terça-feira, 1 de julho de 2014

Fado

não sei.
ponto final
diferente de não querer saber
talvez não valha a pena
o desgaste de tentar
de ser o que se espera de nós
de ver as coisas pelo olhos de outros
de embelezar o nosso discurso com palavras alheias...

não sei;
ponto e vírgula
porque não vale a pena o esforço
de ser quem realmente sou
expondo-me a olhares admirados
de "não lhe conhecia esta faceta"
de olhar para o azul do céu de Bragança
e sentir-me parte dele, nas gotas quentes e salgadas
que escorrem pelo meu rosto triste

não sei,
vírgula
se vale a pena fingir alegria
quando a alma vai de negro vestida
cercada das carpideiras fatalistas
que mais do que chorar a morte
choram a triste e desconexa vida
e o fado castiço, cantado nas tabernas de ontem
entoa a vida e a morte, o princípio e o fim


Mara Cepeda

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