Escultor, nascido em 17 de junho de 1954, em Sendim, Miranda do Douro, e radicado em Gaia, é licenciado em Escultura pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, desenvolvendo a sua actividade profissional como docente e escultor. Recebeu diversos prémios em Portugal e no Estrangeiro, tendo sido múltiplas as suas participações em exposições individuais e colectivas.
Para além da escultura pública (estátuas, bustos e outros monumentos), é particularmente conhecido pela sua actividade medalhística, de concepção de troféus e ainda de peças de cerâmica.
Esculturas em pedra, xisto e ferro de António Nobre
São esculturas em pedra, xisto e ferro que saíram das mãos do escultor José António Nobre que estão, desde ontem, em exposição no Palacete dos Viscondes de Balsemão, no Porto. É, poder-se-á assim dizer, uma mostra que põe em evidência e até em saudável confronto, as metamorfoses entre o velho e o novo, ou, como o próprio título indica, a tradição e a modernidade. José António Nobre utiliza o granito como matriz da sua obra, acrescentando-lhe um considerável número de objectos rurais reutilizados. Natural de Trás-os-Montes, mais concretamente de Sendim, Miranda do Douro, Nobre percorre os lugares de infância à procura de materiais que a inovação e o progresso teimam em extinguir. Depois de uma cuidadosa recolha, são aproveitados velhos utensílios, geralmente agrícolas, que numa simbiose quase perfeita com o granito dão lugar a poderosos guerreiros, tema e formas preferidos do escultor. Talvez porque, segundo nos confessou, desde cedo se habituou \"à luta da vida\" e consequentemente à necessária combatividade diária.
Nobre escultor Terceira nota, que sinaliza outra ausência minha. Até ao dia 29, a Casa da Cultura Mirandesa expõe Tradição/Modernidade. Escultura, de José António Nobre.
O reconhecimento, já antigo, da sua valia começou, agora, pelo palacete dos Viscondes de Balsemão, no Porto, durante o mês de Maio. Paralelamente aos bronzes de grande porte – com que, ainda em Fevereiro, inaugurou espaço em Miranda do Douro –, o miniaturista de hoje retoma as nossas memórias, serve-se de matérias várias e incute-lhes um inesperado lirismo (inesperado, talvez, porque o escultor arrisca para lá da figuração institucional), também patente nos títulos das peças.
Além do aproveitamento do ferro e granito, serve-se de seixo, xisto, chifre, fio e grafite sobre papel. Há um movimento alado e ascensional, uma elegância toda Brancusi; na expressão dos rostos, ou nas suas máscaras, sobrelevo um vazio ou enchimento ocular, com animização, assim, de aves que fomos perdendo nesta idade chilra (mocho, coruja, gavião). Ainda que só em catálogo, percebo texturas e tonalidades: em tudo, lê-se um artista!
Conheci este sendinês há trinta e cinco anos, no Lar Gulbenkian, e convivemos no Liceu de Bragança, antes da separação Porto – Lisboa. Começou a expor nesse ano de 1971, estava ele com 17 ilusões, que viraram a realidade de mão eficaz e sensível. Não tínhamos outro escultor. A minha geração resume-se a ele, creio. Medalhas, troféus, bustos, estátuas, murais, painéis e monumentos têm-no cumulado e coberto de prémios. Por mim, viciado em pintura, e recordado de exposição de 2004 na Fundação “Os Nossos Livros”, prefiro estes objectos, entre a aspereza do círculo e o conseguimento filiforme.
José António Nobre está a pedir, igualmente, um volume de síntese. Seja após este quinquénio, quando perfizer 40 anos de actividade artística.
A riqueza cultural do planalto e das arribas contada a pedra e ferro na escultura de José António Nobre F. Jorge da Costa
A Casa da Cultura Mirandesa expõe, desde o passado dia 3 e até ao próximo dia 29 de Junho, a última produção plástica do escultor da terra José António Nobre, um trabalho apresentado recentemente ao público portuense.
Os costumes da terra, a fauna, os trabalhos agrícolas ou a etnografia das gentes do planalto e das arribas são alguns dos temas retratados a pedra e a ferro pelo escultor sendinês.
O planar das águias sobre o Picão do Diabo, uma obra que nasce da metamorfose de velhas relhas de charrua é, como a maioria das peças escultóricas desta mostra, cerca de vinte, um reflexo claro da ligação da sua arte à terra natal.
Bufos orelhudos, mochos e gaviões misturam-se aqui com velhos guerreiros e outras tantas máscaras, como a do Chocalheiro de Bemposta. Lado a lado figuram ainda um conjunto de efígies esguias como a da “Rapariga Namoradeira” de seios arredondados e chave à cintura, ou a da “Espalhadora de Estrume”, que, como a do “Gadanheiro”, não deixam de ser uma justa homenagem ao duro trabalho da terra.
Segundo Amadeu Ferreira, um amigo e conterrâneo do escultor, “ao olhar para cada uma das peças, perdem-se-nos os olhos pelos cancioneiros onde o escultor andou à procura de pedacinhos de um mundo que se vai estilhaçando” e que, “com um sopro de magia”, foi transformando num “outro mundo”, o da modernidade.
Cada uma das peças é, por isso, o reflexo de um trabalho de pesquisa, perscrutado a cinzel para “descascar a côdea das pedras para ver se lhe arranca o que têm dentro”, com a certeza de quem “cresceu com gente que punha as pedras a dar vinho e pão”, diz Amadeu Ferreira.
Cada uma das peças é, por isso, o reflexo de um trabalho de pesquisa, perscrutado a cinzel para “descascar a côdea das pedras para ver se lhe arranca o que têm dentro”, com a certeza de quem “cresceu com gente que punha as pedras a dar vinho e pão”, diz Amadeu Ferreira.
Pica-portas, forquilhas, relhas, foices, ferraduras e tantos outros objectos da nossa história recente ganham, assim, uma outra dimensão, como a do garfo que agora é boca, num alerta para a riqueza histórica desta região que é preciso preservar.
Segundo Lara Moreira, o artista de Sendim assume neste trabalho “uma atitude dialógica com o espaço, o relevo, as tonalidades e as texturas transmontanas, numa relação telúrica que se consubstancializa em cada obra”, estabelecendo nela “uma dialéctica entre o tempo de antanho e o presente”, onde os materiais de outros tempos ganham, pela sua arte, “uma nova referência estética”.
José António Nobre é hoje uma figura incontornável da escultura nordestina. Para além das muitas peças que vem adornando espaços públicos em muitas localidades da região e do país, é autor de peças emblemáticas como o recente conjunto que põe frente a frente o homem com a capa de honras e a mulher mirandesa, ícones da cultura do planalto, que desde há poucos meses figuram no largo D. João III de Miranda do Douro.
Caro Escultor António Nobre
ResponderEliminarTenho uma palete de terra cota, com uma mulher nua moldada e de costas.
Gostaria saber se foi o seu autor, pois tem o nº 1
Posso mandar-lhe uma foto.
Penso que a comprei nas Belas Artes, em algum leilão.
Dê notícias
Jaime Vilas-Boas
jaimevbcc@gmail.com
Ainda me lembro de um canivete que esculpiu para o meu Pai
ResponderEliminarJosé Maria Meirinhos
Cumprimentos