sábado, 10 de setembro de 2011

Do ser e existir

           Ouvi a palavra do primeiro junquilho
Pequeno sol amarelo
Acanhado, sonolento e belo

Ouvi a palavra da primeira lágrima
A mais pura e genuína
Que rola serena pelo rosto da menina

Ouço o grito da gaivota em alto mar
Que adivinho aflito
Na ânsia de te encontrar

Busco o caminho, princípio e fim
Que, solitária, calcorreio
Nesta luta sem freio
Tão longe de mim

Ouvi o grito da mãe ao parir
O perfeito milagre
Do ser e existir

Ouço o choro do menino ao nascer
A dor imensa
Do ter de crescer

Nasce o dia, sol envergonhado
Que tudo anuncia
Que anseia a magia
De um doce pecado

Anseio a antestreia
Do marulhar da maré
Envolta em areia
Na praia que não é

As mãos, pérolas pequeninas
Tecem colares de contas
Tristezas genuínas
Em horas enclausuradas.
  
           Mara

2 comentários:

  1. «anseia a magia
    De um doce pecado»
    bonito.

    AF

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  2. Obrigada Amadeu.
    Por vezes conseguimos traduzir o que sentimos, outras, muitas, partimos pedra sem encontrar o filão dourado.

    Mara

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