quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

POPULAÇÃO DE REBORDELO CONTESTA REDUÇÃO DE HORÁRIO DO BANCO


Único balcão bancário da localidade vai passar a estar aberto apenas três dias por semana.
A população de Rebordelo, no concelho de Vinhais, manifestou-se na passada sexta-feira, dia 19 de Janeiro, contra a redução do horário de funcionamento da Caixa de Crédito Agrícola (CCA), a única dependência bancária da localidade.
O presidente da junta da localidade, Marcos Pimentel, conta que dia 12 recebeu com desagrado a informação de que o banco, que actualmente está a funcionar durante todos os dias úteis, vai passar a estar aberto apenas três dias por semana. “Fui informado que iria ser reduzido o horário de funcionamento do balcão de Rebordelo da CCA Agrícola. Desde logo, manifestámos a nossa indignação. Sabemos e é visível que o balcão tem muito movimento, é bastante necessário em Rebordelo, presta imensos serviços, não só para a população de Rebordelo mas também de aldeias vizinhas”, afirmou. Marcos Pimentel teme que o movimento diminua na localidade com este novo horário. “As pessoas que vêm à Caixa, também utilizam as bombas de gasolina, o comércio, cafés e restaurantes, vêm aos correios. Retirando dois dias, são dois dias em que as pessoas já não vêm a Rebordelo e por isso a nossa indignação com a medida”, destacou.
O autarca diz que o impacto “é enormíssimo, Rebordelo é a maior aldeia do concelho de Vinhais e com maior peso económico, há cerca de 100 empregos directos nas empresas e instituições da localidade”.
O presidente do município de Vinhais, Luís Fernandes, também se associou a este protesto pacífico em frente à agência do banco, porque considera que o encerramento por dois dias é uma decisão injusta que vai prejudicar bastante a freguesia e as aldeias limítrofes que também usam o banco em Rebordelo. “O melhor, o mais justo e o mais necessário para o concelho e para a freguesia seria continuar aberto os cinco dias da semana. Em nosso entender nada justifica uma decisão destas”, referiu.
De um concelho vizinho, juntou-se ao protesto o presidente da junta de São Pedro Velho. Carlos Pires afirmou que apesar de ser de uma freguesia do concelho de Mirandela, esta situa-se a “a cerca de 7 quilómetro de Rebordelo e há habitantes da freguesia que têm conta aberta neste balcão e também sofrem com isso”.

Habitantes não aceitam medida
Os presidentes da Junta de Rebordelo e da câmara de Vinhais, acompanhados de uma comitiva de empresários e representantes do lar e da cooperativa agrícola da localidade reuniram já com a administração da CCA do Alto Douro, cuja administração se encontra em Bragança, e receberam a garantia de que o balcão não iria encerrar. Ainda assim a população não está satisfeita com a redução do horário e por isso manifestou-se em frente à dependência bancária de Rebordelo.
Carlos Miranda, que mora em Rebordelo acha que a medida vai prejudicar os habitantes da freguesia. “Uma pessoa tem aqui as coisas à mão e depois tem de se deslocar a 20 ou 25 quilómetros, quem não tem transporte, tem de pagar táxis. Perde a freguesia, as freguesias vizinhas, todos perdem”, protesta.
Maria Martins também está contra o encerramento por dois dias da CCA. “O serviço é muito importante e muito bom, faz muita falta, sem a caixa não podemos fazer nada, se precisarmos de dinheiro de repente ou de tratar de algum assunto temos de ir até Vinhais”, diz.
A população contesta a decisão até porque dizem que a dependência bancária tem muito movimento. “Este balcão é usado a 100%, o bancário está aqui desde as 9 horas e só sai à 7 da tarde, é sinal de que tem muito trabalho, tem sempre muito movimento”, argumenta outro habitante de Rebordelo, João Pimentel.
Francisco Manuel Baía tem um café mesmo ao lado da dependência bancária e acha que o novo horário “vai trazer muitas coisas de mal para o negócio”. “Não nos sentimos à vontade, porque a caixa é útil aberta 8 horas por dia e os cinco dias por semana, a trabalhar só a meio tempo é evidente que não nos sentimos tão confortáveis”, diz temendo também que o movimento no café diminua.
Questionada acerca desta decisão, a administração da CCA do Alto Douro justificou que “o contexto económico e demográfico da região tem vindo a alterar-se substancialmente desde a abertura da agência” há mais de 20 anos, apontando esse como o motivo que “dita a necessidade de reorganizar a estrutura interna da CCAM, nomeadamente a Agência de Rebordelo”. Em comunicado, acrescenta-se que “não pode deixar de notar-se a crescente diminuição de população, com impacto no decréscimo da actividade agrícola e, concomitantemente, dos demais sectores de actividade”. No comunicado enviado ao Jornal Nordeste a administração refere ainda que “estes fenómenos são alheios à CCAM”, que, refere-se, “sempre envidou os melhores esforços para, através da sua acção, dinamizar a economia regional e defender os interesses da população”.
Confirmando que a CCA de Rebordelo passará a funcionar às segundas, terças e quintas-feiras, no horário habitual, a partir do início de Fevereiro, a administração assegura que “ninguém em Rebordelo deixará de ter acesso aos serviços da CCAM ou verá afectada a sua qualidade e abrangência”, garantindo que a medida “não contempla o encerramento do balcão”.
Questionada sobre a possibilidade de redução de horário ou encerramento em outros balcões no distrito de Bragança, a administração não prestou qualquer esclarecimento.

Escrito por: Jornalista Olga Telo Cordeiro

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