segunda-feira, 18 de abril de 2016

Alfândega da Fé recebe final distrital do Concurso Nacional de Leitura



Na semana em que se assinala o Dia Mundial do Livro, Alfândega da Fé recebe a final distrital do Concurso Nacional de Leitura. No dia 20 de abril, alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico e do Ensino Secundário das escolas do distrito de Bragança reúnem-se na sede deste concelho para a eliminatória distrital.


Esta é a 10ª edição deste concurso, promovido pelo Plano Nacional de Leitura, em parceria com a Direção - Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, com a Rede das Bibliotecas Escolares e com a RTP. A iniciativa pretende, de uma forma lúdica, promover o gosto pela leitura e o conhecimento de autores de diversas gerações e de diferentes estilos literários.
O Município de Alfândega da Fé, através da Biblioteca Municipal, foi convidado pela Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, a organizar a 2ª fase do concurso, a nível distrital. O encontro pretende assumir-se como uma grande festa do livro e da leitura. Tendo como principal objetivo o estímulo da leitura e desenvolvimento de competências de expressão oral e escrita dos alunos o concurso desenvolve-se ao longo de 3 fases. A primeira decorre nas diferentes escolas do País, a segunda é realizada a nível distrital e a terceira fase corresponde à final nacional.
Na final distrital de Alfândega da Fé mais de 70 alunos vão participar nas provas eliminatórias, compostas por uma prova escrita e outra oral que decorrem, respetivamente, na Biblioteca Municipal de Alfândega da Fé e Casa da Cultura Mestre José Rodrigues.

Retirado de www.noticiasdonordeste.pt

Brincar à regionalização (Teófilo Vaz, Diretor do Jornal Nordeste)



Só os burros não mudam de ideias. Esta é uma afirmação, também atribuída a Mário Soares, entre outras figuras da nossa história política, que se adapta ao que vamos presenciando na actualidade da vida deste país. O novel presidente da República já fez questão de alertar para que, ele próprio, mudou de ideias sobre o papel da Caixa Geral de Depósitos no contexto da banca portuguesa, reconhecendo agora, ao contrário do que dissera há uns anos, que aquela instituição deve manter-se no universo do Estado, para poder dar contributos decisivos que garantam equilíbrios fundamentais para a economia nacional.
Foi este mesmo Marcelo Rebelo de Sousa que se enredou em contradições estranhas, pelo fim do século, quando era presidente do PSD e, proclamando defender uma certa regionalização, se considerou vitorioso num referendo que a reprovou.
Agora, em Macedo de Cavaleiros, foi a vez de Rui Rio, sempre prometido novo Sebastião, a irromper das brumas da ribeira do Porto, declarar que, se fora hoje, ele não teria feito a campanha que fez contra a regionalização, no tal referendo que a relegou para definitivas calendas, de companha com o grande Marcelo.
É bom ouvir estas figuras que, conjunturalmente, marcaram a vida política desta nova república e continuam a pontificar, até ver, no quotidiano dos cidadãos, fazendo autênticos actos de contricção, como que a requererem a complacência daqueles que, por via das suas decisões e omissões, sofrem na pele a dor imensa do abandono, mesmo do desprezo, num baile que eles abriram, de par com as bruxas do mau olhado sobre este interior.
Rui Rio pode dizer agora o que lhe apetecer, fazer o papel de filho pródigo e, naturalmente, haverá sempre quem, nestas terras de almas misericordiosas, o acolha com um afago. Afinal, já nem nós esperamos outra coisa senão o último suspiro... ou talvez não.
O que é verdade é que, nos últimos tempos, decisões espúrias, sem cimento estratégico, resultantes de imediatismos palonços, conduziram a um agravamento das condições de permanência nesta terra.
O retalhar do território a esmo, sem ter em conta os longos legados temporais, executado por um tal Miguel Relvas, doutor da mula ruça, foi realizado e não parece poder vir a cair, apesar dos novos protagonistas, que terão chegado à sardinha com mão alheia, entre sorrisos amarelos.
A extinção iminente dos distritos, que já só servem para referência dos círculos eleitorais, depois do esvaziamento dos governos civis é, provavelmente, um dos golpes mais demolidores contra o interior.
Depois, sim, cidades como Bragança descerão vertiginosamente de importância, até se estatelarem no chão duro e seco da insignificância.
A reorganização político-administrativa não deveria resultar das movimentações de interesses dos que pouco conhecem e nada respeitam da esforçada construção secular deste país. E, muito menos, dos ziguezagues de protagonistas que confundem a política com técnicas do ilusionismo, que até podem deixar o povo de boca aberta, enquanto não tem clara consciência de estar a ser tomado por parvo.

Por Teófilo Vaz
Retirado de www.jornalnordeste.com

sábado, 16 de abril de 2016

Embora a primavera teime em não querer ficar...



...há flores que teimam em florir.
Felizmente, o fluxo dos dias é constante. Acordamos e a vida continua como se fosse um novo começo, um raio de sol, uma gota de chuva, um floco de neve, uma folha esvoaçante.
Umas manhãs mais preguiçosas, outras mais espevitadas e atrevidas, sem importar a estação em que nos encontramos.
A vida continua, ininterruptamente até ao fim dos tempos. Nós não. O nosso período de validade é finito. Teimamos como as flores que teimam em florir, viver a nossa vida, mesmo quando as nossas manhãs começam ao fim da tarde, ao início da noite ou madrugada dentro como gatos.
Parece que estamos, efetivamente, na primavera. Que o digam as flores.

 
 






Maria Cepeda

domingo, 10 de abril de 2016

O planeta dos macacos (Editorial do Jornal Nordeste)



Vamos na segunda década do século e parece-nos que, afinal, a história se repete, porque no dealbar de cada novo século, a humanidade tem conhecido tragédias impensáveis.
Definitivamente, a história não se repete. O que acontece é que a natureza humana não muda muito enquanto o tempo corre, longo que seja, à vista, sempre limitada, do observador individual da humana espécie, uma simples derivação do grande tronco dos símios.
Quando era jovem, na verdura dos quase dezassete anos, pelo Inverno de 1972, peguei num blusão verde tropa e escrevi, eu próprio, no pano de costas, a seguinte mensagem: “Homo Sapiens, quando deixas de ser macaco?” Fiz furor nas ruas desta minha cidade.
Eram deambulações de um fim de adolescência, quando se acredita que não há razão para que o mundo não mude, já que os humanos só não se aproximam dos deuses se não quiserem.
Passados mais de 44 anos, os dias nascem sobre um imenso pântano fétido, onde se rebolam perfeitos macacos, espalhando lama imunda em redor, à mistura com guinchos ameaçadores, dentuça arreganhada, como que a prefigurar as portadas infernais.
De facto, este país continua a ser a choldra profetizada pelo José Maria, o tal Eça de Queiroz, claro, onde a venalidade tem parido sucessivos escândalos de corrupção e a nossa terrinha ocupa lugar de honra no ranking da podridão.
Olhando para o rasto civilizacional portuga, o tropicalíssimo Brasil, faz-nos corar de vergonha. Outro produto da nossa vocação universal, a grande Angola, também não nos dá motivos de tranquilidade. Em Moçambique perfilam-se, de novo, os senhores da guerra prontos para a festa do sangue e, na Guiné, as bolanhas cheiram a carne e a cocaína.
Ainda por cima, percebemos, agora, estupefactos, que até o nosso Sabor, o rio que nos passa aqui à porta, também poderá ter sido empurrado para uma global embrulhada, com cheiro a macacada.
Pelos vistos, as obras da barragem, construída junto à foz deste nosso rio, também terão tido contactos com os vírus da corrupção, onde brasileiros e portugueses, carinhosos irmãos, não se abstiveram do deboche.
Entretanto, um consórcio internacional de jornalistas divulgou notícias sobre comportamentos miseráveis, mesmo de políticos que se arvoraram em paladinos da dignidade e da integridade. Ficamos com a sensação de que, na realidade, isto continua a ser um verdadeiro planeta de macacos, sem pudor, sempre prontos a fazer valer os seus instintos mais básicos, sem pinga da vergonha que a condição humana teria trazido, pensávamos nós, para o terceiro calhau a partir do Sol.
Não valem a pena os lamentos. Por mais que nos pareça estranho, a indignidade alastra de forma indiscriminada, chamando-nos à razão sobre as fragilidades perigosas dos humanos, que mudaram pouco no que respeita ao egoísmos, à rapacidade e à vertigem do verdadeiro pecado que é o desprezo ostensivo pelos outros, apesar dos dois mil anos que passaram sobre o legado de um rabi da Palestina, que é símbolo fundamental para meio mundo.

Por Teófilo Vaz (Diretor do Jornal Nordeste)

terça-feira, 5 de abril de 2016

Não o fez

Mais um dia dos que são para viver um de cada vez, se possível devagar.
Não vale a pena correr porque urge chegar inteiro e capaz.
Tinha pressa como pressa tem quem quer que tudo aconteça num milionésimo infinitesimal de um fugaz segundo.
Atrasou-se. Pesava-lhe a consciência de não ter chegado, de não ter acabado o que se propusera fazer.
Pensou deixar as lágrimas fluírem livres.
Não. Não deveria fazê-lo. Não o fez.
Engoliu-as como quem engole algo muito amargo, com a certeza de que queimará mas não apagará a dor que grassa na garganta e não pode explodir em gritos.
Os olhos continuam secos e ardem.
Tenta que ninguém saiba que não é feliz.
A ilusão é magia neste mundo torto.
De nada vale tentar se houver lágrimas nos belos olhos de quem chora.
Não pode.
Não quer.
Por isso, vive.
Não um viver pleno, radiante de felicidade e conquistas. Apenas vive de forma correta, pensa.
É o modelo que tem de seguir porque é assim e pronto.
Ser, fazer, seguir sem voltar a cabeça...

Não. Chega. Não quero mais. Sou. Existo. Sinto.
Não posso viver assim, como nada ou ninguém.
O dia passa rápido demais, depressa demais...
Preciso agarrá-lo, caminhar com ele, ao seu ritmo.
O mundo não para para esperar por mim.
Fiz, faço, farei o que nem sequer imagino fazer.
Sou totalmente, completamente, como um dia que acontece com a naturalidade que nele consente, apenas porque sim.

Maria Cepeda

  

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Chega de lágrimas (Escrito por Teófilo Vaz, Diretor do Jornal Nordeste)



Os europeus, todos, estamos a sujeitar-nos a uma humilhação que muitos sentimos ser inadmissível.
Alguns criminosos esbofeteiam-nos de forma descarada, matam-nos como gado e escancaram os sorrisos podres, de ratazanas da cloaca máxima do universo, refastelados nos nossos estados de direito democrático, conspurcando as instituições que foram concebidas para a elevação, mesmo dos ignaros, à condição humana.
Sobre a carnificina, servida ao ritmo de novela, choram-se lágrimas de terror, que dizem muito, sobre o que já conseguimos construir, apesar dos erros e omissões, que também nos acompanharam na costura do tempo.
Choramos de angústia, mas também de compaixão, mesmo por eles, bestas diabólicas, meticulosos cobardes ao serviço da ignomínia, traiçoeiros como as víboras que se dissimulam no deserto.
Mas, já é tempo de secarmos as lágrimas, respirarmos bem fundo, até à essência dos nossos valores e passarmos à acção, porque a nossa própria cobardia não resultará em benefício para o futuro.
Por isso, é preciso substituir as lágrimas, não pela raiva, mas pela coragem, sem tremeliques, que nos conduza a uma vitória firme e nos permita retomar a tranquilidade e a serenidade que conquistámos, com mérito, no contexto da humanidade.
O caminho pode ser dilacerante, mas é melhor arriscá-lo do que permanecer nesta morte lenta de leão velho, à mercê de todos os necrófagos da obscuridade.
Ou os europeus resolvem, de uma vez por todas, construir a Europa, ou os próximos milénios poderão reconduzir o planeta dos homens a novos infernos, eventualmente sem remissão. Enquanto dermos o espectáculo grotesco que flamengos e valões mostraram na última semana, enquanto determinados políticos de vários países europeus insistirem em culpar os seus concidadãos, em vez de assumirem claramente que os terroristas são os principais responsáveis pelo sangue que corre, suportados, é verdade, por manipuladores hipócritas que afectam querer a paz, a Europa continuará moribunda.
Precisamos de realismo na análise, para que tenhamos condições de nos fazer respeitar. É disso que se trata. Se olharmos, com olhos de ver, para a actual liderança turca, não podemos continuar a confundir o nosso tempo com a guerra fria e, muito menos, esperar lealdade daquele lado do Mediterrâneo.
Também precisamos de ter consciência que há ameaças evidentes a sul. Não podemos esquecer, apesar dos séculos, os ímpetos radicais dos Almorávidas e dos Almóadas, que ensanguentaram a Península Ibérica dois séculos depois da chegada do Islão. Hoje também há ameaças, curiosamente das mais intensas, vindas do Magreb e já não nos parece tão exótico que, nas mesquitas do Paquistão, se proclame o regresso ao Garb, o ocidente, a nossa terra.
Se continuarmos a encolher-nos e a chorar vão, provavelmente, realizar connosco o último holocausto, antes do apocalipse, de que aparentam ser os reais cavaleiros.   

Por Teófilo Vaz