“À Procura do Bem-estar” é como vamos chamar à sua entrevista. Apesar de ser bastante jovem, já nos pode falar da sua meninice e juventude…
Olhe, foi muito boa porque apesar de ter sido numa terra como é Bragança, que era sempre privada de alguma influência mais avançada das meninices e brincadeiras das outras cidades mais evoluídas, foi-me permitido a mim e a outros colegas do meu tempo ter uma infância saudável, sempre envolvida com toda a natureza e ambiente dado pela nossa região. Acho que foi um dos trunfos maiores para, neste momento, poder exercer a função que ocupo como profissional de saúde, com todo o equilíbrio que necessito entre a prática profissional e, também, o respeito pela condição humana. Sem dúvida que isso se deve à tranquilidade que recebi enquanto criança, jovem e adolescente.
Onde fez os seus primeiros estudos e o que foi que o levou a fazer o curso superior em Alcoitão?
Até ao 12º ano fui, sempre, aluno em Bragança. O antigo liceu nacional foi a minha escola secundária e, quando terminei o 12º ano, concorri para o Alcoitão para a área de reabilitação e entrei. Confesso que, no início, sabia muito pouco sobre a área de reabilitação mas, com o decorrer da formação, muito rapidamente me apercebi que era um curso que se enquadrava com nos meus gostos, nas minhas potencialidades. Sem dúvida que a escola do Alcoitão é uma escola de referência nacional ainda hoje, onde o aluno tem todas as condições efectivas para mais tarde poder exercer mas, também, para poder praticar com toda a sabedoria aquilo que lhe é administrado pelos professores. Sem dúvida que foi um laboratório de ensino fantástico e que me abriu as portas para outros horizontes, para outras saídas profissionais e uma delas foi o curso de osteopatia, por influência directa dos professores do Alcoitão. Uma experiência muito positiva e uma mais-valia para eu poder exercer e os resultados estão aí à vista com grande carinho e entusiasmo por parte da profissão. Gosto muito da forma como respeito todos os meus pacientes e é isso que mais me preocupa, ou seja, o haver uma grande cumplicidade entre mim e os meus doentes, com um grande respeito pela doença.
A reabilitação é cada vez mais uma valência fundamental nos serviços da saúde. Sente que a sua profissão não é valorizada?
Bem, ela é cada vez mais procurada, também, em virtude da evolução tecnológica, onde os acidentes de viação são, infelizmente, cada vez mais frequentes. No hospital trato muitas pessoas que têm deficiências da área neurológica, nomeadamente as tromboses e AVC`s e, sem dúvida, que os hábitos de vida determinam cada vez mais precocemente essas situações de doença.
A reabilitação continua a ser uma área de grande influência, grande necessidade, no entanto, poderá haver ainda algumas lacunas e talvez fosse essa lacuna que eu necessitei de tentar tapar, daí a minha necessidade de avançar para outras áreas de prevenção como é o caso da Osteopatia e Acupunctura.
Sem dúvida que a reabilitação faz muita falta e até está enquadrada numa área da medicina, digamos, numa fase muito posterior à instalação da doença para ser aproveitada como técnica mas, eu gosto de, sempre que posso, fazer uma actividade preventiva.
O que o levou a enveredar pelas medicinas alternativas?
Influências de colegas e de professores de Alcoitão e, depois, a beleza que as próprias medicinas alternativas nos transmitem. A possibilidade de transmitir ao paciente uma oportunidade de escolha em relação ao tipo de tratamento… É um tratamento que não tem efeitos colaterais, claro que tem que ser praticado com qualidade, com sabedoria e os custos mesmo para o próprio estado acabam por ser muito inferiores a qualquer tipo de medicina convencional.
A medicina alternativa, mais conhecida em Portugal, pelo mediatismo de Pedro Choy é a Acupunctura. Fale-nos um pouco sobre esta medicina milenar.
Talvez seja a mais conhecida ou talvez a praticada em Portugal há mais tempo. Com certeza que é a mais falada e mais divulgada pelos meios de comunicação social e pelas pessoas. A Acupunctura é uma disciplina de medicina tradicional chinesa, que tem como data de origem 5000 anos pelos registos que existem. Em Portugal, não sei se foi o Dr. Pedro Choy, que foi meu mestre, o pioneiro, ou a pessoa que mais divulga a prática em Portugal da mesma disciplina.
Como acabei de referir, é uma disciplina muito antiga, o que significa que tem uma prática já muito divulgada em todo o mundo e, associada à própria Acupunctura, temos também a fitoterapia, que é a farmácia chinesa.
Gostava de salientar a medicina alternativa e vou aqui transmitir a minha opinião: acho que a Acupunctura ou outra medicina qualquer não deve ser interpretada como uma alternativa a nada, deve ser interpretada como uma complementaridade porque, por exemplo, se um doente tiver dores articulares, não se lhe deve por a opção de fazer isto ou aquilo. Acho que o doente só beneficia com uma complementaridade do tratamento, já que a forma de trabalhar da medicina convencional é bastante diferente da medicina alternativa e, portanto, eu opto por chamar mais complementaridade do que propriamente alternativa.
E o que é a Osteopatia?
A Osteopatia é também uma terapêutica complementar ou uma medicina que, em vários países, nomeadamente na América, já é uma prática dentro do próprio sistema nacional de saúde. É uma medicina originária da América e que, mais uma vez, para se provar a qualidade científica que tem esta disciplina, foi fundada por um médico de medicina convencional, americano, que sentiu necessidade de tratar os seus pacientes com mais qualquer conhecimento. Portanto, houve uma necessidade de um senhor que se chama Andrew Still, norte-americano que, de facto, chegou à conclusão de que tudo aquilo que ele sabia da medicina convencional, não era o suficiente para tratar das doenças, nomeadamente, relacionados com o aparelho músculo-esquelético, problemas de coluna, algumas situações relacionadas com essas patologias.
No fundo, acaba por ser uma disciplina onde a manipulação, tanto dos ossos como dos músculos, como dos tendões, como das articulações, vai tentar normalizar qualquer tipo de maleita que a pessoa tenha. Por exemplo, é frequente um osteopata ter como doente uma pessoa que tenha um torcicolo, uma lombalgia, uma dor ciática, mas também é frequente ter doentes com depressões, com problemas intestinais, porque tudo está relacionado como um todo.
Não faço minhas as palavras que vou dizer, pois já ouvi médicos de medicina convencional dizerem que uma das grandes falhas da medicina convencional é precisamente a grande especificidade das várias vertentes. Sem dúvida que é importante a pessoa ser específica em qualquer área de intervenção, mas nunca se pode esquecer da integridade do corpo num só, portanto, tanto a Osteopatia como a Acupunctura vêem o corpo humano como um todo e, não só o corpo humano, também todas as influências ambientais como o stress, os efeitos da nutrição na pessoa, todos esses pormenores são levados em conta.
E como reagem as pessoas a este tipo de tratamento?
Bom, eu sou um pouco suspeito para poder falar, mas as pessoas reagem bastante bem. Muitas delas já conheciam de outros sítios e é frequente as pessoas deslocarem-se ao Porto para fazer tratamentos de Acupunctura e, a partir do momento em que souberam que eu existia, pois pratico estas disciplinas em Bragança há seis anos e, por opção minha, não fiz muita publicidade, pois achei que era mais importante as pessoas procurarem os meus serviços pela informação que outros pacientes transmitissem, ou seja, que não fossem só envolvidos pela publicidade de rádios ou jornais, mas sim pela qualidade do meu trabalho e as pessoas têm reagido bastante bem. Tenho pessoas que, em casos de entorse ou lombalgia já não procuram o hospital, passando a procurar-me directamente e, neste momento, sou recomendado pelas pessoas, pelos amigos das pessoas, pelos familiares das pessoas e pelos colegas dessas pessoas.
Quais são as grandes diferenças entre a medicina convencional e as medicinas tradicionais chinesas?
Bem, a Osteopatia não é chinesa, é americana, mas tem uma forte divulgação na Europa. Acima de tudo, a grande diferença é que, a Osteopatia e a Acupunctura tentam “provocar” os sistemas de autodefesa do nosso organismo pois, afinal, o nosso organismo tem capacidade de se auto curar. É frequente as pessoas terem uma dor de barriga e não vão propriamente tomar medicamentos, esperam e isto significa que o próprio organismo tem forma de se auto curar. A grande diferença reside aí e, também, na abordagem que se faz na Osteopatia e na Acupunctura, promovendo um questionário logo na primeira consulta, onde a pessoa é convidada a dizer porque é que sofre de determinado mal. Volto a chamar o caso de uma pessoa que tenha uma dor de costas. Não é porque lhe apetece ter dor de costas; tem de haver um fundamento, tem de haver um excesso de uso do automóvel, um excesso de uso da secretária, um mal-estar na sua profissão onde não está a utilizar correctamente o seu corpo. São questões que, por vezes, a medicina convencional não leva em conta. É esta a imagem que se pretende transmitir na Osteopatia ou na Acupunctura.
Além de trabalhar em Bragança, tem gabinete em Mirandela e na Maia. Parece que cada vez mais as pessoas procuram outras alternativas. Será que estamos insatisfeitos com a medicina ocidental?
Tudo é um contexto de situações porque, em primeiro lugar, hoje sabemos que o sistema nacional de saúde não permite um acesso fácil dos doentes aos médicos. Talvez seja essa uma das razões mas, por outro lado, acho que se prende muito, também, com a capacidade de eficácia dos tratamentos que são desenvolvidos. Eu não pretendo transmitir nas minhas palavras que a medicina convencional não presta. Presta e é muito importante e é por isso que a evolução tecnológica tem cada vez dado mais importância à medicina convencional, daí eu dar importância à complementaridade. Se um médico de família manda um doente para a reabilitação porque é que não pode mandá-lo para outra especialidade terapêutica? Acima de tudo isto devia haver mais intercâmbio. Posso dizer, por experiência própria e porque conheço a situação que, em França, os médicos de clínica geral, propõem ao doente se quer fazer um tratamento de Osteopatia, Acupunctura ou se quer fazer um tratamento convencional e é como eu digo, por vezes, fazem complementaridade. O doente é acompanhado pelo clínico geral mas, também, é recomendado a outro tipo de terapeuta.
A própria Organização Mundial de Saúde, que é o organismo máximo enquanto responsável pela saúde no mundo recomenda estas terapias, em especial a Homeopatia e a Acupunctura para o tratamento de muitas doenças do foro músculo-esquelético e eu acho que temos muito a ganhar e o facto de haver uma procura cada vez maior, será pela divulgação das terapias e seus resultados.
Tenho pena que não existam leis que obriguem a determinar quais as pessoas que podem praticar essas terapias pois, apesar de haver bons profissionais também os há maus pois, infelizmente, nas terapias complementares há cursos… eu, por exemplo, no meu curso de Osteopatia foram sete anos e só tive acesso a ele porque já tinha um curso base ligado à saúde. Há cursos de Osteopatia de um ano e, já agora, deixo uma pergunta no ar: “Alguém gostaria de ser operado por um cirurgião com um curso de um ano?”, Claro que não! É complicado... É necessário legislar para que não haja pessoas sem formação a por em causa a nossa saúde.
Há pesquisas que demonstram que as medicinas não convencionais são uma mais-valia no tratamento de diversas patologias, no entanto, continua a haver uma resistência muito grande para a sua implementação oficial em Portugal. Porquê ?
Uma das razões foi aquilo que eu acabei de dizer, ou seja, o vazio legal que existe em Portugal para a devida regulamentação, porque qualquer pessoa neste momento pode praticar, basta comprar as agulhas, arranjar os pacientes e picar, pode ser que resulte.
Não há uma entidade...
Ainda não há. Há tentativas de evoluir, mas o que é certo é que continua a haver uma resistência legal por parte de alguns organismos, não propriamente os médicos, pois eu tenho pacientes médicos, tenho médicos que me recomendam e que enviam doentes, sabem da mais-valia das terapias alternativas ou complementares e, portanto, começa a haver uma comunhão de ideias e de pensamentos que, acima de tudo, visam a melhoria da qualidade de vida dos doentes, que é isso que interessa.
“Apesar de publicada, a lei que regulamenta a utilização da Acupunctura, nunca mais a vemos a saltar do papel.” Quer comentar?
Eu tenho dificuldade em comentar porque como não tenho conhecimentos políticos para poder afirmar nada mas, sei que com as mudanças de governo que temos tido, acaba por haver outras prioridades de legislação noutras áreas.
Neste momento, relativamente a este assunto, é a própria saúde pública que está em causa porque, conforme referi há pouco, eu faço parte da Associação Portuguesa de Acupunctura e disciplinas associadas cujo presidente é o Dr. Pedro Choy, onde temos um regulamento interno que nos obriga a utilizar, por exemplo, agulhas descartáveis, de uma única utilização. Eu sei que em Portugal há acupunctores doutras escolas, escolas, que eu não conheço, mas sei pelo relato de alguns doentes, onde são utilizadas agulhas esterilizadas, utilizadas mais que uma vez no mesmo doente ou em vários doentes e, o que é certo, é que hoje em dia sabe-se que a esterilização não é suficiente e, por isso, é uma das normas que nós temos.
Seria importante que se regulamentasse com alguma brevidade, para bem ou para mal, essas terapias complementares porque, uma situação destas pode levar a problemas de saúde mais graves.
No caso da Osteopatia em que é preciso fazer uma manipulação óssea, uma pessoa que tenha uma formação menos adequada, pode levar um doente a ficar com lesões muito mais graves e até levar à cadeira de rodas.
Uma das razões que levou a que a Osteopatia, no Reino Unido, fosse regulamentada e fiscalizada foi o facto de, em 1992 ou 93, o príncipe Carlos ter caído do cavalo e ter sido tratado por um osteopata. A partir daí a Osteopatia, em Inglaterra, passou a ser respeitada e devidamente integrada no sistema nacional de saúde, existindo também noutros países da Europa, como a França.
Claro que, em alguns países, existe a obrigação do osteopata ter uma formação em medicina, como o caso da França, mas há outros que não. Em Inglaterra, se for um osteopata com um curso de medicina a fazer um tratamento, há reembolso por parte do estado da consulta ao doente mas, se for um osteopata sem curso de medicina o mesmo já não acontece mas, pelo menos criou-se uma regra.
Em Portugal, infelizmente, não temos. Já conseguimos, neste momento, eu pelo menos posso dizê-lo a título particular que, já tenho protocolos com algumas companhias de seguro, o que mostra algum interesse de companhias privadas da saúde para regulamentar determinadas práticas terapêuticas. Eu sei que determinados protocolos que tenho, são estritamente relacionados com as minhas associações, pois sabem qual é a formação que nós temos.
Falou em vários países europeus, como a França e a Alemanha. Do outro lado do Atlântico, em países como o Canadá e os Estados Unidos da América, essas medicinas estão representadas em igualdade de circunstâncias nos hospitais públicos. Quando é que veremos o mesmo em Portugal?
Tenho muita dificuldade em fazer essa previsão. Eu próprio me disponibilizo para o fazer no hospital de Bragança. Todos iriam beneficiar, desde doentes a médicos, passando pelo Sistema Nacional de Saúde pois, em determinados casos, não há necessidade de estar a fazer a medicação porque há formas de evitar o uso exagerado de determinados medicamentos.
A minha prática, no entanto, proíbe-me, terminantemente, de suspender qualquer tipo de tratamento, apesar de ter muitos doentes que me perguntam se podem deixar de tomar determinado medicamento e eu respondo que isso tem de ser feito pelo médico que acompanha o doente, pois respeito muito a medicina convencional, assim como há médicos que respeitam as medicinas complementares.
Em relação à sua coexistência nos hospitais, gostava muito que isso fosse possível. Só vinha beneficiar todo o mundo, desde o doente ao médico. Neste momento o Dr. Pedro Choy, tem um projecto muito engraçado em Almeirim, um protocolo com a autarquia, onde estão a ser dadas consultas e tratamentos gratuitos aos mais carenciados, tratamentos de Acupunctura e poderia ser uma forma de se começar aqui, em Bragança. Claro que tem de haver contrapartidas, nomeadamente a sua divulgação, uma maior credibilização, tudo isso.
É professor no ISLA, Instituto Superior de Línguas e Administração, já há alguns anos. Sabe com certeza que o fundador da instituição foi o Professor Doutor António Gonçalves Rodrigues, já falecido. O ISLA foi a primeira instituição de ensino superior particular criada em Portugal com estabelecimentos no Porto, Lisboa, Coimbra, Leiria. Em sua opinião que importância tem esta instituição para a região?
Muita, como qualquer outra que mexa com muitas pessoas. Acima de tudo é uma forma de trazer mais interesses para a região e essa é uma experiência que eu também tenho e converso muito com as pessoas que vejo no dia-a-dia, dizendo que é uma pena nós pagarmos muito caro a nossa interioridade, pois é muito difícil trazer novos cursos para Bragança. Creio que o IPB se depara com o mesmo problema, pois nem as pessoas qualificadas querem vir para o interior, nem os próprios alunos fazem muita questão de vir para zonas onde as oportunidades de emprego faltam. Ou seja, não havendo um investimento a esse nível, com ajuda do próprio governo com medidas diferenciadoras pela positiva como, por exemplo, o caso da redução de impostos. Sempre acompanhei o ISLA e mais tarde acabei por ser docente da instituição, situação de que não estava à espera. Julgo que tem sido fundamental e, espero que assim continue, pois penso que é uma forma de valorizar a nossa terra.
Em sua opinião o que poderemos fazer para tornar esta região mais próspera?
Acima de tudo saber viver, saber respeitar a região, promover cada vez mais a fixação de pessoas, pois nós temos muitas condições para tal. Há já o facto concreto de pessoas que vêm passar o fim-de-semana a Bragança, mais que não seja para provar a nossa gastronomia, para explorar o turismo selvagem. Sem dúvida que gente traz mais gente, cultura traz mais cultura, sabedoria traz mais sabedoria para Trás-os-Montes e acabamos por nos desenvolver a todos os níveis.
Mas também nos fazem falta as vias de comunicação que nos ligam ao resto do país, não é?
Eu com as pessoas que falo diariamente, tenho por hábito dizer que é muito triste olhar para o mapa de Portugal e ver que o único canto onde não existe uma auto-estrada é na região de Trás-os-Montes. De Vila Real para cá é que não há. Eu gostava de deixar mais ou menos no ar, se não seria importante ter uma via rápida, um acesso rápido entre todas as povoações limitantes do distrito, se não era importante termos uma circunvalação no distrito e, aí sim, iria promover a vinda de mais gente, mais intercâmbio de negócios e, quem sabe… eu, por exemplo, vou a Mirandela porque é rápido e não vou a Miranda porque acaba por ser um pouco longe.
Curiosamente, fica mais perto ir a Miranda pelo estrangeiro do que por Portugal...
Sim, infelizmente. Nós, no hospital, recebemos muitos doentes de Miranda, e os bombeiros vêm sempre por Espanha. Já foi debatido este problema na RTP e se, por exemplo, o doente morrer na ambulância em Espanha! É uma questão legal muito complicada.
Agora já existe uma estrada, inaugurada recentemente, mas tem muitas curvas...
Nós precisávamos de um “TGV” e não digo mais...
O que poderemos fazer para evitar a debandada de jovens para o litoral e para o estrangeiro?
Criar oportunidades, fazer-lhes ver que Trás-os-Montes tem condições; criar novas ideias de exploração de vida em Trás-os-Montes; hoje em dia está em voga as férias nos montes e nas montanhas; faz-se isso noutros países, porque não promover isso aqui no distrito de Bragança? Eu tenho muitos amigos no Porto e sempre que vêm cá ficam encantados com a paisagem, com a gastronomia, com as gentes, com a vida que eu levo. As pessoas que têm responsabilidades no distrito e todos nós temos essas responsabilidades. Devíamos fomentar novas ideias, cada vez mais… é necessário criar mais empregos.
Para terminar, que personalidade ou personalidades mais o marcaram ao longo da sua vida?
É uma pergunta um bocado complicada…irei mencionar algumas pessoas que me marcaram. Sem dúvida que a família em primeiro lugar. Depois, dois ou três professores que me marcaram muito pela positiva. Tive uma professora no Alcoitão que foi fantástica, que me alertou imenso para a importância que nós temos na sociedade, não só tecnicamente, mas principalmente, humanamente. Depois mais tarde no curso de Homeopatia tive dois professores, um deles francês, que me ensinaram muito, não só em termos técnicos mas, também, em termos profissionais na vertente humana. Por vezes era um pouco agressiva a forma como diziam isso, mas há sempre que respeitar a dor do doente, mesmo que nos pareça que não exista. Os amigos que, para mim, também são muito importantes, mas sem dúvida que essas duas pessoas foram as que mais me marcaram.
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