segunda-feira, 26 de março de 2012

Por mim

tenho frio.
não um frio de frio
mas um frio que vem de dentro
do coração,
do peito

sem orientação alguma
titubeio na escuridão
que de repente se fez
do nada
como quem morre

no mar português
que antes de se fazer
de muitos "homem ao mar"...
tormentas sem fim
enfrentou

chorei, já sem lágrimas,
por mim,
por todos os que me fizeram
por aqueles que não fiz
incapaz de ser origem

nascer de sol
poente
sucessão
de dias e noites
até que gélidos glaciares
nos matem

de frio
despojada
inquieta
perplexa  
inconsistente

como um iceberg
que lentamente
chora
todas as lágrimas
doces,
em mar salgado

Mara Cepeda

1 comentário:

  1. «como um iceberg
    que lentamente
    chora
    todas as lágrimas
    doces,
    em mar salgado»
    guapo este doce-salgado, Mar, e muito expressivo.

    beisico
    Amadeu

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