domingo, 12 de agosto de 2012

Quando o inox ganha vida (Este é o nosso 58º entrevistado)


Após uma vida de trabalho, Felisberto Lourenço, 61 anos, dedica-se a fazer garfos, candeias, grelhas, utensílios de cozinha ou conjuntos para a lareira, seja em miniaturas ou no tamanho real.

Este artesão foi vítima de uma grave doença, que o atirou para as camas do hospital. Mesmo assim, não desistiu e criou a sua oficina na garagem, onde investe o seu saber na arte de moldar o aço em inox nas mais variadas formas ligadas à cozinha tradicional.
Os clientes ultrapassam as suas possibilidades de dar resposta aos pedidos que surgem de todos os lados. “Das diversas peças que fez nunca teve reclamações”, comenta Felisberto Lourenço, com um brilhozinho de vaidade nos olhos. “O meu pai também era bastante criativo”, acrescenta o artífice.
A operação que fez ao coração não impediu Felisberto Lourenço de juntar forças. Sempre que a saúde o permite, depois de dar a sua voltinha a pé, regressa à garagem, que transformou em oficina e local da sua vivência diária.

A doença ainda lhe deu mais forças para continuar com a sua arte

“Uma simples barra de inox, que é o material necessário para a elaboração dos meus trabalhos, vem do Porto e não é barato”, afirma o artesão. O aparelho de soldar, os eléctrodos, a serra do ferro, alicates e outras ferramentas estão devidamente alinhadas e as suas mãos já lhe conhecem o lugar na hora de dar forma às peças que executa com mestria.
Cuidadoso nas encomendas, deixa que o cliente ou amigo lhe avivem a memória para os trabalhos a realizar. Assim, o artista só tem uma mágoa que é o facto de não lhe pagarem o justo valor pelas suas peças, tendo em conta o trabalho levado a cabo pelas suas mãos. Dos objectos com mais saída destacam-se os garfos de dentes à antiga.
Não gosta de expor os seus trabalhos, pois acha que “a grande maioria dos que se vêem em feiras e exposições ficam a dever muito à arte”.

Retirado de www.jornalnordeste.pt

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