quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Desígnio

não é dia de fugas
nem devaneios
é tempo de agir
correr, sentir 
o vento no cabelo
a água na testa
o cansaço nas pernas
a pontada no peito
a vontade de ser nada

e olhar
a paisagem que acontece
a solidão que grassa
bela como o castanheiro 
vestido de verão
ou inverno
primavera, 
outono talvez
num campo descampado

nada mais importa
abriu-se aquela porta
a certa
que apenas mostra
a certeza de apenas ser
o que se é
sem rodeios
e o tempo apenas passa
como nuvem que já choveu


Maria Cepeda

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