Enquanto transmontana, apetece-me descobrir a resposta à pergunta formulada por Amadeu Ferreira, no último dia do evento que coincidiu com o Dia de Camões, sobre o que é a alma transmontana.
Gostaria de lhe poder responder com argumentos científico-literários, mas apenas sou capaz de responder com o coração.
A alma transmontana é a alma de todos aqueles que se emocionam ao ouvir um relato de uma velha vestida de noite, sentada na soleira de uma qualquer porta. Orla-lhe a cabeça uma ténue aura e sorri, cercada de crianças ávidas de sonhos.
O marejar de lágrimas no meus olhos quando, lentamente, espraio o olhar pelos montes da minha aldeia, pejados de estevas, urzes ou giestas e me sinto eu, em toda a minha essência, sem medos, sem ansiedades, momentaneamente terra, sol, vento...
E, por mais incompleta que esta resposta esteja, continuo a ansiar que a minha alma seja capaz de ser menina, sempre, de olhos bem abertos para a borboleta azul que voeja, para o lagarto verde, assustadiço que corre para a sua toca, para a cobra estendida no caminho num dia abrasador de verão...
Lá ao fundo, muito lá ao fundo, corre o rio que povoa os sonhos e desejos desta minha alma líquida.
Mara Cepeda
Foi, para mim, enorme prazer conhecer a Mara e o Marcolino, bem como participar neste breve debate sobre a inconfundível alma transmontana.
ResponderEliminarParabéns pelo blog.
Abraços
Olá Henrique,
ResponderEliminarAgradecemos esta gentileza e retribuímos os parabéns pela sua obra.
Confesso que ainda não li "Cruzes de Guerra", mas será uma das obras que vou ler logo que as aulas acabem.
Parabéns
Abraços
Quando estudava em Lisboa sulcava, num dia de inverno, a calçada de calcário do Rossio, em frente ao teatro D. Maria. Olhei. À minha frente surgiu um outro jovem transmontano, que também tinha estudado no liceu nacional de Bragança, mas com quem nunca tinha conversado. Como que num impulso, ambos nos dirigimos um para o outro, cumprimentando-nos, conversando sobre nós e depois sobre trás-os-montes numa mesa de um café.
ResponderEliminarIsto é ser transmontano.
Um dia, numa excursão ao Egipto, fui visitar o Museu do Cairo. Comprava uns postais numa banca junto à porta, quando o vendedor, vendo-me tentar misturar o ingês com o francês, me disse : Fale-me em português. E falei. Falámos. Sobre Portugal. Sobre trás-os-montes.
Durante a minha vida, quer como estudante, quer como profissional, tenho contactado e trazido até Bragança, bastantes colegas de diferentes regiões do País. Gostam muito de aqui vir. Aliás, adoram aqui vir e estão sempre desejosos de aqui voltar. Amam esta terra, as suas gentes, pelo seu acolhimento, generosidade, bondade, espirito de trabalho e sacrificio, honestidade, solidariedade, gostam da paisagem montanhosa, planáltica, cultivada ou agreste, a sua gastronomia e a sua cultura.
Isto também é ser transmontano.
Aliás, para mim, ser transmontano, também é ser beirão ou alentejano.
A interioridade tem marcado acentuadamente a população portuguesa destas regiões do país, criando e formando o seu carater forte psiquicamente e carinhoso emocionalmente, na diversidade da paisagem e da luta pela sobrevivênciua diária.
Nós somos transmontanos e somos portugueses.
Um abç a todos
Mª Idalina A. Brito
Olá Idalina,
ResponderEliminarQue frescor traz a este blogue a tua participação!
Acolhemos-te como acolhiam os transmontanos das nossas aldeias, escancarando portas e corações com o simples: "Entre quem é! A porta está, sempre, aberta."
Beijinho
Mara e Marcolino
Olá Marcolino, Olá Mara;
EliminarOra aqui estou eu a responder-vos.
Obrigada por essa porta aberta e escancarada fisica e emocionalmente para, de vez em quando, vos fazer uma visita.
Bjs Mª Idalina