É uma entrevista grande mas poderia ser maior, muito maior. Ficaram muitas perguntas por fazer e muitos assuntos por tratar, mas deixou-nos a grata certeza de estarmos perante um transmontano da alma e coração, com o objectivo expresso de levar por diante, com êxito, a instituição a que preside e a sua amada região.
Aqui deixamos apenas alguns excertos da sua entrevista. Convidamo-lo a lê-la na integra. Aqui vai:
"O relatório da OCDE é o que se estaria à espera e muita gente estava à espera de que houvesse aqui um processo de fusão das instituições do qual sou abertamente contra, porque o que eu acho que estava em cima da mesa não era um processo de fusão de instituições, era um processo de take over das universidades sobre os politécnicos por uma razão muito simples: Já se percebeu que o orçamento não vai aumentar nos próximos anos. O país não tem capacidade para aumentar o orçamento para o ensino superior. O orçamento do ensino superior esta indexado ao PIB. Só quando aumentarmos o nosso PIB, obviamente, é que poderemos ter mais orçamento para o ensino superior. As instituições estão estranguladas, estão obrigadas a fazer uma gestão muito apertada e o princípio que havia aqui, era fazer uma ocupação take over sobre os politécnicos, para depois os reduzir, para que o mesmo dinheiro fosse dividido por menos, e eu digo isto com toda a frontalidade, porque estou absolutamente convicto que era assim."
"Nós temos 10,9% da população activa no ensino superior. A Espanha tem 26% e a média dos 25 países da União Europeia é de 25,5%. Temos um atraso estrutural terrível."
"... só se destrói o país dos doutores, fazendo tantos doutores que, ser doutor não signifique mais do que ter uma formação necessária para poder exercer uma profissão como deve ser.
O ser-se doutor, neste país, durante muito tempo, foi uma carta de alforria para se ter bom estatuto social, ganhar-se bom dinheiro, ter-se um bom emprego e fazer-se pouco e nenhum país consegue evoluir dessa maneira..."
"Cada ministério está sujeito a restrições orçamentais muito fortes e cada ministério, na medida em que precisa fazer essas restrições orçamentais, vai fazer as contas e chega à conclusão que no interior é onde faz menos sentido ter as coisas."
"Se fizermos contas, chegamos à conclusão de que nós não temos razão para existir."
"OCDE também viu isso, na medida em que diz lá, explicitamente, e vai mais longe, até, do que aquilo que eu próprio acho que porventura, seria obrigada a ir, ao dizer que as instituições de ensino superior, existentes no interior, são autênticos baluartes de defesa desse mesmo interior e que o Estado tem obrigação de arranjar formas de as tornar sustentáveis."
Mara e Marcolino Cepeda
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