O cansaço que sentimos,
cada vez mais intensamente
este aniquilamento de nós
tão intensamente
se nos entranha na alma
nos tira a calma
nos diminui
é cada vez mais palpável
mais físico
sentimo-nos desassossegar
de insónias tais
que desatinamos em absurdos ais
desesperançados
com pena de nós
com medo do amanhã
que já não tarda
cada vez mais físico
cada vez mais real
o espírito
a alma
o coração
estão entorpecidos
abobados
perdidos em horizontes
que não se vislumbram
morremos financeiramente
todos os dias
lentamente
como o doente que espera
que a morte chegue
sem alarde
anestesiada na falta de vontade
de ânimo
de esperança
envolta em portuguesa saudade
Mara Cepeda
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