quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Trás-os-Montes

Mesmo que anoiteça noites sem fim,
engano a tristeza em duas de mim
Não sei se é porquê, tristemente chove,
apenas serei
já fui princesa e rainha
de contos só meus
que a tia Lucinda julgaria seus.

A vida passou como água que corre
no rio Tuela que tanto me diz
em lembranças felizes
onde a inocência era um peixinho
sem sorte que se deixou apanhar
enfeitiçado por risos de crianças
em murmúrios de mar.

Esta ancestralidade que me corre nas veias
de lágrimas salgadas de belas sereias
deste imenso mar português
que tantos mundos ao mundo mostrou
insiste em mim, em montes nascida
de fragas floridas,
a água do meu rio aos seus pés
murmurando canções antigas
de mares e marés.

Trás-os-Montes é tudo isso
somos todos nós
marinheiros de fragas
cobertas de cravelinas
que salpicam de cor
essências divinas.

Mara Cepeda

1 comentário: