Juntas perdem contratos de rendas para instalação de Parque eólico em Montesinho
O projecto eólico previsto para o Parque Natural de Montesinho vai ser reduzido.A Scottish Southern Energy Renewables, empresa escocesa promotora da iniciativa, alega que os resultados das medições do vento não corresponderam às expectativas iniciais.
Por isso, algumas juntas de freguesia que estavam a receber cerca de três mil euros por mês de rendas pelos terrenos onde iriam ser instaladas as torres eólicas estão já a receber cartas a rescindir os contratos.Foi o caso de Rabal, no concelho de Bragança.“Fomos surpreendidos com a recepção de uma carta denunciando o contrato”, revela o presidente da junta de freguesia. “A empresa alega que o pode fazer a qualquer momento no caso de o resultado das medidas de vento mostrarem a inviabilidade económica do parque”, refere Paulo Hermenegildo.O autarca admite mesmo recorrer à justiça por causa do atraso no aviso da denúncia do contrato, uma vez que foi feito com um dia de antecedência e não com 30, como estava estipulado.Ao que a Brigantia apurou também as freguesias de Babe, Deilão, S. Julião de Palácios e Rio de Onor foram notificadas da rescisão do contrato.O autarca de Babe também foi apanhado de surpresa e lamenta a decisão pois considera que o dinheiro das rendas era muito útil às freguesias.“Ficámos surpreendidos embora saibamos das dificuldades que há na implementação dos parques eólicos”, afirma Alberto Pais, salientando que “para as juntas de freguesia e concelhos de baldios é mais um aspecto negativo porque era uma receita bem-vinda”.O responsável da empresa em Portugal garante que isto não significa o fim do projecto.“A nossa empresa não desistiu do projecto, vai ser mantido mas mais reduzido”, assegura Luís Antunes. “Nós chegámos a ter nove torres a medir o vento. Foram desmontadas há cerca de um ano e hoje em dia temos uma noção clara onde há e onde não há potencial eólico para projectos economicamente viáveis”. Luís Antunes acrescenta que a concretização do projecto está dependente de decisões políticas.“Em termos estratégicos a empresa procura entender como é que se vai desenvolver, em termos político, o suporte às energias renováveis, nomeadamente se haverá concursos num prazo aceitável, pois nenhuma empresa fica ad eternum à espera de oportunidade para investir”, afirma. “Mantemos a aposta nos terrenos que têm potencial eólico, nos outros não justifica continuar a fazer investimento porque temos estado a pagar rendas desde 2007, sem usufruto”.O presidente da câmara de Bragança desconfia do argumento apresentado pela empresa. “O potencial existe em termos do número de horas anuais de vento suficientes para garantir viabilidade económica a um parque. Seguramente que é muito maior do que em muitas outras zonas onde são parque desenvolvidos”, refere Jorge Nunes.O autarca acredita que o projecto se vai concretizar. “É uma questão de tempo, este parque há-de desenvolver-se por necessidades de acesso à energia e também pelo facto de o potencial existir e que não vai desaparecer”.Mesmo que o Ministério da Economia abra o concurso nos próximos tempos, fica ainda por resolver o problema de ligação à rede da energia que será produzida no Parque Natural de Montesinho, uma vez que o ponto mais próximo é em Macedo de Cavaleiros.
Escrito por Brigantia
Retirado de www.brigantia.pt
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