quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A alma vacila enleada no vento

A alma vacila enleada no vento.
Demandando indefinidos sonhos.

Sussurra o vento
por entre raios de sol,
rubicundos de luz,
de calor rarefeitos.

Olhos brilhantes reflectindo luas,
finjo alegrias, disfarço tristezas,
calo lágrimas presas na garganta,
lacerando gritos de dor verdadeira.

Folhas caem tapetando tudo,
num rodopio de aragens outonais.

Alegremente,
no riso das crianças,
voejam primaveras de flores silvestres,
onde me deito, qual mar aberto, em areias finas.

O meu riso sereno acena ao de leve,
no vento que insiste no derrube das folhas,
velhas caducas, de vestes airosas.

Adormecem as folhas
também os sonhos.
A vida continua no constante vai e vem
dos dias e noites de ninguém.

Passamos sem pressas,
depressa demais,
em túneis sem luz
entrechocam destinos.

O vento amainou.
O sol prenhe de luz
insiste neste outono feliz.
Sorrio.

Minha alma serenou envolta em gladíolos.

Sinto-me cidadã do Mundo,
naufragada em ilha deserta de beleza impar.
Molho os pés na água quente do mar.

Adormeço na areia branca.
Despida de todas as máscaras e medos.
Existo.

            Mara Cepeda

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