A dívida da nova catedral de Bragança foi reduzida em poucos meses em quase 150 mil euros graças a donativos que levam o bispo a acreditar que num ano conseguirá amortizar meio milhão de euros em falta.
José Cordeiro está à frente da Diocese de Bragança-Miranda há um ano e meio e herdou a mais emblemática obra do antecessor António Rafael, que construiu durante 20 anos a única catedral do século XX, que ficou inacabada e com um passivo por amortizar.
Quando o novo bispo tomou posse, a 02 de outubro de 2011, o presidente da Comissão Fabriqueira, padre João Gomes, avançou que a fatura que iria herdar rondava os cinco milhões de euros entre empréstimos bancários e as obras em falta. As últimas contas da tesouraria da Cúria Diocesana indicam que o valor da dívida das obras da catedral é agora de menos de 507 mil euros.
Antes da Páscoa, o bispo lançou um apelo aos fiéis para oferecessem à catedral a chamada renúncia quaresmal. Os donativos ainda estão a ser recolhidos, como disse à Lusa o bispo diocesano, pelo que ainda não é possível avançar o valor final, mas, por aquilo que lhe vai chegando, José Cordeiro garante que "as pessoas têm sido muito generosas e responderam com surpresa aos apelos" que lhes dirigiu.
O valor da primeira entrega contabilizada é de 10 mil euros, segundo a tesouraria da Cúria Diocesana que esclarece que "em outubro de 2012 devia-se das obras da catedral 650 mil euros", um valor que até 24 de março de 2013 foi reduzido para pouco mais de 517 mil euros.
Com os dez mil euros da primeira entrega da renúncia quaresmal e mais alguns donativos, a dívida foi reduzida para menos de 507 mil euros.
"Espero que em breve possamos saldar a dívida. Tenho muita esperança nisso", afirmou à Lusa o prelado, indicando que gostava que "no máximo num ano" a diocese possa estar liberta desse compromisso. "Porque isto é uma sobrecarga, eu tenho dito muitas vezes é quase um cancro na vida pastoral de uma diocese", acrescentou.
Os fiéis podem ir acompanhando a evolução das contas da catedral através dos relatórios que são publicados periodicamente no jornal diocesano "Mensageiro". Considerada por alguns como "um sorvedouro de dinheiro" e "uma obra megalómana e desnecessária", esta obra foi o desígnio dos 30 anos de episcopado do bispo António Rafael, que ficou conhecido como "o bispo da catedral". Pouco depois de ser nomeado, lançou simbolicamente, em 1982, a primeira pedra, mas só uma década depois é que a obra arrancou.
Concluído o esqueleto, fez a inauguração funcional, em 1995, por altura dos 450 anos da Diocese de Bragança-Miranda. Em 2001, a diocese foi entregue ao bispo António Montes Moreira, que deu um avanço às obras que tinham um orçamento inicial de 750 mil contos (3,75 milhões de euros), desconhecendo-se o custo final. Em 2011, o presidente da comissão fabriqueira adiantou à Lusa que já tinha sido liquidado quase o dobro: "seis milhões de euros realizados com donativos e com compartições estatais ou fundos comunitários".
HFI // JGJ Lusa/fim
Fonte: Agência Lusa
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