terça-feira, 5 de novembro de 2013

Queimou-se a má sorte em Cidões

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»Nem a chuva arrefeceu a tradição desta pequena aldeia do concelho de Vinhais
Joana Gonçalves
Há uma noite do ano em que aldeia de Cidões (Vinhais), se transfigura. É a noite da Cabra e do Canhoto. Este sábado, num ritual ancestral, a povoação matou o diabo e esconjurou a má fortuna para o Inverno que se aproxima.
Este ano, apesar da chuva ter ameaçado estragar a festa, foram mais de mil aqueles que rumaram a Cidões, onde se assistiu ao desaparecimento do sol, que deu lugar à lua, simbolizando a entrada da estação escura dos celtas.
A tradição manda que se ouça o “esconjuro”, na voz do druida, enquanto prepara o “Úlhaque,” a bebida cidonense vista como uma poção mágica nesta noite mítica.
No início da noite, a chuva parou e nem o lodo que se criou no recinto demoveu os visitantes de dançar e fazer a festa em Cidões. A noite trouxe danças celtas por deusas trajadas a rigor, queimou-se o “cabrão” na enorme fogueira.
À meia-noite fez-se silêncio, para a chegada do diabo num carro de bois, semeando o medo e a desordem pela festa, que foi animada pelos grupos de música tradicional Las Çarandas e Cornalusa.

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Há mais de 20 anos a prepara a cabra
Depois do esconjuro, à mesa serviu-se “cabra machorra”, que representa a mulher do diabo que não deu qualquer descendência. O cozinheiro de serviço é Francisco Pinto, há mais de vinte anos. Este ano, mais atarefado, com 13 cabras para confeccionar, não revelou o segredo desta receita mágica “O segredo não posso revelar, mas uma coisa é certa: quem vem a Cidões tem que provar a cabra para afastar os azares e, até, a crise”, garante.

(Joana Gonçalves)
Retirado de www.jornalnordeste.com

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