terça-feira, 23 de abril de 2013

ATMAD tem um endividamento bancário na ordem dos 152 milhões de euros

 
Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro (ATMAD) teve que recorrer a um endividamento bancário de 152 milhões de euros para suportar o investimento concretizado ou o agravamento das dívidas dos municípios, disse hoje fonte da empresa.

O relatório anual das águas e resíduos relativo a 2010, que foi divulgado na quinta-feira, identificou vários sistemas multimunicipais em situação financeira \"preocupante\", entre eles a ATMAD.

A ATMAD foi criada em 2001, pelo então ministro do Ambiente José Sócrates, e é detida a 70 por cento pelo Estado e a 30 por cento pelas autarquias.

Fonte da empresa justificou que a atual situação financeira decorre fundamentalmente do facto de a ATMAD estar atualmente a concluir um ciclo de dez anos, em que realizou um \"forte esforço de investimento para a infraestruturação da região\", bem como devido às \"dívidas dos municípios à empresa\".

Ainda, acrescentou, devido às \"violações da exclusividade legal e contratual com que tem vindo a ser confrontada na prestação dos serviços de abastecimento de água e saneamento em «alta», às dificuldades na obtenção de novos financiamentos bancários e à insuficiência dos valores tarifários praticados face aos custos incorridos pela empresa\".

Referiu ainda que as dívidas vencidas dos municípios para com a ATMAD ascendem aos cerca de 22,7 milhões de euros (94 por cento da faturação em 2010).

\"A empresa tem, atualmente, um prazo médio de recebimentos da ordem dos 359 dias\", salientou a fonte.

Nestes dez anos, foram investidos 476,5 milhões de euros, cumprindo, \"sem desvios, o investimento técnico previsto no projeto global da concessão para o sistema multimunicipal\".

Atualmente, o endividamento bancário da ATMAD é da ordem dos 152 milhões de euros.

Há anos que os municípios se queixam de que, na região transmontana, se praticam os preços mais elevados do país, em alguns casos o \"dobro do litoral\".

A ATMAD justifica esta diferença de tarifas com \"razões de ordem estrutural, nomeadamente as relacionadas com a escala\".

\"Apesar do volume de atividade ter, em 2010, apresentado, relativamente às estimativas iniciais de procura, desvios inferiores a 15 por cento, a tarifa reflete a dispersão da ocupação do território, a baixa densidade populacional, os custos de investimentos e de exploração decorrentes destes indicadores\", explicou.

Em Trás-os-Montes existem quase 1.700 quilómetros de condutas para abastecer 450 mil habitantes.

O presidente da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) defendeu a agregação dos vários sistemas multimunicipais.

A ATMAD diz que não comenta esta possibilidade, uma vez que \"a mesma extravasa a sua esfera de competências e responsabilidades\".
 
Lusa, 2013-04-23
Retirado de www.diariodetrasosmontes.com

Sem comentários:

Enviar um comentário