O céu cinzento e triste
Impera nesta hora de angústia
Da qual sou personagem dispersa
Sou nada. Apenas existo neste ermo
Em que estou só e acompanhada
Por ti, meu menino triste
Que às apalpadelas tenta encontrar o caminho
Que caminho será esse que não se vislumbra?
Está árido o sentimento de ti
E por ti anseio mais calor e ternura
Mas a sereia não existe já
Na quimera ancestral
Que por ser tão pura
É quase abismal
Que chova. Espero que chova
Bátegas grossas de molhar a sério
As pedras desertas do caminho que trilho
Contigo
A tua mão procura um porto de abrigo
Seguro e não há
Somos o ter sido nesta hora tão má
Que dia, que hora, que céu!
Neste meu abrigo tão negro
De breu.
Deixa que eu segure na tua mão ansiosa
Na tua tristeza tão densa
Na tua insónia permanente
Sem esperança
Deixa que eu seja apenas aquela que te ama
Deixa que eu seja
A oficial e a outra
A que te ama e a que apenas te quer
A irmã e a mulher
Deixa. Dorme no meu regaço
De deusa primeira
De mãe terra
Que anseia fertilidade
Não penses em nada
Apenas no passar do dia
Naturalmente
Tenta que a hora seja
Se fácil não é, bem sei
Tens uma vontade digna de rei
Por isso amigo
Caminha comigo este caminho
Em horas já tarde
Somos. Não importa aonde
O que importa é aquilo que se esconde
Em grutas secretas
Pequenas em número
Grutas, estas, que não vejo
Que não almejo
Almejando ainda.
Seja.
Guardemos os nossos segredos
É hora de ser, mesmo que custe
É hora de ver com o espírito
O que os olhos não vêem.
Sejamos apenas
Mara Cepeda
«É hora de ser, mesmo que custe
ResponderEliminar(...)
Sejamos apenas»
Tanta força junta que custa a respirar.
beisico
Custa a respirar por ser tão difícil ser.
ResponderEliminarObrigada Amadeu, não sei se mereço tanta atenção e cuidado de ti. Agradeço o facto de te teres tornado nosso amigo.
beisico
Mara