segunda-feira, 9 de abril de 2012

Milagre

(Este sobreiro pertence à minha família. Nasceu no alto dessa fraga num lameiro muito próximo da aldeia. No verão do ano passado houve um incêndio que quase o matou, no entanto, ele recuperou e vai conseguir sobreviver.)

quando, no alto de uma fraga, altaneiro,
nasce um sobreiro
e vive,
cresce,
cumpre a sua função
que é dar cortiça

quando, pendurada naquela arriba,
esbraceja,
batida pelo vento,
uma velha figueira
que contra todas as espectativas
oferece figos

quando, os campos insistentemente verdes,
pejados de pequenas flores
bebem as orvalhadas manhãs
matam a sede
matam a fome
e, milagrosamente,
me fazem crer

Mara Cepeda

1 comentário:

  1. Fantástico, Mara.
    La gana de bibir puode fazer milagres.
    Ende stá un tan guapo, que mos traíste, i tantos outros an que amentas ne l tou guapo poema.
    Anganha se quien çprézia la gana de bibir i la sue fuorça.
    Beisicos
    Amadeu

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