quarta-feira, 25 de abril de 2012

25 de Abril

Hoje é 25 de Abril. Já lá vão 38 anos desde que um grupo de capitães decidiu que eram horas de mudar o status quo instituído há quase 50 anos. Fizeram uma revolução. O povo saiu à rua. A vida mudou. Portugal mudou.
Para nos falar dos acontecimentos da altura e dos tempos de ditadura, contámos com a presença de um dos capitães de Abril, Teófilo Bento, que tomou a RTP.
A meu pedido, fez o favor de vir fazer duas palestras ao meu agrupamento de escolas, Paulo Quintela. A primeira realizou-se no dia 23 de abril às 14.00h para os alunos do 4º ano de escolaridade. Foi interessante ver as reacções das crianças perante as histórias que o nosso convidado contou. Para eles, que sempre viveram em liberdade e sem grandes necessidades felizmente, ouvir dizer que as meninas e os meninos tinham de andar em escolas separadas, que as meninas não podiam usar calças ou que era proibido beber coca-cola, foi uma estupefacção.
Todas as histórias que nos contou foram muito interessantes e julgo que estes alunos, apesar de muito jovens, não esquecerão esta experiência.
No dia seguinte, 24, a palestra foi para os mais velhos, do 6º e 9º anos. Julgo que conseguiram entender o que aconteceu e porque aconteceu o 25 de Abril. Ouviram um bom contador de histórias que lhes contou que quando era criança, em Sendim, havia famílias que nada mais tinham para comer do que batatas e que, quando havia sardinhas, uma dava para três pessoas. Disse ainda, que pouca gente conhecia a cor do dinheiro e que o normal era a troca de géneros.
Em resposta a algumas perguntas realizadas pelos alunos, contou-lhes como havia decorrido a ocupação da RTP e as peripécias que eles e os seus homens tiveram de enfrentar. A incerteza de ter, efectivamente, acontecido a revolução, já que durante longas horas não teve notícias dos acontecimentos devido a uma falha das comunicações via rádio.
Falou da preparação do golpe de estado e dos cuidados tomados para evitar que a PIDE pudesse descobrir o que se estava a passar.
Falou dos homens que arriscaram as suas vidas para libertar Portugal de uma ditadura que nos aniquilava, que não nos deixava respirar e que depois se remeteram ao anonimato.
Mostrou-se simples, simpático, acessível, muito bem disposto e soube descer ao escalão etário dos alunos a quem se destinaram as "conversas".
Enfim, resta-me agradecer-lhe mais uma vez a disponibilidade e o grande favor que me fez ao deslocar-se de Lisboa a Bragança para nos ensinar uma lição de liberdade e orgulho de ser português e transmontano.

Mara Cepeda

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