Uma giesta florida no meio de um campo
um campo novo, transformado pela giesta
uma vontade de tocar naquela giesta
tão só, no meio das ervas altas
quase feno
quase pão
quase ovelhas a pastar
tosquiadas
brancas
algumas pretas
alguns cordeiros
saltitam alegres
como apenas eles sabem ser
o pastor
cajado na mão
colete refletor vestido
já velho
solitário
sorriso pronto
como quem pede
palavras
como quem não sabe o que dizer
a giesta, indiferente,
amarela,
única,
destaca-se na verdura primaveril da erva
os pachorrentos cães de gado
tranquilos como a verdeamarela planta
sozinha no prado
deitam-se à sombra dos carvalhos
o pequeno cão pastor mantém-se alerta
ao leve tresmalhar de uma qualquer rês
não tocam os sinos na torre da igreja
não há sinos para tocar
apenas a pequena e altiva giesta
só, serena, esquecida,
na imensidão verde
futuro feno
pasto agora
de um rebanho de ovelhas
brancas, salpicadas de negro
cordeirinhos aos pinotes
Mara Cepeda
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