“À procura das medicinas alternativas”
Bruno, falar-nos, por favor, da sua meninice. Foi muito diferente das dos dias de hoje?
Acho que foi bastante simples, tive uma meninice bastante calma e tive sempre o apoio dos meus pais, o que foi bastante bom. A verdade é que não foi assim muito diferente da que é hoje em dia. A juventude também foi bastante calma, nunca tive grandes vícios, nunca me perdi, também sempre tive bons amigos. Tive sempre o apoio de pessoas de quem gostava. Foi bastante calma.
É ainda muito jovem, mas já é pai de três crianças. Isso acarreta muitas responsabilidades. Como é ser um pai jovem?
Eu sou pai por opção. Acho que agora é mesmo a altura de ser pai, em que eu tenho mesmo paciência e a vida mais calma para os aturar e dar-lhes todo o apoio e ainda bem que ao mesmo tempo estou a estudar o que ajuda bastante para que eles tenham uma alimentação cuidada e um desenvolvimento bastante correcto do meu ponto de vista.
Não é muito normal que um jovem do interior nordeste de Portugal enverede pela área das medicinas alternativas. O que o levou a seguir esse caminho?
Eu, desde a minha adolescência, sempre me interessei por estas áreas, pela parte da nutrição e pelos temas orientais e quando tinha dezoito anos, a altura em que estava a acabar o meu secundário, a minha mãe e a minha namorada, na altura, trataram-se com as medicinas complementares, nomeadamente a reflexologia, o que me fez interessar bastante e em vez de fazer como a maioria dos meus colegas e concorrer para um curso, sei lá, da área da saúde, de enfermagem, ou assim, decidi mesmo optar por uma coisa oriental, um abordagem mais holística do ser humano.
O que é a reflexologia?
Explicado assim, simplesmente, é bastante difícil mas, a Reflexologia é uma terapia que se baseia em que, nós, no nosso corpo, temos várias zonas reflexas, em que temos reflexos por várias partes do corpo, todos os órgãos, os membros, todas as glândulas e com técnicas específicas de manipulação e massagem, conseguimos tratar vários desequilíbrios através dessas áreas reflexas que são, nomeadamente, os pés, as mãos, as orelhas e um pouco por todo o corpo.
Explicado assim, simplesmente, é bastante difícil mas, a Reflexologia é uma terapia que se baseia em que, nós, no nosso corpo, temos várias zonas reflexas, em que temos reflexos por várias partes do corpo, todos os órgãos, os membros, todas as glândulas e com técnicas específicas de manipulação e massagem, conseguimos tratar vários desequilíbrios através dessas áreas reflexas que são, nomeadamente, os pés, as mãos, as orelhas e um pouco por todo o corpo.
O que são e quais são as medicinas alternativas?
O que são as medicinas alternativas? São todas as medicinas que defendem uma abordagem diferente da medicina convencional. Quais são? É muito difícil estar a dizer todas mas, as mais conhecidas, são a acupunctura, o shiatsu, a reflexologia também começa a ser mais conhecida, a homeopatia, mas são todas as que estão ao lado da medicina, que fazem um trabalho complementar a ela. Não são ou não devem ser chamadas alternativas. Medicina só há uma e fazem todas, parte do mesmo. O trabalho é bastante semelhante, funciona mesmo como um complemento e não como uma alternativa.
Funcionam todas à base de toque, de tratamentos alternativos que não têm nada a ver com medicamentos?
Nas medicinal alternativas ou terapias complementares há várias terapias que usam mesmo medicamentos, mas medicamentos naturais, feitos à base de ervas ou energéticos como a homeopatia mas, mesmo assim, são medicamentos e podem ser tão benéficos como os da medicina convencional ou tão maus como os da medicina convencional. Não devemos optar pelas medicinas complementares como alternativas mas sim, como complemento e sempre acompanhadas por alguém que perceba e sempre conscientes daquilo que estamos a fazer.
As medicinas complementares são sinónimas de medicina tradicional chinesa?
Não, não são. Há bastantes terapias que tiveram a sua origem na Europa se bem que as mais conhecidas sejam as que estão compreendidas dentro da perspectiva oriental e que fazem parte da medicina tradicional chinesa. A acupunctura é uma delas, provavelmente, a mais conhecida mas, a homeopatia também é bastante conhecida e bastante aceite a nível mundial e é uma terapia não chinesa.
A medicina complementar mais conhecida no nosso país, por influência e mediatismo de Pedro Choy, é a acupunctura. No entanto o Bruno não foi pelo caminho mais óbvio. É caso para perguntar porquê a reflexologia?
A acupunctura não é só em Portugal que é mais conhecida. É-o um pouco por todo o mundo. O facto de eu não ter optado pela acupunctura foi que, na altura em que eu estudava, um pouco antes, a minha mãe tratou-se com a reflexologia com bastante sucesso. A minha namorada tinha recorrido a vários médicos e sem grandes resultados e calhou optar pela reflexologia e foi bastante bem sucedida e ficou bem. A pessoa que fazia os tratamentos era bastante simpática e, por coincidência, ele estava a organizar um curso e convidou-me e eu fui experimentar, porque não? E a verdade é que gostei bastante.
E em que consiste esta terapia?
A reflexologia, já disse à pouco, é uma terapia que se baseia em que no nosso corpo há zonas reflexas e estimulando essas zonas nós vamos provocar um efeito benéfico nas zonas associadas e baseia-se também no principio da medicina tradicional chinesa: no corpo humano circulam canais de energia e o desequilíbrio desses canais é o responsável por algumas patologias, ou todas mesmo e, estimulando esses canais com a reflexologia, conseguem-se resultados muito satisfatórios.
Uma espécie de leitura das artérias…
Não propriamente artérias. Nas artérias circula algo físico. Nos meridianos, nesses canais de energia circula só a energia.
Aqui em Bragança e em Miranda do Douro que eu também exerço lá é bastante, elas agora já começam a reagir bem, já há outro tipo de informação e já se fala bastante na televisão e nas revistas sobre a reflexologia, mas mesmo assim há pessoas muito complicadas e que olham para a reflexologia de uma forma diferente e encaram os reflexólogos como sendo uns curandeiros, uma coisa desse género, mas já começam a alterar os padrões, começam a assumir bem.
O que é o Instituto Macrobiótico de Portugal e há quantos anos existe?
Ao certo não sei bem mas existe, pelo menos, há uns vinte anos. É um Instituto que se dedica ao ensino e à divulgação da macrobiótica, da dieta macrobiótica, da filosofia macrobiótica e um pouco da filosofia oriental e acho que o consegue bastante bem. É um instituto formado à semelhança do Instituto Michio Kushi de Boston. Tem pessoas com bastante nível e com bastante experiência, que estão na macrobiótica desde o início, quando veio para Portugal.
É um praticante convicto da macrobiótica. O que é a macrobiótica?
Eu sou um praticante bastante convicto desde o início e tudo quanto eles me transmitiram… comecei a perceber que fazia bastante sentido e a maioria das coisas que eles assumem são coisas baseadas em dados científicos.
O que é a Macrobiótica? É um bocado difícil de responder de um forma simples mas, apesar da macrobiótica ser mais conhecida como uma simples dieta e, por vezes, uma dieta vegetariana, é muito mais que isso. É uma filosofia de vida, uma forma de estar na vida. Macrobiótica significa, literalmente, grande vida mas, mais que isso, macrobiótica é viver a vida de uma forma grandiosa e, através da alimentação, conseguirmos utilizar todo o nosso potencial e olhar para a vida no seu todo, vislumbrar toda a sua beleza utilizando todo o nosso potencial e conseguimos isso com uma boa dieta.
Aprendemos a conhecer melhor as nossas energias através da macrobiótica?
Não só as nossas energias mas também, um pouco das pessoas que nos rodeiam. Os nossos filhos, as pessoas de quem gostamos, o ambiente… a macrobiótica respeita bastante o ambiente adoptando uma forma de vida bastante saudável e adoptando também uma prática mais natural, fazendo agricultura biológica e olhando um pouco para a sociedade em geral e vendo aquilo que está mal.
Podemos incluí-la na área das medicinas complementares ou alternativas?
Não sei se será o mais correcto uma vez que a macrobiótica não é uma medicina em si. É mais uma filosofia de vida, se bem que, no início, a macrobiótica ficou conhecida como uma dieta boa para o cancro, uma dieta óptima para problemas cardiovasculares e daí, a grande maioria das pessoas que recorre à macrobiótica recorre de maneira a ultrapassar vários problemas de saúde. Assim sendo, a macrobiótica pode ser entendida como uma medicina alternativa mas não era esse o objectivo. É mesmo uma filosofia de vida, uma forma de estar na vida.
O grande impulsionador desta filosofia, George Ohsawa, diz que a macrobiótica é a arte de prolongar a vida…
O George foi um impulsionador bastante famoso no seu tempo. Ele era descendente de samurais e a filosofia macrobiótica foi bastante rígida no princípio por causa da cultura samurai. Ele estudou, exaustivamente, a alimentação e os padrões alimentares da cultura oriental. Estudou, também, a filosofia oriental, profundamente, e tudo isso influenciou bastante a macrobiótica, mas não sei se poderemos dizer que ele foi o impulsionador da macrobiótica. O Mishio Kushi estudou com ele e é tão ou mais conhecido que o George e ele sim, foi o grande impulsionador da macrobiótica. Ele ainda vive tem noventa e poucos anos, é uma pessoa bastante saudável, bastante flexível e luta diariamente para reconhecer a macrobiótica e fazer entender às pessoas que a macrobiótica é um filosofia de vida bastante aceitável e que conseguimos mesmo, melhorar a humanidade através da macrobiótica, através de um prato de comida.
Segundo a filosofia chinesa, a causa das doenças está no desequilíbrio entre o Yin e Yang do organismo. Podemos basear todas as medicinas nesse princípio?
Yin e Yang é um principio oriental que pertence à medicina tradicional chinesa, não só à medicina mas à cultura chinesa e, como disse no início, há várias terapias que não são orientais, que não pertencem à medicina tradicional chinesa e não se baseiam, minimamente, no Yin e Yang nem sequer têm conhecimento do Yin e Yang. O Yin e Yang é uma filosofia bastante complicada. É um estudo para uma vida e poucas pessoas optam por esse estudo, um pouco por desconhecimento, um pouco por duvidarem mas, a verdade, é que tudo se rege pelos princípios do Yin e do Yang, um pouco em todas as culturas, em todas as religiões do mundo se fala em in yang, apesar de se darem outros nomes. A nossa religião, ou melhor, a religião mais praticada em Portugal e a cultura portuguesa, falam em Adão e Eva ou falam nos pólos. Yin e Yang são dois pólos, o masculino e o feminino. O masculino, podemos dizer que é o Yang, o feminino, podemos dizer que é o Yin. O Yin provoca expansão, o Yang contracção e os chineses dizem que todos os problemas de saúde, todos os desequilíbrios, não só de saúde mas, os desequilíbrios do universo, da humanidade, se devem a desequilíbrios de Yin ou desequilíbrios de Yang.
Quando falamos destes dois princípios, falamos não só em medicina, mas toda uma filosofia de vida bastante complexa e ao mesmo tempo bastante simples para quem estuda e que podemos aplicar a todas as áreas da nossa vida, não só numa perspectiva de saúde, não como uma terapia, mas como uma forma de estar na vida.
Uma forma de viver melhor?
Sim, talvez. Se nós compreendermos que tudo é Yang ou que tudo é Yin e que todos os desequilíbrios acontecem por causa destes princípios estarem em desequilíbrio. Se todos nós compreendêssemos isso, seria uma forma de melhorarmos a nossa vida.
Faz-nos alguma confusão que um dos princípios macrobióticos seja a proibição de todos os lacticínios, enquanto nós temos a ideia de que é através do leite e seus derivados que aportamos ao nosso organismo o cálcio necessário para uma boa saúde óssea. Como explicar esta grande contradição?
Na verdade, a macrobiótica não proíbe o leite, os lacticínios, nem proíbe nenhum produto em geral. Desaconselha os lacticínios ou aconselha as pessoas a consumirem-nos de forma prudente e o mínimo possível.
É um tema bastante controverso, bastante problemático e a tendência que eu tenho é falar um pouco mal dos lacticínios. As pessoas que me vão ler, vão achar que não faz grande sentido aquilo que vou dizer mas, a verdade, é que os lacticínios não são aquilo que a grande maioria das pessoas pensa e, na verdade, não são assim tão bons para a saúde quanto se diz. A grande maioria dos estudos científicos prova isso mesmo. Os lacticínios não são assim tão bons para a saúde e eu diria que são os piores produtos que nós podemos colocar na nossa boca.
Há inúmeras razões para nós não consumirmos lacticínios no nosso dia a dia e inúmeras doenças que estão associadas a um excessivo consumo de lacticínios nomeadamente a osteoporose e o cancro da próstata. Apesar de a grande maioria dos médicos e a grande maioria dos terapeutas aconselhar o consumo do leite para prevenir a osteoporose, a verdade é que pode contribuir bastante para um aumento dessa patologia e de todos os problemas relacionados com a saúde óssea em geral. Há mesmo bastantes razões para nós não consumirmos lacticínios, nomeadamente, o leite de vaca que é um alimento para vitelos e não para seres humanos. Nós somos o único animal mamífero que consume leite após o período de amamentação. Isso deveria fazer-nos pensar um pouco e fazer-nos repensar o que está ou não correcto enquanto animais mamíferos. Será que precisamos mesmo do leite? O leite de vaca é um leite adaptado à saúde de um vitelo. Um vitelo cresce cerca de quarenta quilos nas primeiras semanas. Um bebé, um recém-nascido cresce apenas um ou dois quilos no mesmo período de tempo. O leite que nós bebemos no nosso dia-a-dia não tem só cálcio, não tem só coisas boas tem também bastantes químicos, tem pesticidas, tem antibióticos, tem montes de coisas que fazem bastante mal à nossa saúde. É rico em enzimas digestivas que vão fazer com que um alimento tão forte como o leite seja bem digerido. O problema é que, com os tratamentos que lhe fazem, nomeadamente aquecê-lo a altas temperaturas para o esterilizar, faz que essas enzimas se tornem menos activas e que não possam desempenhar o seu trabalho como deveriam. Esse facto vai fazer com que não assimilemos tão bem o leite como deveríamos e, a grande maioria das pessoas, a nível mundial sofre de intolerância à lactose que é o açúcar do leite.
Se nós observarmos o panorama geral a nível mundial, os países onde se bebe mais leite, nomeadamente, Finlândia, Suécia, Inglaterra, Estados Unidos, são também os países onde se sofre mais de osteoporose e de doenças relacionadas com os ossos.
No oriente, nomeadamente, na China onde consomem muito pouco leite é onde se sofre menos de osteoporose. Isso deverá querer dizer alguma coisa. Para além disso, há imensos estudos científicos que provam que o leite não é assim tão bom e estudos científicos bastante reconhecidos a nível mundial e feitos por pessoas com bastante credibilidade ao nível da comunidade cientifica, nomeadamente, professores de Harvard… cientistas por todo o mundo desaconselham o uso de lacticínios e dizem às pessoas que é, provavelmente, o pior alimento que podemos por na nossa boca e, reduzindo o seu consumo, podemos reduzir também o aparecimento de muitas doenças no nosso dia-a-dia.
Mas como fazer para substituir esses alimentos?
A verdade é que nós não precisamos de substituir o leite porque o leite não nos faz falta. Não é estranho que sejamos o único animal mamífero que continua a beber após o período de amamentação? Nós não vemos uma vaca a ser alimentada com leite, não vemos um cão a ser alimentado com leite, não vemos um golfinho amamentado com leite após o período de amamentação. Mas, se as pessoas estão preocupadas com um boa saúde de ossos, ou com medo da osteoporose, o que devem fazer é consumir mais cereais integrais, mais vegetais, principalmente, os de folha verde que têm ainda mais cálcio e é melhor digerido pelo nosso organismo que o leite. As oleaginosas, as amêndoas e nozes, tudo isso tem cálcio, a maioria da fruta tem cálcio, as cenouras têm cálcio, é bastante fácil termos o cálcio de que precisamos. É mais difícil termos carência de cálcio do que ter excesso de cálcio.
A macrobiótica é uma adepta de vegetarianismo?
Não propriamente. A grande diferença entre o vegetarianismo e a macrobiótica é que, para os vegetarianos, a grande preocupação que têm é não consumirem produtos de origem animal, um pouco pelas crenças deles, um pouco pelo respeito à natureza em geral. A diferença está aí, é que a única preocupação deles é evitar totalmente o uso de produtos de origem animal e esquecem-se do resto, fazem todo o tipo de asneiras que a maioria das pessoas faz, apenas evitam o consumo de produtos animais o que, provavelmente, vai fazer com que fiquem com carências nutricionais. É por isso que muitas vezes a dieta vegetariana é totalmente desaconselhada pelos pediatras ou pelos nutricionistas. A macrobiótica, para além de desaconselhar os produtos de origem animal ou aconselhar o seu uso moderadamente ou com muita prudência, preocupa-se, também, com o resto e preocupa-se em substituir as proteínas que nos dá a carne. O que mais custa substituir é a vitamina B12 e é por isso mesmo que os macrobióticos consomem tempeh (diz-se “tempei”) que é um produto derivado da soja, consomem alga kombu que tem bastante vitamina B12, consomem, esporadicamente, levedura de cerveja que contém a mesma quantidade de vitamina B12 que qualquer alimento de origem animal. Com a dieta macrobiótica é muito difícil ter-se carências alimentares.
A pirâmide macrobiótica prevê o consumo de carne apenas uma vez por mês. Para nós transmontanos parece quase um sacrilégio. Fale-nos dessa questão tão polémica, já que todos sabemos que as proteínas animais são muito importantes para a saúde do ser humano.
Para nós, transmontanos, é quase uma heresia dizer que só precisamos de carne uma vez por mês. Apesar da macrobiótica aconselhar o consumo da carne uma ou duas vezes por mês, a verdade e que a realidade mundial e a opinião dos cientistas não diverge assim tanto. Aconselham carne, no máximo, duas vezes por semana e o que acontece na nossa sociedade é que estamos a consumi-la diariamente o que contribui para que tenhamos graves problemas de saúde. As proteínas são mesmo muito importantes para o desenvolvimento de uma criança saudável mas não, necessariamente, as de origem animal. Nós conseguimos ter a quantidade necessária de proteínas misturando alguns cereais integrais com leguminosas, alimentos como o tofu, todos os derivados de soja, especialmente, os fermentados, também o seitan, produto feito à base de trigo, algas, frutos secos…
Um nutricionista famoso a nível mundial, uma autoridade em nutrição desportiva, que é o doutor Michael Colgan, nutricionista de atletas famosos, de alta competição, desaconselha o consumo de carne aos seus atletas e, a verdade, tal como acontece com a maioria das pessoas quando deixam a carne, a energia aumenta e melhoram a forma física e não o contrário. A ideia de que as proteínas devem ser de origem animal, pode não ser assim tão correcta como se julga.
Falemos, agora, da nossa região. Na sua opinião, o que podemos fazer para tornar esta província mais próspera?
Há imensas coisas que se podem fazer mas, talvez, não seja a pessoa mais indicada para falar disso e apenas posso falar da minha área porque não estou à vontade nas outras. Tenho o projecto de fazer um Centro Macrobiótico, aqui, em Bragança para que as pessoas mudem o seu estilo de vida e alimentação e, assim, possam utilizar melhor o seu potencial que é esse um dos objectivos da macrobiótica.
Esse centro macrobiótico está para breve?
Eu gostaria que fosse, ainda, este ano mas, infelizmente, as burocracias fazem que quase desistamos de criar algo interessante, no entanto, tentarei realizar este objectivo quando puder. Já comecei a dar os primeiros passos e o local onde trabalho assemelha-se, um pouco, a um centro, apesar de não ser o local mais apropriado. Em Portugal é extremamente difícil criar algo de raiz. Espero contar com a ajuda de outras pessoas macrobióticas e espero que marquemos a diferença. Pelo menos vamos tentar transmitir aos transmontanos que, evitando o consumo exagerado da carne e dos lacticínios, podemos melhorar as nossas potencialidades.
O que pode impedir os jovens de saírem desta região para o litoral ou para os outros países?
Não sei o que pode evitar isso mas, talvez, trazendo para cá outros conhecimentos e apostando também um pouco nas terapias complementares e em centros potenciadores de saúde e bem-estar tal como um SPA ou algo do género… investindo na indústria e porque não, também, na agricultura biológica que está em forte expansão em todo o mundo.
Talvez a natureza seja um ponto ideal para segurar os jovens?
Eu acho que sim. A natureza é um dos pontos fortes desta região. Infelizmente, aqui em Bragança, valoriza-se muito o cimento e qualquer coisa que se faça tem que ter muito cimento e poucos espaços verdes dando pouca importância à natureza, aos passeios pela natureza...
A polémica da passagem do Instituto Politécnico de Bragança a Universidade. O que pensa deste problema?
Estou de acordo com a criação de uma universidade, no entanto, acho mais sensato ter um bom Politécnico que uma má Universidade. Funcionando como um bom Politécnico pode ser melhor do que ter lá a palavra Universidade e ser uma má universidade. É preferível ser um bom politécnico, dos melhores a nível nacional.
E agora, para terminar, que personalidade ou personalidades mais o marcaram ao longo da sua vida?
Estou mais dentro da cultura oriental e as personalidades que mais me marcaram talvez tenha sido pessoas com as suas obras tal como Lao Tsé. Também George Oshawa e Michio kushi. As leituras que fiz sobre as suas obras, marcaram-me bastante. Cá em Portugal ainda não houve uma personalidade que me marcasse mas, talvez Francisco Varatojo, uma pessoa bastante reconhecida, que tem muito valor e que talvez seja a pessoa mais importante no meu trajecto, seguramente a mais importante na comunidade macrobiótica em Portugal, uma personalidade muito interessante. Aconselho toda a gente a conhecer o seu trabalho, participando nos seus campos de férias que são bastante interessantes para quem quer mesmo optar por um estilo de vida mais saudável.
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