domingo, 6 de julho de 2014

O desgaste dos dias

O desgaste dos dias é como um rio que extravasa as margens em dia de trovoada. Não é fácil atravessá-lo a vau.
Insistimos teimosamente em contornar a situação e não medimos o perigo que representa um tronco de árvore que a enxurrada arrastou para o leito caudaloso e barrento, tão diferente do normal de um dia simples.
Desgastamo-nos e desgastamos as nossas esperanças, os nossos sonhos, as nossas verdadeiras virtudes... deixamos de acreditar em nós e nos outros e seguimos o caminho mais inócuo.
Não vale a pena grande esforço. Parece que a vida perdeu importância e que nada vale o esforço de tentar ser melhor.
Sofremos, desacreditamos. Os dias de sol são mais escassos, parece-nos. A melancolia impregna-se na alma e sentimos que somos menos do que uma gota cristalina de chuva.
As vidas seguem o curso do rio cujo caudal vai cheio de ilusões perdidas... ou de água límpida e pura dos degelos das altas montanhas sempre brancas. Porque também é possível alguma luz, alguma esperança.
Somos apenas seres imperfeitos porque humanos e frágeis como as asas de uma borboleta. Está na nossa natureza.

Mara Cepeda
 

Sem comentários:

Enviar um comentário