sinto tanta tristeza
tanta
que os gritos lancinantes
que ninguém ouve
rasgam-me a garganta
como adagas sacramentais
a que Deus recorrerei
para que o meu grito se ouça
e todos o compreendam?
se a tristeza que sinto
desmesurada em meu peito
não se extinguir
qual fogo fátuo
deixarei de ser quem sou
definitivamente
serei nada nas penedias
que me viram nascer
pejadas de cravelinas silvestres
nem mesmo o vento
que revoluteia o meu cabelo
com carícias rústicas
calejadas de trabalhos
calará o meu surdo grito sacrificial
que se esvai envolto em estevas
Mara Cepeda
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