quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulher

o sol abrasador
queima a, já, tostada pele
que a muita roupa não cobre

o peso dos recipientes
é demasiado
para tão pequena mulher

os pés, descalços
gretados, calosos
pedem descanso

a vida não o permite
os filhos choram de sede
na pequena cabana

o mais novo está desidratado
as tetas não dão leite...
quantos quilómetros, ainda, para percorrer!

quando lá chegar
será noite
será possível, amanhã, fazer dia?

a pequena mulher arrasta-se
pelo caminho de terra ressequida
o filho, junto ao peito, já não chora

Mara

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