Que se passa contigo?
Que alma tão dorida tens,
sem motivo?
A tristeza que cobre o teu olhar
espalha-se a esmo,
contamina o ambiente...
Que caminho anseias?
Deixa-te ir,
segue a corrente
Tu és rio
Tu és semente
Tu és estio
Agora,
presente.
O momento tarda.
Vereda sombria
porfia tristeza
pensamento voa
Suicída de sonhos
a vontade esvai-se
de morte travestida
Qual punhal
Adaga mortífera
O teu sorriso
Tristeza tamanha
mais do que é preciso
e as palavras,
duras,
revoltas,
fingidas,
mudas,
fogem, coradas,
desavergonhadas,
cobardes,
medonhas
traços imperfeitos
violentas e casmurras
e o meu coração
cheio de defeitos
esconde lágrimas,
desejos feitos pó,
no meio do caminho
saltaricam saltões,
carrolos de ovos
às costas das mães,
sapos repelentes
velozes,
cegonhas negras
caçam o alimento
ávidos
os filhos nos ninhos.
Pia o mocho agoirento
fim de tarde
princípio da manhã.
Que tristeza tamanha
os teus olhos refletem!
Quanto pecado ficou
na doce maçã!
Mara Cepeda
Sem comentários:
Enviar um comentário