Sabes, a vida continua independentemente de mim ou de ti.
Nada podemos fazer para além de viver,
sobreviver à passagem do tempo.
Não sei que dizer-te sobre esta que temos.
Aconteceu e pronto.
Nada mais podes ou posso fazer para te tornar mais leve
o fardo que carregas.
Também eu o carrego,
pesadamente,
em meus ombros,
tentando aliviar a tua carga.
É assim.
Que farias tu?
Que solução arranjarias?
Lá fora chove, tristemente.
Entristeço como quem anda à chuva só porque sim.
Tenho saudades de andar à chuva por querer fazê-lo,
sem constrangimentos.
Borratar a pintura que não uso.
Molhar a roupa,
molhar-me,
correr e gritar como quem brinca com a vida,
sem pensar que alguém está a olhar
e a menear com a acabeça
em sinal de reprovação.
Quero ser.
Tu queres ser também.
Queremos ser os dois nestes tempos conturbados e difíceis,
mas há quem precise de ser,
desesperadamente.
Nós somos, já.
Cabe-nos viver a vida que temos ou não temos.
Ontem, já lá vão muitos anos, éramos medianamente felizes.
Hoje somos sofrivelmente alegres.
Insatisfeitos como dias incompletos.
Mara Cepeda
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