segunda-feira, 20 de maio de 2013

Miranda do Douro: Agricultores ambientalistas contra a lei das sementes

Os agricultores prometem lutar contra a legislação que proíba troca de sementes, já que acreditam que a ilegalização da comercialização de milhares de variedades autóctones vai restringir a atividade agrícola tradicional e colocar em causa o património vegetal.

Associações ambientais e pequenos produtores consideram que se devem continuar a utilizar e trocar as variedades de sementes tradicionais principalmente para "manter viva a agricultura de subsistência" que é praticada em diversos pontos do país.
Isabel Sá, presidente da associação ALDEIA, disse que a informação sobre os contornos da nova lei não chegou às pessoas, parecendo haver um certo "secretismo" em torno do assunto.
"São questões que deveriam estar em discussão pública. As pessoas não participaram neste tipo de decisões, já que são os principais interessados, e sentimos que há muita falta de informação em torno de uma matéria tão sensível", asseverou.
Para João Rodrigues da Associação Portuguesa de Tração Animal, considera que a nova lei que interdita a troca de sementes "é um ataque à agrobiodiversidade de cada região".
"Tendo em conta a nova lei das sementes que está em vias de ser aprovada pelo Parlamento Europeu, não há melhor forma de protestar como plantar uma horta com diversas variedades de sementes tradicionais, para assim haver uma maior consciencialização para o problema", acrescentou.
Os contestatários consideram que a nova legislação que proíbe a troca de sementes entre agricultores ou associações "condiciona a comercialização de milhares de variedades que não se encontram registadas nos catálogos nacionais e europeus".
"Trata-se de um processo bastante complexo já que nós todos os anos guardamos sementes de uns anos para os outros, já que é um produto da natureza e ninguém tem o direito interferir na ruralidade", frisou a produtora Ana Jorge, de Duas Igrejas.
A agricultora não duvida que quem está por de trás da futura lei são "os grandes produtores de sementes e os interesses económicos".

Retirado de www.rba.pt

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