se tornar tão familiar como nós a nós próprios, num tranquilo sussurrar do vento que embala, igualzinho ao embalar das crianças no peito das suas Mães…
Sempre que alguém tenta aprisioná-lo numa definição, Amadeu Ferreira, suave e elegantemente, solta-se das amarras e mostra-nos um outro ângulo de uma das suas várias facetas de artista. Mutante de si mesmo, está sempre um passo à frente do nosso olhar.
Mas, porque há muito mais dele em toda a natureza do que as palavras que temos para o poder dar a conhecer, sempre será recorrendo àquela que podemos encontrar um espelho para melhor poder falar do Amadeu Ferreira ou do Francisco Niebro. É através deste recurso que podemos afirmar que falar do Amadeu Ferreira ou do Fracisco Niebro é falar do cheiro da chuva que dança na erva dos lameiros, do Sol quente que faz cantar a cigarra, do vento frio do Norte que entrelaça os ramos das árvores… Falar do Amadeu Ferreira ou do Fracisco Niebro é falar da terra fértil que o arado rasga e de onde brota e cresce a Vida, essa Vida que ele tanto ama e a quem agradece, a cada momento, com o seu próprio respirar. A Vida de um Tempo que não se conta por minutos, por horas, por meses ou por anos mas apenas por momentos de afecto, eternos no seu provir.
Misto de um homem da ciência e do sagrado, ergue-se inteiro na poesia que o envolve, a quem trata por «tu», na intimidade das palavras. Sabe, antes mesmo de saber, a coloração da alma de cada homem, logo que lhe vê as mãos com que trabalha e/ou lhe sente o desassossego com que se entrega aos projectos para engrandecer o seu semelhante. E sempre que o seu olhar toca no olhar de um outro ser humano é vê-lo sorrir com aquele encanto de inocência que só as crianças, e alguns/poucos adultos, conseguem ter e conservar. Um sorriso imune que não se deixa atemorizar pelos desafios mais arriscados. O sorriso da esperança por um mundo melhor, que ele, diária e persistentemente, vai ajudando a construir.
Aos sessenta e quatro anos de uma vida secular, tem o seu recanto de Honra no bem-fazer a todos os que se cruzam no seu caminho, sem escolher credos, políticas ou raças, aceitando apenas coração por coração.
Todos temos aprendido, de uma forma imensurável, com o Amadeu Ferreira: aprendido a amar incondicionalmente; aprendido a compreender as diferenças e a aceitá-las, mesmo que não as tornemos nossas; aprendido a ser mais justos e, no final, mais humanos, porque é essa a principal meta do ser humano: ser cada vez melhor!
E porque acredito que a rota escolhida pelo nosso Amigo Amadeu Ferreira é a mais maravilhosa aventura que a Humanidade pode viver, convido todos a entrar e a viajar neste sonho de Luz e de Paz!
De Amigo para Amigo, obrigado, Amadeu! Até sempre!


Publicado por Teresa Martins Marques

Amendoeira em Flor iniciam em Torre de Moncorvo com concertos de Bandas Filarmónicas

No âmbito das festividades da Amendoeira em Flor decorrem durante o mês de Fevereiro vários concertos com as Bandas Filarmónicas do Região.

O primeiro espetáculo realiza-se dia 7 de Fevereiro com a Banda Filarmónica da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Carviçais, seguindo-se no dia 14 de Fevereiro a atuação da Banda Filarmónica da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mogadouro e no dia 21 a subida ao palco da Banda Filarmónica da Associação Recreativa e Cultural de Freixo de Espada à Cinta.
O último espetáculo realiza-se dia 28 de Fevereiro com a Banda da Sociedade Filarmónica do Felgarense. Os concertos decorrem no Cine-Teatro da vila, com hora de início marcado para as 21h30.


Prémio “Mãos Dadas” distingue projeto de voluntariado de proximidade

O projeto de voluntariado de proximidade desenvolvido pela Liga dos Amigos do Centro de Saúde em parceria com a Câmara Municipal de Alfândega da Fé foi distinguido no âmbito do prémio “Mãos Dadas- Comunidade e Solidariedade”. 

Trata-se de uma iniciativa organizada pela Associação Portuguesa de Sociedade e Inovação- APGICO – e a Soroptimist Internacional União de Portugal – SIUP- com o objetivo de promover e reconhecer boas práticas de empreendedorismo social e de liderança na comunidade.
O projeto da Liga dos Amigos do Centro de Saúde foi um dos finalistas deste prémio a par com mais outros 6 projetos selecionados para esta fase final. O Mãos Dadas foi atribuído durante um encontro em que esteve em análise o tema “Inovação Social: Passado ou Futuro”. Uma sessão que decorreu no Auditório Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, polo Gulbenkian, no dia 27 de Janeiro. 
O voluntariado de proximidade da Liga arrecadou uma menção honrosa, que se assume como um reconhecimento do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido e que está na génese da criação da Liga dos Amigos. Atualmente, o projeto abrange 83 séniores e conta com 39 voluntárias/os, pessoas que dispensam o seu tempo para combater a solidão dos /as mais idosos/as, um dos principais problemas sentidos pela população sénior do concelho de Alfândega da Fé. 


Nome de Jorge Nunes em cima da mesa para gestão dos fundos comunitários na Região Norte

Jorge Nunes é um dos nomes apontados para suceder a Carlos Duarte na gestão dos fundos comunitários destinados à Região Norte, no âmbito do novo Quadro Comunitário de Apoio. 
Fonte ligada ao processo garantiu à Brigantia que a escolha do ex-autarca de Bragança agrada às cúpulas da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, incluindo ao próprio presidente, Emídio Gomes. Contactado, Jorge Nunes disse "desconhecer totalmente" o assunto e não quis tecer qualquer comentário. Já no programa da Brigantia Preto no Branco, ontem à noite, José Silvano, líder da distrital do PSD, disse não ter conhecimento dessa nomeação, mas frisou, no entanto, que a escolha do gestor da região Norte da CCDRN cabe aos autarcas da região e não é uma questão partidária. “ A quem compete indicar o nome não é a nenhuma estrutura partidária, é aos presidentes das câmaras municipais de toda a região Norte. Os autarcas não são facilmente mandáveis para cada um lhes indicar um nome. Eu, pelo menos, em termos de presidente de uma estrutura partidária, não me atreveria a esse papel porque os autarcas têm autonomia e querem uma pessoa que lhes resolva os problemas e não indicações partidárias, considera José Silvano. Recorde-se que Carlos Duarte foi chumbado pelo governo em Dezembro para ficar com a pasta da gestão dos fundos comunitários. José Silvano diz ter conhecimento de que os autarcas da região Norte reuniram há cerca de duas semanas e voltaram a apontar o nome de Carlos Duarte. O líder da distrital social democrata vê, no entanto com bons olhos, a nomeação de Jorge Nunes, que, frisa, só poderá existir por vontade dos autarcas e caso o nome de Carlos Duarte seja novamente chumbado. José Silvano revela ainda que também se comenta uma possível nomeação de Américo Pereira, presidente do Município de Vinhais e da CIM Terras de Trás-os-Montes. “É evidente que, se Carlos Duarte não for indicado, vai ter que haver um novo processo e então, nesse processo, eu não imagino qual vai ser o nome que vai reunir consenso. Também ouvi que, na última reunião, também diziam que Américo Pereira, era um nome que poderia ser indicado. Pelos vistos, nem foi um nem foi outro. Até meados deste mês aguarda-se a luz verde ou o chumbo do governo para a nomeação de Carlos Duarte.

Escrito por Brigantia.
Retirado de www.brigantia.pt

Património religioso e arqueológico do Vale do Tua está a ser requalificado

O património religioso e arqueológico do Vale do Tua está a ser alvo de requalificação no âmbito das medidas compensatórias do Aproveitamento Hidroeléctrico de Foz Tua (AHFT).
São ao todo oito os edifícios sujeitos a empreitadas, dos cinco concelhos em que vai ficar situada a albufeira da barragem de Foz Tua em construção. No concelho de Mirandela, as obras nas igrejas de Avantos, Abambres e Guide já se iniciaram. Em Carrazeda de Ansiães será intervencionada a Igreja da Lavandeira, ao passo que em Vila Flor será contemplado o Cabeço da Mina. A Capela da Senhora da Lapa e o Santuário do Senhor de Perafita, em Alijó, e a Capela da Misericórdia, em Murça, vão ser igualmente requalificados. O projecto de recuperação destes imóveis com valor patrimonial tem um orçamento que ascende a 1 milhão e 580 mil euros, sendo uma parceria da Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) e da Agência de Desenvolvimento Regionaldo Vale do Tua (ADRVT), com o financiamento da EDP. Miguel Rodrigues, director dos Serviços de Bens Culturais da Direção Regional de Cultura do Norte, sublinha que “a recuperação tem por objectivo a preservação do património, mas também a sua valorização e a disponibilização ao público. São monumentos de valor excepcional e que tem o objectivo de contribuir para a economia regional, no sentido de atrair visitantes. É um património todo ele classificado e que importava preservar”. Em Vila Flor, no caso do Cabeço da Mina, para além da conservação do sítio arqueológico, trata-se ainda de equipar o respectivo centro interpretativo, já construído. “Sendo um sítio arqueológico da época calcolítica, de há cerca de 5 mil anos, é necessário haver esta mediação entre o visitante e as peças, para que seja entendido o seu significado, e seja uma mais-valia para o concelho”, explica Miguel Rodrigues. Algumas intervenções já se iniciaram e as restantes vão decorrer ao longo do ano, tendo sido feito um estudo prévio de levantamento diagnóstico, em colaboração com as faculdades de Letras e de Engenharia da Universidade do Porto.

Escrito por Brigantia.
Retirado de www.brigantia.pt

Começa hoje a 35ª edição da Feira do Fumeiro em Vinhais

Este ano, uma das novidades é a presença de mais expositores de artesanato.                                                                    
Aos 80 expositores de artesanato, juntam-se 50 de produtos regionais, e a grande atracção da feira, os produtores de fumeiro com carne de porco bísaro de Denominação de Origem Protegida (DOP), que este ano são 70, mais 4 do que no ano anterior. Este ano, a organização espera cerca de 50 mil visitantes. O vice-presidente do Município de Vinhais, Luís Fernandes, defende que o sucesso do certame se deve à qualidade dos produtos. “Além da importância e do dinamismo que a feira já tem, tem um factor aqui um factor que é mais importante que é a qualidade destes produtos que é única”, salienta o autarca. A Feira do Fumeiro de Vinhais decorre até domingo. A abertura está marcada para hoje às 14 horas. Às três da tarde decorre um fórum agrícola com apresentação das medidas directas do PDR 2020.

Escrito por Brigantia.
Retirado de www.brigantia.pt

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

AMADEU FERREIRA: UM LUXO NA MINHA VIDA! Palavras de ERNESTO RODRIGUES

Depoimento para a Biografia:

Padre, médico, professor: no discurso rural português, fazia-se diferença entre alma, corpo e espírito; entre vocação, enquanto chamamento do Alto, e profissão, arbitrada pelos homens. O mestre-escola nem sempre cursara, e bastava-se minimamente habilitado; médico ou físico podia ser um barbeiro sangrador, alguma discreta mezinheira. Já padre era um estado vinculado ao Além, exigindo, afora uma fé poderosa, doze anos penitentes, de indiferença às seduções do mundo e sacrificado estudo. Outros cursos venciam-se pela metade, ou nem isso. Um ministro coroado significava refrigério último para vidas cansadas, que a medicina não salvara. No seu lado festivo, uma voz bem colocada, retórica mesmo de trapos, o gesto paramentado, a centralidade de igreja ou alturas de branca ermida, tudo conduzia ao sonho de multiplicar tonsuras.
Na lotaria desse desejo, jogavam forte questões de logística, inseguranças, débil situação económica. Sem meios ou família para vigiar sete anos de externato, um seminário descansava pais ‒ alguns, em breve, emigrados ‒, e, com sorte, corroborando cura, sorria a isenção parcial ou total de despesas, não raro, cobertas por alma nobre ou beataria investindo no Juízo Final.
Faltava um ingrediente: vocação. Hoc opus, hic labor est, diria Virgílio. Agora é que eram elas. Para evitar jogo no feminino, vertíamos: aqui é que a porca torce o rabo. Lá viria vida de gemidos, pois não bastava ter acedido ao claustro: urgia dar mostras de devoção, mesmo em férias, submeter-se a regulamento impresso, juntar dois dedos de inteligência, mais necessária numa retroversão que na fácil aceitação da ortodoxia teológica. Fôssemos atentos: o chamamento viria do Alto; e, fidetecas ‒ seja, depósitos de fé, borbulhante ‒, ajudaríamos os nossos legítimos superiores na espinhosa tarefa de eleitores. Enfim, um tirocínio de doze anos culminava em escolhidos do Céu. Eis-nos marcados, ungidos, qual o mesmo Cristo. Alegrem-se os Céus e a Terra. A primeira missa era de consagração.
Estiveste quase lá, meu velho Amigo; ainda pregaste. Mas, agora, estou a ver-te na constrição, e construção, de um futuro por outrem decidido. Sim, somos seres moldáveis na baixa idade; a imagem da argila, que éramos, nas mãos de Deus, e à Sua semelhança, era um logro de maus ceramistas, afeiando sentimentos simples, como dar um beijo (aos pais, inclusive!), rir com gozo, seguir natureza afinal criada por Ele. Na proibição, queriam-nos de rédea curta, para melhor controlo. Palavras e coisas divergiam; o corpo místico desnaturava-se; e a caliça da fé desfazia-se dia após dia, enquanto desbotava a opressiva casa amarela.
O seminário devera ser ninho de afectos, mas condenara-se a inócuos tropos bíblicos. Como se pede abandono dos seus, se aos outros somos destinados? Quem cegamente se fecha numa causa, ou num sujeito (seja Deus), como pode abrir-se aos que o esperam? Neste passo, quando uma inteligência se questiona (pois se o mesmo Cristo interpelou Deus! Felizes os que a puseram de molho…), vai-se aos baldões. Perdem todos: indivíduo, instituição, comunidade. Interessa-nos aquele: farto em carências e subida inteligência, deslizavas, querido Amigo, num drama que dizem da fé, sendo drama de ser.
Vi-te, era eu adolescente, no salto de Filosofia para o curso de Teologia, entre o respeito de condiscípulos e alguns mestres, já noutra ala do edifício, sem camaratas. Cavava-se uma distância ‒ mas prestígio, dizia-me, era ter respirado ali Afonso Praça e seu jornal Cá p’ra nós, ou o vosso Radar. Fundei, então, jornais de parede; e quando, pela idade, me sentia desconsiderado, percebi que falsos mestres, sem pinga de bondade, não deixariam de ser maus, desinspirados eleitores, narcotizando o próprio Deus, cuja tutela evocavam. Com homens imperfeitos quanto eu, chamados embora, não seríamos escolhidos.
Tu, porém, meu ilustre Amigo, eras uma vocação ‒ algo mais forte do que ter vocação, uma vivência cristicamente sacrificial, e verbo, com a pequena diferença de acrescentares o que inexiste em inteligências medianas: olhar em volta e, porque não?, duvidar. Liam-na nos olhos e expulsavam-nos; ou, com manhas de eufemismo, convidavam a sair. Quando esse corpo-em-Cristo largou a sotaina ou, já mais avançado, despiu a fardeta, assumindo novos comportamentos, confessava seus enganos, e como se ortodoxizou por conveniências de seita; mas era tarde: sem pedidos de desculpa aos agora adultos, lesara definitivamente a Igreja.
A mesquinhez dos educadores é mais grave em alegados ministros de Deus, que dEle colhem inspiração; e, ao drama de ser, em espírito bem formado, junta-se o drama de viver com outros, por quem nos sentimos responsáveis ‒ ¬família, amigos, país, universo. A fé só existe enquanto corrente de humanidade; não é um assunto pessoal. Face à totalidade ‒ conceito perigoso, servindo às religiões, e às ideologias maiores do século XX com sua soma de desastres ‒, aproveitamos sucedâneos, seja partido, região, língua...
Falhada hipótese tão esperançosa, em que natureza, acidentes e conflitos esculpiram feições em barro contingente, a alternativa era assentar no precário durante quase duas décadas. Ser estudante-trabalhador e professor, com o intervalo ainda religioso de buscar um sentido na luta partidária, em que se replicava educador de classe. Muitos desses educadores informais velavam, afinal, por futuras mordomias.
Nos teus 40, encontrámo-nos frente à Faculdade de Direito, na Cidade Universitária: era uma nova vida, seguida da regulação do mercado e valores mobiliários. Não nos víramos na década de 80, por ausência minha no estrangeiro. Revimo-nos em 2002, na Quinta da Ribeirinha, Santarém. Já, aí, te lançaras na dignificação da língua-mãe, provendo-a, além do mais, de um corpus bibliográfico, seu tesouro maior. Na última década, só tenho conversas, almoços, viagens, tarefas em comum, a agradecer. No conchego amigo, compreendeste, meu doce vizinho, que há uma diferença entre ser generoso ‒ melhor, equitativo ‒ e ser pasto de arrivistas. Encheste, enfim, o copo de sentido, com que brindamos regularmente. És, Amadeu Ferreira, um luxo na minha vida.

Publicado por Teresa Martins Marques

Inquietude

entendo que o dia de hoje
é diferente
de ontem
de amanhã
apenas sei que nada muda
pelo meu entendimento

inquieto-me pelo que antevejo
que pressinto
vivo e sinto
num qualquer dia sereno
demasiadamente frio
ou quente

vejo que o curso dos dias
instável e indeciso
não implica ser feliz
imprecisa
é a vontade de viver
como se o dia acabasse
no momento exato de nascer

Maria Cepeda



Rui Massena apresenta álbum de estreia

O maestro Rui Massena apresentou o seu álbum de estreia como compositor em Alfândega da Fé., no passado sábado.
“Solo” é o nome do disco à venda a partir de ontem. Rui Massena regressou a Alfândega da Fé para dar a conhecer o seu novo projecto, depois de no ano passado ter escolhido também esta vila para gravar o álbum de originais e o concelho de Alfândega para instalar a sua residência artística. O maestro protagonizou um concerto de piano a solo.


Município de Mogadouro quer eliminar barreiras arquitectónicas

Mogadouro quer eliminar as barreiras arquitectónicas que condicionam a mobilidade. A pensar nos munícipes mais idosos e nos cidadãos portadores de deficiência, a Câmara Municipal tem já a decorrer um projecto de remoção dos principais entraves à circulação.
Evaristo Neves, vice-presidente da autarquia mogadourense, explicou que que a necessidade se prende com a segurança dos cidadãos, depois de se terem registado casos de ferimentos na sequência de quedas de pessoas de mais idade. “Por exemplo, no muro junto aos Passos do concelho, provocou algumas quedas e por isso colocamos umas floreiras. Havia também uma passadeira junto ao cemitério onde algumas pessoas de idade caíam. A partir daí, decidimos verificar também outras situações que pudessem causar dificuldades na mobilidade”, revela Evaristo Neves. Abolir lancis junto das passadeiras e colocar rampas ou cadeiras elevatórias em edifício municipais são algumas das alterações a que a autarquia vai proceder. Duas das modificações já se realizaram e o município está a fazer o levantamento das restantes necessidades. A autarquia espera no prazo de 60 dias ter o problema de mobilidade solucionado. A mão-de-obra e a maquinaria utilizadas serão do próprio município, e o valor total do projecto deverá situar-se entre os 15 a 20 mil euros.

Escrito por Brigantia.

Retirado de www.brigantia.pt

Centro de Arte Contemporânea já recebeu mais de cem mil visitantes

Já passaram mais de cem mil visitantes pelo Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança. Em seis anos de funcionamento este espaço cultural já recebeu artistas de renome e afirmou-se a nível nacional e ibérico. Para Jorge da Costa, que assume funções de director artístico desde o início do projecto, este é um excelente resultado para um centro de arte longe das grandes cidades.
“Já por cá passaram cerca de 100 mil visitantes, o que é extraordinário para um centro na periferia. E acima de tudo é um centro que se tem vindo a impor a nível nacional e particularmente a nível ibérico. Eu penso que neste momento em Portugal, fora dos grandes centros urbanos, este é o centro que se tem imposto pela imagem de qualidade, nomeadamente na programação que aqui tem vindo a apresentar”, realça o responsável. O Centro de Arte é dedicado à pintora transmontana Graça Morais. Para enaltecer os 40 anos de vida artística da pintora, Jorge da Costa lançou recentemente o livro intitulado "Territórios da Memória". O responsável pelo Centro de Arte confessa que compilar a obra da artista transmontana em 175 páginas não foi fácil e chegou até a pensar em desistir. “Confesso que pensei em desistir muitas vezes por causa da dimensão de tratar uma obra tão vasta como é a obra da pintora Graça Morais em 175 páginas. São quase 40 anos da carreira artística da pintora. No entanto, foi um desafio que me deixou muito feliz, até porque é neste momento o livro mais completo sobre a obra da pintora Graça Morais”, salienta Jorge da Costa. A par das exposições, o Centro de Arte Contemporânea também disponibiliza serviços educativos para a comunidade estudantil, que adaptam os conteúdos às diferentes faixas etárias. “O serviço educativo é de facto uma mais valia no Centro de Arte, não só obviamente para a formação de públicos, mas também nós estamos a criar uma geração habituada a frequentar museus e a ver o museu quase como um espaço da sua casa. Procuramos que as actividades estejam relacionadas com a exposição, obviamente adaptada à idade das crianças e dos que frequentam este espaço, porque nós temos aqui crianças desde o pré-escolar até aos jovens do ensino superior”, realça o director do Centro. A presença da escritora Graça Morais no Centro, as opiniões deixadas pelos artistas que passam por Bragança e o recente projecto do Centro de Fotografia Georges Dussaud são também temas abordados por Jorge da Costa no Cinco perguntas desta semana. 

Escrito por Brigantia.

Retirado de www.brigantia.pt   

Castelo de Bragança é o tema da primeira exposição de fotografia de Rui Paulo

O castelo de Bragança é o tema da primeira exposição do fotógrafo brigantino Rui Paulo Pereira. O técnico de emissores de Radiodifusão desde sempre se interessou pela fotografia e há cerca de cinco anos que dedica mais do seu tempo a esta arte, acompanhado de uma câmara fotográfica profissional.
A profissão de Rui Paulo exige que percorra cerca de 10 mil quilómetros por mês, o que faz com que aproveite cada cenário para captar mais uma imagem. O fotógrafo admite que não sai de casa sem a máquina fotográfica. “A máquina e o tripé são indispensáveis. Já me aconteceu chegar a Mirandela e voltar a buscar a máquina porque me tinha esquecido. Ao andar por estas serras tão bonitas do nosso país, porque não fotografar zonas que são desconhecidas da maior parte das pessoas e mostrá-las e partilhá-las?”, questiona o fotógrafo. Rui Paulo afirma que cada fotografia é única e gosta do desafio de tentar fazer melhor. A paixão por esta arte não tem horário. Faça chuva ou faça sol o fotógrafo parte á descoberta de novas imagens, sobretudo na natureza, mesmo que isso implique levantar-se de madrugada. “Gosto sobretudo da natureza. Gosto de fotografar veados na brama e fora da brama, mas na brama é mais interessante. Consegui uma foto do lobo ibérico, que é uma foto muito rara. Foi uma foto daquelas… Ás cinco e meia da manhã, a chover torrencialmente, fui para o monte no meu abrigo e, por sorte, apareceu o lobo e consegui fotografá-lo”, conta Rui Paulo pereira. Além da natureza, o castelo de Bragança, o tema desta exposição, é outras das paixões do fotógrafo. “O castelo de Bragança é especial porque, para mim, é o castelo mais bonito do país. Eu conheço a maior parte dos castelos e para mim não há castelo mais bonito. Está muito bem conservado, está num ambiente em que se conseguem fotografias com os montes por trás, escondendo a civilização. Depois da minha mulher, a segunda coisa que eu vejo quando acordo é o castelo de Bragança”, confessa o fotógrafo. Rui Paulo começou como fotógrafo amador, agora dá formação na área da fotografia. A divulgação das fotografias foi feita sobretudo através da rede social Facebook, agora Rui Paulo tem também um site com as imagens catalogadas. A exposição “Castelo de Bragança” está patente até ao dia 3 de Março no Instituto Português do Desporto e Juventude, em Bragança.

Escrito por Brigantia.

Retirado de www.brigantia.pt

RETRATO DO JURISTA AMADEU FERREIRA, por CARLOS FERREIRA DE ALMEIDA, Prof. Catedrático de Direito.

«Amadeu Ferreira: o jurista e o amigo»

Conhecemo-nos há vinte anos. No dia 26 de Maio de 1993, em jornadas promovidas pelo Banco de Portugal e pela Associação Portuguesa de Bancos, proferi uma conferência intitulada Desmaterialização dos títulos de crédito: valores mobiliários escriturais. No final da intervenção, o Amadeu Ferreira interpelou-me com uma objecção acerca de opinião que eu expusera. Quando, no mesmo ano, publiquei na Revista da Banca, nº 26, o texto revisto da minha conferência, agradeci em nota (p. 35) as «argutas observações» do Dr. Amadeu José Ferreira, procurando então, sem o contrariar, uma saída técnico-jurídica para o seu argumento.
Estudante, assistente e mestre de direito
Ao tempo, sabia que as observações provinham de um assistente estagiário na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde eu era professor recém-doutorado. Porventura, tinha lido o seu excelente artigo sobre Ordem de bolsa (assunto que não era objecto de obra académica desde 1906), publicado na Revista da Ordem dos Advogados, em 1992.
Julgo que não tinha presente que ele tinha sido meu aluno na disciplina de Sistemas Jurídicos Comparados, onde passara com boa nota, mas de modo discreto. Se não sabia já, facilmente teria apurado que, como aluno do 4º ano, se notabilizara pela autoria de um manuscrito de cerca de 800 páginas contendo os Sumários das aulas de Direito Penal, parte geral, de acordo com as aulas do Dr. Rui Pereira no ano de 1989, com muito êxito junto dos estudantes daquele ano e dos seguintes, e que, em 1990, se tinha licenciado em Direito naquela mesma Faculdade, com elevada classificação.
Do seu curriculum constava ainda a admissão como assistente estagiário, em concurso realizado em 1991, que tivera por base um trabalho intitulado Homicídio Privilegiado, publicado em 1992, pela Livraria Almedina, de Coimbra.
Logo no nosso primeiro contacto ou nalgum outro, pouco depois, fiquei ciente de que o tema da sua dissertação de mestrado tocava aquele mesmo que eu tratara na referida intervenção pública. Embora não fosse o orientador da dissertação, tivemos ocasião de ir falando (e discutindo) sobre questões jurídicas que a ambos interessavam. Para mim, foi um gosto e também uma vantagem, porque aproveitava o conhecimento científico e prático do meu interlocutor, que, desde Maio de 1992, trabalhava na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, como técnico jurista. Nessa qualidade, tinha participado numa task force que preparou a abertura da Bolsa de Derivados do Porto, estudou in loco o funcionamento das bolsas de derivados de Chicago, Londres e Barcelona e colaborou na redacção dos modelos de contratos que foram adoptados na Bolsa do Porto.
Tive a honra de ser um dos arguentes nas provas públicas, realizadas em 18 de Julho de 1995, em que se apreciou a tese de mestrado em Ciências Jurídicas, entregue em 28 de fevereiro de 1994 e intitulada Valores mobiliários escriturais. Um novo modo de representação e circulação de direitos, depois publicada pela Almedina, em 1997. No prefácio, o autor fez o favor de declarar que foi para ele «importante o incentivo» que lhe dei, «nomeadamente pela troca de impressões sobre temas em que muitas vezes divergimos».
O júri atribuiu ao autor classificação elevada, mas nem todos os membros se terão apercebido, em plenitude, do carácter inovador e do grau de sofisticação da base informativa e da aptidão argumentativa que a obra revelava. Ainda hoje, apesar das alterações legislativas, este texto é uma referência fundamental para quem queira compreender o fenómeno e o regime da escrituração informática das acções das sociedades anónimas e de outros instrumentos financeiros.


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O FIO DAS LEMBRANÇAS (14) O MENINO QUE MATOU A MORTE

(Excerto da Biografia que escrevo sobre Amadeu Ferreira)

«Tive febre tifóide complicada por volta dos três ou quatro anos. Lembro-me de episódios para tomar os medicamentos, porque eu não os queria tomar, nomeadamente comprimidos. Lembro-me de um episódio em que o médico me quer obrigar a tomar o comprimido e eu acabo por vomitá-lo. Lembro-me também de um momento em que eu acabei por conseguir tomar os comprimidos. Estava sentado numas escadas e era um dia de sol não muito quente. Lembro-me desse sol amarelado a bater em mim e eu sem frio a tentar beber um copo de água. Digamos que a memória dessa doença é uma memória que está bem viva. Há um episódio de que eu me lembro muito fortemente e que me deixou muita impressão, com o qual sonhei sempre ao longo da vida e ainda hoje me vem nos sonhos. É um episódio que terá acontecido por essa altura, talvez ligeiramente antes. É um episódio em que eu estou a dormir durante a noite, estava muito quente, admito que estivesse cheio de febre, não sei, e eu estava deitado na cama. Nós dormíamos num quartinho, estavam os meus pais numa cama ao lado e eu e o meu irmão Abel dormíamos numa cama pegada à deles, tudo no mesmo quarto, um quarto que hoje olho para ele e vejo-o tão pequenino que nem cabe lá uma cama, mas naquela altura cabiam duas. Estou eu deitado, acordado, e sinto, a meio da noite, uns olhos a quererem perseguir-me, uns olhos a quererem comer-me, uns olhos a quererem agarrar-me, uns olhos muito fortes, muito vivos, que me perseguem. Então encho-me de coragem, não digo nada, levanto-me da cama, agarro nos olhos, vou à lareira da cozinha, que era um cantinho onde se punham os paus a arder, agarro na tenaz, abro a cinza, agarro nos olhos, espeto-os lá e dou-lhes com a tenaz em cima. Mato os olhos e ficam lá enterrados. Os olhos nunca mais me perseguiram. Eu voltei todo contente para a cama e adormeci. Tive sempre a sensação, ao longo da vida, que aqueles olhos eram a morte que me perseguia, era a morte que me queria agarrar, que me queria levar, e que, de alguma maneira, eu enterrei na cinza, que era a maneira que eu tinha de me ver livre dela. Depois passei a associar isso à situação de eu me ter curado. Não sei se isto é verdade ou não, mas é aquilo que ficou na minha memória. É um episódio que se associou a mim ao matar a morte, o que é uma coisa contraditória. A morte não se mata. Um episódio, talvez, dos mais antigos, dos mais vivos e dos mais fortes que nunca me esqueceu ao longo da vida.»

Escrito por Teresa Martins Marques.

Retirado do Facebook.

Piaget aposta na certificação da pasta de azeitona transmontana

Certificar a qualidade de pasta de azeitona fabricada com o fruto e com azeite exclusivamente transmontanos é o objectivo do Instituto Piaget. Como parte do processo a instituição organizou, em conjunto com a Câmara Municipal e no âmbito do Festival do Azeite Novo, as provas técnicas deste preparado
De acordo com, Maria Helena Chéu, presidente do Campus Académico do Nordeste do Instituto Piaget, o estudo e o processo de certificação da pasta de azeitona de Trás-os-Montes são projectos que podem ser desenvolvidos nas valências do Instituto Piaget: De acordo com a respansável, o processo junto das instituições de certificação pode ser facilitado, já que “o Instituto Piaget tem laboratórios acreditados em Mirandela, nos quais é possível fazer análises do produto, bem como estudos de estabilidade e validade”. O objectivo final do projecto é a comercialização do produto. Maria Helena Chéu esclarece que para levar a cabo o estudo, o Instituto Piaget apesentou uma candidatura para a elaboração de uma cozinha experimental para pastas de azeitona como actividade principal, em Macedo de Cavaleiros. “Temos de estudar a composição do produto, o estudo de validade do produto e a própria embalagem”, explica. O finalista do programa de televisão Masterchef, Luís Portugal, que integrou o painel de provadores, considera que este produto porque está na moda pode ajudar à promoção do azeite transmontano. O preparado que pode ser servido como entrada ou acompanhamento deve ser aproveitado para “nos identificar ao mais alto nível e pode-nos levar a cruzar fronteiras. Podemos levar o nosso azeite para qualquer parte do mundo”. Para além de estudar a composição do produto, analisar a validade, o projecto do Instituto Piaget prevê também a criação da própria embalagem da pasta de azeitona de Trás-os-Montes.

Escrito por Brigantia.

Retirado de www.brigantia.pt

MOGADOURO: VILA TEM "A MAIS BELA" BIBLIOTECA MUNICIPAL PORTUGUESA

A Biblioteca Municipal Trindade Coelho (BMTC) em Mogadouro venceu o concurso "BibliotecAtiva", que teve por objetivo escolher "a mais bela" biblioteca municipal portuguesa.
Felipe Leal, do movimento "BibliotecAtiva", que junta bibliotecários de todo o país, explicou ao Mensageiro que a BMTC , de Mogadouro, foi escolhida numa votação através das redes sociais. Na fase final, foram registados 592 votos, dos quis 382 foram para a BMTC de Mogadouro (65 % dos votos), cabendo à biblioteca de Sever do Vouga 134 votos, o que lhe conferiu o segundo lugar.
"Nesta iniciativa só poderiam participar as cerca de 200 bibliotecas municipais que estão espalhadas por todo o país e, deste número, foram escolhidas 25 para serem colocadas a votação", disse Felipe Leal.
Um dos objetivos da iniciativa era o de promover as bibliotecas municipais existentes no país e colocar as pessoas a falar destes espaços culturais.
"A aplicação [disponibilizada nas redes sociais para votação] não permitia que as pessoas pudessem votar duas vezes com o mesmo perfil, de forma a dar rigor ao processo ", destacou o representante do movimento "BibliotecAtiva".
Num comentário à escolha dos votantes, a responsável pela BMTC, Marta Madureira, declarou: "Esforçámo-nos e tentámos divulgar ao máximo este concurso. Queríamos apenas dar a conhecer e mostrar a nossa biblioteca a todo o país e, no final, inesperadamente, com a ajuda dos utilizadores e leitores, vencemos".

Retirado de www.rba.pt

Aldeia pedagógica de Portela reconhecida pelo MIES

A aldeia pedagógica de Portela, no concelho de Bragança, foi reconhecida pelo Mapa de Inovação e Empreendedorismo Social (MIES). Um projecto de investigação, que tem como objetivo distinguir iniciativas de elevado potencial de empreendedorismo social. 

João Cameira, o presidente da Azimute, Associação de desportos de aventura, juventude e ambiente, responsável pelo projecto da aldeia pedagógica da Portela, sublinha que este é um reconhecimento da importância do trabalho que tem vindo a ser feito. Considerando que foram referenciadas 4205 iniciativas em Portugal e que foram estudadas profundamente 444, em que houve deslocações ao terreno e a resposta a vários inquéritos, o facto de a aldeia pedagógica fazer parte dos 134 projectos selecionados, é mais um reconhecimento da validade e da pertinência da implementação deste projecto em espaços despovoados e em territórios com baixa densidade populacional”, salienta João Cameira. Um reconhecimento que poderá contribuir para a sustentabilidade do projecto e a angariação de mais apoios. “É mais um selo de qualidade deste projecto que, na fase de conseguir angariar alguns fundos comunitários ou eventualmente algum mecenato que nos permita continuar, será sempre uma mais-valia”, sublinha. A aldeia pedagógica de Portela é um projecto que teve início em 2010. O objectivo da aldeia pedagógica é fazer com que os já poucos habitantes de Portela se transformem em “mestres do meio rural”. Recebem a visita de crianças e idosos institucionalizados ou famílias e mostram a horta, a capoeira, a forja, ensinam a fazer pão, compotas e licores, a recolher cogumelos silvestres e ervas aromáticas e partilham histórias e saberes ancestrais. “Acabam por transportar alguns conhecimentos a quem os visita, promovendo a intergeracionalidade e um envelhecimento activo”, considera João Cameira. Este é o terceiro prémio que distingue o trabalho desenvolvido na aldeia pedagógica de Portela.

Escrito por Brigantia.

Retirado de www.brigantia.pt

Brigantia Ecopark pode começar a receber empresas brevemente

O Brigantia Ecopark poderá vir a ter empresas instaladas brevemente. Mesmo sem avançar uma nova data de inauguração da infraestrutura, o director executivo do Brigantia Ecopark, Paulo Piloto assegura que os interessados poderão começar a instalar-se mesmo antes de este ser inaugurado oficialmente. 

Sublinhando o “atraso significativo” da abertura por várias vezes adiada, o director executivo do Parque Ciência e Tecnologia explicou que já há “candidaturas formalizadas e aceites e as pessoas que fizeram as candidaturas vão entrar ao serviço antes de ser inaugurado. Se tiver as condições todas reunidas as empresas e instituições poderão ocupar o espaço”. Paulo Piloto destacou que o objectivo do projecto Brigantia Ecopark é a promoção de cultura de inovação e aumento da competitividade da região, que é que a nível nacional tem o mais baixo índice nesta matéria. Declarações à margem do terceiro workshop da iniciativa Interior 2.0, que decorreu em Mogadouro. No âmbito do workshop, o presidente da Câmara Municipal, Francisco Guimarães avançou que, para tentar evitar a perda de população e de massa crítica, “os municípios estão a oferecer solo industrial a custo simbólico, criando um incentivo às empresas para as fixar cá. Há um sentimento forte de apoio por parte dos autarcas e um investimento em incentivos à população” e avança que a Câmara Municipal aprovou um regulamento de incentivo às empresas. Francisco Guimarães destacou a importância de infraestruturas que contribuíram para a melhoria das acessibilidades na região, como a A4 e o IC 5, mas no caso desta última via lamenta que tenha chegado tarde e incompleta, por não concluir a ligação a Espanha. O autarca aproveitou a oportunidade para recordar também os problemas de acesso à capital de distrito, que afectam os concelhos de Mogadouro, Vimioso ou Miranda do Douro.

Escrito por Brigantia.

Retirado de www.brigantia.pt