segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas

Um projecto teatral sobre a ditadura portuguesa, a revolução e o processo revolucionário. Trata-se de uma performance histórica que no próximo dia 21 de Janeiro, às 21: 00 horas, chegará ao Teatro Municipal de Bragança pelo Teatro do Vestido. 

“Este projecto performativo parte de uma pesquisa sobre algumas das memórias da história recente de Portugal, numa perspectiva histórica, política e afectiva, e com base em testemunhos de pessoas comuns – desafiando as grandes narrativas destes três períodos/acontecimentos, que se têm construído sobretudo sobre a ideia de protagonistas militares e políticos.
Quisemos saber onde ficavam as pessoas no meio destas memórias, e destas narrativas, e como é que a transmissão deste período crucial da história de Portugal se opera nos dias de hoje. Que omissões, revisões, rasuras estão a acontecer e como e por quem? Que versões da história nos são ensinadas e que outras podemos aprender? Segundo Keith Jenkins, a história e o passado não são a mesma coisa.

Segundo Elizabeth Jelin, a memória é uma luta. Segundo Hayden White, a história é uma narrativa. E, por fim, segundo Marianne Hirsch, a 2ª e 3ª gerações são aquilo a que ela chama ‘gerações da pós-memória’. A nossa memória é, portanto, pós e é nessa condição de um ‘outro olhar’ que temos vindo a construir as palestras performativas que fazem parte deste museu, como uma lição de história que não se aprende em nenhuma disciplina que conheçamos – e talvez por isso mesmo estejamos a construir este espectáculo: por nunca o termos podido aprender mesmo quando pedimos que nos ensinassem, que nos contassem como as coisas se tinham ‘realmente’ passado.
 Em Portugal, na ausência de uma Comissão da Verdade e Justiça, ou algo semelhante, são os activistas, os cientistas sociais, os historiadores, bem como os artistas, quem tem levado a cabo esse paciente trabalho de reconstituição, contra a usura do tempo e das ideologias vigentes que, cada qual à sua maneira e de acordo com a sua agenda, têm procurado – mais do que estabelecer pontos de vista – reescrever a história. Paula Godinho descrevia assim em 2011, o que ela considera ser um fenómeno desde o final dos anos 80, “que passa pela desqualificação dos momentos revolucionários, pela sua avaliação com ressalvas ou pelo completo banimento, e, concomitantemente, por uma desvalorização do carácter repressivo do Estado Novo, por imposição de uma agenda política mais generalizada.” E acrescenta: “(...) falar e escrever acerca de revoluções e revolucionários não está na moda (...).” (Paula Godinho, introdução a Aurora Rodrigues, Gente Comum – Uma História na PIDE, Castro Verde: 100Luz, 2011) “.
Investigação, texto, direcção e interpretação: Joana Craveiro
Assistência: Rosinda Costa
Colaboração criativa: Tânia Guerreiro
Desenho de luz: João Cachulo
Produção e assistência: Rosário Faria
Apoio Assédio: Teatro
Sobre este projecto: www.teatrodovestido.org


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