segunda-feira, 10 de março de 2014

Desertificação ameaça bombeiros


   
A falta de oportunidades de emprego no Nordeste Transmontano é o principal obstáculo à renovação dos corpos de bombeiros da região. Apesar de o recrutamento funcionar, a ausência de perspetivas de emprego levam os jovens a abandonar a região em busca de melhores condições.
O diagnóstico é traçado pelo comandante dos Bombeiros de Bragança, José Fernandes. “A maior dificuldade que temos não é com o recrutamento, pois todos os anos temos cerca de 15 a 20 novos elementos em formação. A questão é que nos chegam com 16, 17 anos e quando chegam aos 20 partem em busca de emprego para outras paragens”, sublinha.
Atualmente, os bombeiros de Bragança têm um curso de formação a funcionar desde o final de novembro. “Apesar de não termos tido uma campanha de angariação de elementos para a escola de estagiários, conseguimos uma quantidade suficiente para a abrirmos. Enquadrámos alguns cadetes para começarem a ter uma introdução. Temos uma escola com 15 estagiários”, explica Paulo Ferro, o formador responsável pelo curso.
O tempo mínimo para frequentar a escola de Bombeiros é de 1 ano, sendo um semestre para formação teorico-pratica e outro semestre de estágio em contexto de trabalho.
Na parte teórica, os bombeiros têm uma formação de seis módulos, seguindo-se um estágio prático de seis meses antes de se tornarem bombeiros de terceira categoria.
Curiosamente, no último verão, as notícias da morte de vários bombeiros em ação estimularam a inscrição de voluntários.
“Suscitou maior curiosidade. Pessoas viram um espírito, pessoas com valores, e muitos vieram juntar-se a nós”, explica Paulo Ferro.
Por outro lado, não se notam ainda os efeitos da crise e do aumento do desemprego. Pelo menos, de forma muito marcante. “Não se tem notado afluência de desempregados. Continuam a ser muitos estudantes. Não ficam todos, como é normal”, sublinha Paulo Ferro. A turma que funciona atualmente tem, no entanto, o caso de um jovem que frequentou a escola de bombeiros, emigrou mas, entretanto, regressou a Bragança e à corporação.
Paulo Ferro lamenta é a diminuição de interesse nos estudantes do ensino superior.
“Sentimos que o IPB nos trouxe muitos interessados. Se bem que nos últimos anos, essa tendência tenha abrandado um pouco. Para os estudantes que até passam muito tempo em Bragança, não seria mau de todo”, conclui Paulo Ferro, também ele estudante do IPB.
Presença delas já é quase ao nível da deles
Se no início era impensável ter mulheres na corporação, há pouco mais de 20 anos a tendência começou a inverter-se e, atualmente, a paridade anda quase ela por ela. “Será de 60-40”, admite José Fernandes, o comandante.
Um dos exemplos é Paula Parada. Todos os anos estabelece objetivos e o de 2014 foi entrar para os bombeiros. “A experiência está a ser bastante positiva. Pensava que não fosse tão complicado. Temos de saber muitas coisas. Para mim vir à formação é um pouco cansativo porque tenho trabalho mas faz-se bem. O objetivo é ser útil para a sociedade”, frisa.
O quartel também se foi adaptando aos novos tempos e já tem estruturas independentes para homens e mulheres.

Retirado de www.mdb.pt

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