sexta-feira, 2 de setembro de 2011

SOLITÁRIA FLOR

Voltei, disse o vento à solitária flor.
Foi-se embora sem olhar para trás.
Sem mesmo adejar, ao de leve,
as pétalas belas, de azul infindo.
De azul meu e lindo.

Voltei, disse a minha alma depois de uma brisa de amor.
Estou aqui e não torno a ir.
Ficarei, não estando aqui.
Embalei serenamente o teu doce sorriso
soube o quanto te preciso.

Sonhei contigo em hora antiga.
Tentei dormir embalando a cantiga
que a minha avó me cantava, menina ainda.

Chorei invisível a minha dor imensa
tu não viste o que a minha alma pensa.
Corei de enganar o teu olhar tão belo
peguei em meus braços a tua alma triste.

Choraste em mim, lágrimas amargas,
tão belas e doces que o meu corpo esqueceu
auroras antigas onde tudo era breu.

Sorria, ao de leve, na boca vermelha
uma carícia breve, pequena sereia.
Perdi-me de amores,
entoei canções de mel,
pintalguei searas papoilas vermelhas
esperei perdida voejar de abelhas.

Nada. Apenas restolho de ceifas sofridas.
Levanto o olhar para o azul infinito.
Um grito dilacera o delicado equilíbrio
tudo em quimera passou mascarado,
em sala de espera de um qualquer telhado.

Voltei disse a flor ao vento que passa.
Fingiu ir embora sem ter para onde,
levantou a asa e a cabeça esconde.

Vacilam ao vento pétalas tão frágeis
como borboletas voejam ágeis.
É o fim do dia que mal começou
a noite tardia o medo exaltou.

Mara

Sem comentários:

Enviar um comentário