Que dia tão fresco
Tão azul e sereno
Avisto em meu peito
Calmo e ameno
Até parece história infantil
Em país de sonhos
Quimera primaveril
Que menina tão linda eu fui então
Cabelos macios dançando ao vento
Lábios vermelhos morangos silvestres
Pele branca rosada de alegria
Em correria louca
Busca outro dia
Minha alma está triste
De saudades tantas
De mim menina
De outras crianças
Que doces lembranças
Eu tenho de santa Bárbara
Que trovoada
Que dia de breu
Que fada tão negra
Anseia cabelo teu
Corre. O sonho acabou
O dia está triste, cinzento, enevoado
Chove de feição já tão tarde
Que quase parece não fazer alarde
E a nudez tão crua
Do sonho se esvai
Não. Vou apreciar o vento na face
Em noite serena que quase já nasce
Que sentimento é este de agora?
Que angústia.
Não. A vida não pára
Mesmo que eu sofra tormentos sem fim
Tenho uma mão que anseia por mim
São horas, minutos, sei lá
Todos aflitos em fada tão má
Que tudo enegrece
E o azul tão lindo
Que o dia me trouxe
Deitou-se sorrindo
Em outros braços.
Mara Cepeda
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