Nasceu na aldeia de Malhadas, Miranda do Douro. Fale-nos brevemente da sua infância.
A minha infância, nos anos cinquenta, nasci em 55, é uma infância que é comum, possivelmente, a muitos dos leitores que lerão esta entrevista. Era um tempo em que a vida não era fácil para uma criança. Era tempo em que se não protegia o trabalho infantil, nem havia leis para isso. Começávamos a trabalhar muito cedo, no campo, nos trabalhos agrícolas, guardando gado no campo, sozinhos ou acompanhados, sujeitos a trovoadas e tempestades e a temporais e que aprendemos a lidar com isso e com as leis da natureza muito cedo. Eu tive uma infância perfeitamente natural, perfeitamente normal no tempo em que nasci, no sítio em que nasci.
Onde fez os seus estudos?
Mais tarde, quando concluí o que é agora primeiro ciclo, na escola primária em Malhadas, havia escola primária em todas as freguesias, havia crianças que enchiam a escola em todas as freguesias, fiz aí a primária e fiquei durante três anos a trabalhar no campo porque era necessária a mão-de-obra infantil e os meus pais eram pessoas muito humildes. Só os mais favorecidos é que estudavam nessa ocasião. O meu pai era emigrante na Alemanha e sem que a minha mãe tivesse conhecimento disso, escrevi ao meu pai e pedi-lhe para estudar porque eu não me conformava com a vida do campo.
Nessa ocasião, o meu alimento espiritual e intelectual eram as bibliotecas itinerantes. Isso foi um serviço óptimo da Calouste Gulbenkian e foi muito importante porque alimentava a nossa ânsia de saber, de ler e ultrapassava a falta de recursos para comprar livros. Eu lia muito e talvez essa curiosidade das coisas me tenha levado a escrever essa carta ao meu pai a pedir-lhe para que me deixasse estudar, que não era aquela vida do campo que eu queria e o meu pai, que Deus lá tenha, sempre teve um fraquinho por mim. Escreveu à minha mãe a dizer: “Sim senhor, deixa a menina estudar.” E fui estudar. Já cheguei tarde ao ciclo preparatório. Na altura, era o Dr. Manuel Frutuoso, a quem devo uma homenagem muito especial, Director da escola e que me acolheu muito bem, já tarde, sem bilhete de identidade, sem boletim de vacinas, ele ultrapassou aquelas burocracias todas porque viu em mim, uma vontade de estudar e de sair da terra, sair daquele mundo de criança sacrificada e olhando agora para trás vê-se que era uma vida muito difícil e facilitou-me a vida e encorajou-me, tanto ele como o padre Mourinho que foi meu professor. Tenho tantos professores na memória que me entenderam, me encorajaram e se calhar fizeram de mim gente, a mulher que sou hoje.
Frequentou a Escola do Magistério Primário em Bragança. É, portanto, professora. Que importância tem para si o ensino?
Eu costumo dizer com muita frequência, que sou uma mulher duplamente feliz porque, se calhar, até triplamente, porque sou professora, adoro crianças, é algo que me realiza de uma maneira muito natural, de uma maneira muito digna, o lidar-se com crianças é algo que nós olhamos para trás e dizemos: “A nossa vida neste percurso terreno vale a pena.”E quem lida com crianças, quem gosta de crianças e as vê, depois, mais tarde e continuamos a ser convidados para as comunhões, para os baptizados, para os casamentos deles, para os baptizados dos filhos deles. Já estou no ensino vai fazer trinta e dois anos. Já me passaram muitos alunos pelas mãos e deixei uma marca positiva, ficou algo de bom, é algo que dignifica ainda a função do docente, se bem que, com tudo isto que está a acontecer, toda a problemática do ensino e das reformas pensar-se que ser-se professor ainda é uma profissão digna. Outra é a pintura, a minha dupla, a razão de dizer que sou uma pessoa realizada. A pintura é o fascínio. Eu entro no atelier e esqueço-me do mundo.
Em que altura da sua vida sentiu que estava irremediavelmente ligada à pintura?
É um processo que vai acontecendo. Não acontece num momento específico. Eu sempre tive vontade de pintar, mexer com as tintas e a minha primeira experiência com tintas mesmo, do cheiro, o óleo, aconteceu exactamente no Magistério de Bragança sobre a orientação de desenho do professor Castanho e de pintura com a dona Aninhas Miguel. Foi a minha primeira experiência com telas e desenho orientado e pintura com tintas. Depois de formada concorri para o Porto. Não quis ficar a trabalhar em Trás-os-Montes. Aquela irreverência natural de quem é jovem e quem já passou por uma infância de muito trabalho. Durante a juventude passávamos as férias na aldeia e continuávamos a ajudar os nossos pais na lida do campo. Eu já era professora e continuava a ajudar os meus pais na lida do campo porque não tinha coragem de ficar em casa e vê-los a sair e a trabalhar para meu sustento. A coisa mais natural deste mundo. Tenho outra razão para me considerar triplamente uma mulher realizada: são as minhas filhas. Tenho duas filhas perfeitamente saudáveis. Dizer encantadoras é um bocado exagerado, são para mim, de facto, mas mentalmente saudáveis. Duas jovens felizes e que procuram com muita responsabilidade e com muito empenhamento o percurso delas, o caminho delas e isso também me realiza como mãe e como mulher.
Viveem Vila Nova de Gaia onde tem o seu atelier. Porquê o Douro?
Eu fui seguindo a linha do Douro. Parece fatal como o destino. Vivendo em Malhadas, chegava a Miranda e via aquele precipício do Douro que era tão belo como assustador e esse fascínio do Douro, se calhar, já nasceu aí. Neste momento como professora, vou concluir a minha actividade em Vila Nova de Gaia, perto do meu atelier. Foi coincidência, não sei responder mas, que fui seguindo essa linha, fui de facto. Aconteceu naturalmente.
Neste momento, tem patente no Centro Cultural de Bragança, uma exposição com o tema “Margens Douro, nascente, foz”, onde retrata o Douro, desde o seu nascimento. Fale-nos desta viagem.
Essa foi uma viagem magnífica, de facto. Uma viagem de parto difícil, de parto muito difícil porque, há muitos anos, desde que eu pinto, que pinto o Douro. O Douro tem sido um dos temas. Trás-os-Montes tem sido um dos meus temas de eleição nas exposições que tenho feito, muito particularmente, quando comecei a expor individualmente. Esse sonho, esse ideal de pintar o Douro, ambicioso sem dúvida nenhuma e, a determinada altura, tornou-se um pouco dominador até ao extremo. Começou há cinco, seis anos. Foi um projecto que demorou cinco anos a concluir, desde a concepção à recolha de imagens. Fui duas vezes aos Picos de Orbyon onde o Douro nasce. São paisagens soberbas, os Picos de Orbyon, a Laguna Negra, toda aquela região de Soria e descer o Douro, subir e descer que foi o que eu fiz para apanhar vários ângulos do Douro, não só no aspecto paisagístico, também no aspecto arquitectónico tradicional, o aspecto arquitectónico histórico. As relações que há entre os dois povos irmãos, Portugal e Espanha, divididos por um rio que os une simultaneamente e depois, as similitudes curiosas que há entre os dois povos, tanto o que diz respeito aos costumes que também são tratados na exposição, às vivências dos povos porque, repare, as vivências que neste momento estão tratadas nas pinturas, em alguns dos quadros são, um pouco, as vivências de que lhe falei. Neste momento são registos, são documentários, não se usam mais porque a vida mudou. Felizmente, mudou para melhor…
Aprendemos nessa exposição, também, que o Douro não é só um rio…
É algo mais, além disso, e todos esses aspectos que tratei neste projecto, foram temas que me fascinaram no aspecto paisagístico mas, também, nas vivências dos povos das duas margens e, fundamentalmente, na intenção de passar duas mensagens muito especiais: o Douro não é só um património da humanidade. O Douro é um património de todos e de cada um de nós. O Douro é um património como a água, que é preciso que aprendamos a preservar, a cuidar e respeitar sabendo usá-la comedidamente, sem desperdícios, porque sabemos que é um bem que a natureza está a perder. Ao passar esta mensagem pedagógica e didáctica para as escolas que têm visitado a exposição, as várias faixas etárias dos níveis de ensino que visitam a exposição, já é um objectivo conseguido. Se essa mensagem chegar é, de facto, algo que terá uma utilidade para as gerações vindouras.
Da visita feita à sua exposição, ficou a impressão de muita cor, amor e poesia. Fale-nos um pouco da sua forma de pintar, das suas opções.
Tem muito a ver com a minha paleta. A minha paleta, dizem os críticos, é uma paleta de tons quentes. São os tons que mais me seduzem, mesmo os azuis, isto no que diz respeito à técnica, à minha maneira de pintar, mesmo os azuis e os verdes são aquecidos porque eu não os sei resolver de outra maneira. Eu vejo pinturas de pintores, eu visito muita pintura porque a nossa alma precisa de beber, nós precisamos de colher informação noutras fontes que nos dêem esse alimento em imagens e um pintor paisagista, naturalista como eu inspira-se em imagens e vejo trabalhos de colegas que eu muito admiro, pintores conceituados em que as cores são resolvidas de uma maneira mais fresca, mais leve… mas eu não consigo. Os meus tons, predominantemente, são quentes, têm sempre tendência para fugir, são aquecidos, mesmo os mais frescos, para não dizer frios, são aquecidos.
Qual tem sido a receptividade à sua pintura?
Ultrapassou em larga medida as minhas expectativas. Desde Espanha, a primeira cidade onde iniciou, em Sória, tanto pelo público que visitava a minha exposição, custa-me reconhecer isto, mas reparei, de facto, que é uma realidade que, de uma maneira geral, o público espanhol está mais sensibilizado para as coisas da arte, para a música, para a pintura, para todas as formas de arte, do que o público português, embora, tenho que reconhecer, as minhas exposições e esta, particularmente, tem tido muitos visitantes e tem ultrapassado o número de visitantes habituais.
Sei que tem quadros espalhados por muitas casas de pessoas anónimas, mas não só. Que tipo de pessoas adquirem os seus quadros?
Digamos que, dada a quotização, pode ser um bocado pretensiosismo, mas agora já não se pode retirar que já passou, a minha pintura tem sido valorizada lentamente, tem sido muito progressivamente. Não sei se dá tempo para eu contar aquela história do menino Zé Karkof que estava na aula junto com os colegas, a quem a professora perguntava quais eram os animais que voam e os meninos foram dizendo a águia, o pardal, a andorinha e o menino Zé Karkof diz: “e o crocodilo senhora professora.” Claro que isto aconteceu na Rússia e a professora diz: “Zé Karkof, francamente, o crocodilo não voa.” – “Ai voa, voa professora, o crocodilo voa.”- “Francamente, quem foi que lhe disse uma coisa dessas?” – “O meu pai.” – “O que é que faz o seu pai menino Zé Karkof?” - “É membro do KGB.” “Quer dizer, voa, assim, rasteirinho, rasteirinho, não é?”.
Esta imagem aplica-se à minha pintura, porque à medida que as coisas vão evoluindo, tanto no aspecto técnico, como na resolução das coisas, na fluidez das formas, a minha pintura tem sido valorizada pelo público, pela opinião crítica, pela imprensa. Um processo muito lento mas que, neste momento, já tem algum valor. Reconheço que sim. Portanto, é adquirida por pessoas da classe média alta.
Costuma dizer-se que o bom filho à casa torna. Qual foi a sensação de expor na sua terra, as Terras de Miranda?
Isso aí tem uma particularidade. Nessa minha primeira exposição individual, creio que foi uma das primeiras individuais, dava-me ao trabalho de ir a alguns sítios a entregar o catálogo. Jornais, revistas a entregar o catálogo. Muito timidamente levava o catálogo. Numa ocasião ganhei coragem de ir à Impala que produz revistas, literatura cor-de-rosa, mas não interessa. O que importa é que chega a um público muito vasto e o redactor, o principal da ocasião, quando eu lhe disse que ia expor na minha terra e que os santos da casa não faziam milagres ele disse-me: “Com estas imagens que eu vejo neste catálogo, vá descansada para a sua terra, exponha os seus quadros e vai ver que é bem sucedida.” E assim foi. Expus e a exposição foi muito bem sucedida.
A acompanhar esta exposição lançou também um livro muito belo. Fale-nos um pouco sobre ele.
Como a exposição ia ser itinerante era previsível e, pelo historial das minhas exposições, que alguns quadros fossem adquiridos e, de facto, assim aconteceu e há pessoas que gostam de ficar com uma reprodução desta exposição, os apaixonados do rio. O livro tem sido, de facto, também, bem sucedido neste âmbito da exposição e das apresentações dos sítios onde já esteve e nos locais onde está. Foi a possibilidade de reproduzir os cinquenta quadros que não é possível de outra maneira mas, quem quiser, fica com o livro que até está a um preço muito acessível e aí foi possível reunir não só as cinquenta imagens, os textos dos patrocinadores que acreditaram neste projecto, como os excertos literários, que isso é muito importante nesta multidisciplinaridade que há na pintura, na música, quando é possível associá-la à poesia, à literatura de uma maneira geral e está ao lado de cada um dos quadros. Como na exposição, também, no livro, um poema de autores espanhóis, mirandeses e portugueses que têm obra publicada sobre o rio Douro.
Julgo poder pensar que a língua mirandesa é importante para si. Fale-nos do que representa para si e para as Terras de Miranda do Douro, o momento de reconhecimento que esta língua atravessa.
A língua mirandesa é a minha língua materna. Aprendi a falar, falando mirandês. Para mim tem um significado muito especial, até porque, quando estou na aldeia, só falo mirandês. Creio que a língua mirandesa é uma mais-valia, não só para as Terras de Miranda, como para Trás-os-Montes, como para o país em geral. É uma mais-valia porque temos duas línguas no país. Temos uma língua oficial minoritária que acaba por valorizar, de uma maneira geral, a nossa cultura no âmbito geral.
E que agora já pode ser aprendida também na Internet…
Pode ser aprendida na Internet. Há muita obra publicada. Tem excelentes jovens que dominam a língua e que a estão a ensinar como o jovem Duarte Martins que tem trabalhado, tem publicado o trabalho dos alunos dele que é uma maneira óptima de incentivar os alunos e os pais dos alunos. Não são só os alunos a aprender a língua e a escrevê-la mas, também, os pais dos alunos a mantê-los e a inscrevê-los na disciplina de língua mirandesa. Está a ser feiro um trabalho muito bom por especialistas da língua: o Duarte Martins, o Amadeu Ferreira, o António Alves, o professor Domingues Raposo que segurou a língua durante tanto tempo, o doutor Mourinho, homenagem lhe seja feita, que com os pauliteiros e com os seus escritos segurou a língua mirandesa porque… sabe que a língua mirandesa sofreu um abalo muito grande aquando da invasão dos barragistas que vieram do litoral para a construção das barragens de Miranda, Picote e Bemposta e os mirandeses eram apelidados de parolos, de palhantros, que não falavam uma língua que eles entendessem e a língua sofreu um pouco e as pessoas tinham cuidado quando iam à cidade falavam português, quando estavam perante uma pessoa estranha, falavam português não falavam mirandês. No entanto, na minha aldeia e em outras aldeias no concelho de Miranda, nunca na cidade de Miranda, o mirandês foi uma língua de comunicação, na cidade não. Nas aldeias do concelho de Miranda, aí sim, continua a ser uma língua de comunicação e eu sinto-me muito orgulhosa e gostaria que a língua se mantivesse.
Faça-nos uma retrospectiva da sua arte…
Da minha arte como pintora? Isso eu gosto que sejam os outros a fazer. Eu vejo o meu percurso. Tenho sensibilidade e tenho discernimento para avaliar o que está melhor resolvido o que não está tão bem resolvido e, depois, há uma caminhada em que entrei e continuo a fazer e, como tudo na vida, as caminhadas fazem-se caminhando, pedra sobre pedra… um muro faz-se construindo.
Como é que olha para a primeira tela que pintou em comparação com a última tela?
Se pudesse pegava nela e refazia-a toda, mas não seria correcto. Faz parte de um percurso. Pintei assim e agora pinto desta maneira e no próximo projecto será de outra maneira.
Como transmontana, o que pensa que poderá ser feito em prol desta terra tão esquecida?
Como transmontana e artista pintora, o que eu tenho feito é divulgar Trás-os-Montes. É muito gratificante para mim quando as exposições são vistas nas grandes urbes, Porto, Lisboa e Vila Nova de Gaia e as pessoas olham para os quadros e dizem: “Eu não conhecia Miranda, eu não conhecia Trás-os-Montes mas na próxima oportunidade vou conhecer.” Sei que, de facto, isso tem surtido efeito, que as pessoas não ficam por aí. É uma maneira de dar a conhecer, não só a riqueza paisagística de Trás-os-Montes, os recursos naturais mas, também, os usos, costumes, tradições, o artesanato porque, tudo é possível incluir na pintura e tudo tem acontecido na minha obra. Isso, para mim, é uma satisfação muito grande.
Como pode evoluir Trás-os-Montes? Trás-os-Montes tem evoluído muito. Os mais jovens, se calhar, não se apercebem disso mas, quem viveu em Bragança nos anos 70, 74, 75 e viu Bragança e depois passou uns anos sem vir a Bragança com regularidade e conhecê-la em pormenor… há uma dúzia de anos talvez, há dez anos para cá, Trás-os-Montes tem evoluído muito. A própria Bragança está irreconhecível em relação ao que era em termos de qualidade de vida das pessoas. Hoje vivesse em Bragança com qualidade. Há amigos meus que eram professores universitários, lá em baixo, e quiseram vir para Bragança onde podem criar os filhos com qualidade de vida e nada falta. Eu fiquei deliciada quando vi aquele conservatório que abriu há tão pouco tempo no Centro Cultural. Fiquei deliciada quando vi tanta criança e tantos jovens a frequentar aquele conservatório de música. É fascinante. A cidade já tem uma oferta cultural, tem oferta de qualidade de vida porque há parques, há jardins. Com o Projecto LÍDER ou sem o Projecto LÍDER não interessa, o que interessa é que tem sido feito. Aquele Fervença, quando eu estudei aqui, no verão, era perfeitamente intragável, era uma coisa assustadora, hoje é uma zona de lazer belíssima. Portanto, não falta nada numa cidade como esta. Eu estou a referir-me a Bragança, porque é a minha cidade, é o meu distrito, mas vejo, também, o que acontece em Vila Real. No campo cultural, o teatro de Bragança, o teatro de Vila Real têm ofertas óptimas de belíssimos espectáculos a que o público está a aderir e que tenho fé que vai aderir cada vez mais porque as pessoas têm uma necessidade natural de conhecer outras coisas, de conhecer outras formas de música, de artes do espectáculo, de bailado, de teatro e isto a cidade não tinha. Estas cidades do interior não tinham e hoje têm.
Se calhar, seria bom poder proporcionar às pessoas a possibilidade de ter os seus filhos, no seu meio, na cidade onde querem que eles nasçam e, se possível, manter mais escolas abertas para que as crianças possam crescer perto das famílias, perto dos pais, num ambiente puro e são como são as nossas aldeias, brincando saudavelmente, crescendo, adquirindo as experiências naturais da convivência com os animais, com os seres vivos, com as plantas, semeando, vendo crescer. Se calhar, é um defeito da nova reforma, este querer fechar as escolas, de uma maneira um pouco cega, sem se olhar a outras características que também são benéficas para as crianças e desde que haja um número suficiente de crianças, não me estou a referir a escolas com uma ou duas crianças porque aí prejudica a socialização da criança mas escolas onde haja dez, doze crianças, essas escolas deviam ser mantidas e, talvez, fosse uma maneira de manter e de segurar mais pessoas no distrito porque condições e qualidade de vida já tem.
Depois de tantos anos, desde que nos foi prometido o IP4, continuamos a pugnar por acessibilidades condignas sem, no entanto, termos conseguido um único quilómetro de auto estrada. Será nossa a culpa?
Eu não gosto muito de me meter em assuntos de política. Eu sou uma analista de fora, sem entrar em detalhes de partidarismos ou grupos de políticos. Creio que os políticos têm feito grandes esforços, os autarcas transmontanos têm feito um grande esforço para que as coisas melhorem mas, também, é considerado o número de eleitores.
Para terminar, que personalidade ou personalidades a marcaram mais ao longo da sua vida?
São muitas. Professores, pessoas que estão ligadas à vida social, alguns autarcas, também, professores padres. Tive um professor padre que foi muito importante na minha juventude e quando eu era aluna do Magistério, o padre Silva, o padre Sobrinho que era um professor de música excelente, alegre e continua ligado à música e ao coro. Houve pessoas excelentes que me marcaram muito positivamente e que nos transmitem essa vaidade, esse orgulho de se ser transmontano.
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