terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Insónias

Por vezes, penso demasiado, sem esperança de encontrar respostas.
Invado desaforadamente o meu íntimo como se de um deserto se tratasse.
Esqueço-me, porém, que todos os desertos escondem perigos inimagináveis e mortíferos.
Sendo imprevisíveis, tornam-se incontroláveis.
O controlo que pensamos possuir, esvai-se ao menor percalço. Perdemos a cabeça, deliramos por pensamentos tão reais como a areia da ampulheta que nos esquecemos de virar e perdemos a noção da hora que passa. Mas a hora passa, precisamente, numa hora.
E lá voltamos ao passar do tempo... parece que estou preocupada, mas não. O facto de o tempo passar é a ordem natural das coisas. O que me inquieta é o não saber o que traz com ele na sua gigantesca e descomunal bagagem.
O quê nos reserva o futuro? Quanto tempo durará a minha independência intelectual e física? Como serão os dias, meses e anos que ainda tenho para viver, se é que tenho?
Em que penso quando o sono não vem ou o desassossego me acorda, vezes sem conta, durante a curta noite de que disponho todos os dias?
Como me tranquilizarei se as respostas estão atoladas nas minhas incertezas?
Enfim... atrás de um dia, outro surgirá, natural e espontâneo como as respostas que procuro nas insónias que me atormentam os sonhos.

Maria Cepeda 


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