terça-feira, 22 de novembro de 2011

Noite

Um grito na noite ainda dia
porquê estou acordada
nesta hora tão tardia
faz-me tremer de indignação.
O silêncio abruptamente maculado,
tão abruptamente que o meu corpo tenso
reflete a tensão na aceleração desenfreada do pulso.
Um grito de mulher,
um doloroso grito de mulher gela-me.
Na cama vive agora um rio siberiano
onde me afogo lentamente
enregelando a alma que sempre quis pura.
Não sei quem gritou ou porquê razão o fez.
Não consigo imaginar
porquê, transida de frio e medo,
é-me impossível divagar.
Agarro-te na mão macia e quente,
Encosto-me a ti como uma lapa presa às pedras no mar.
Sufoco... de quem é o grito que dilacerou a noite ainda dia?
Quantas mulheres sufocam com os seus gritos mudos?
As horas passam transidas de medos irracionais, inexplicáveis.
As mulheres choram dores primevas
o pecado de amar sem óbice
aqueles que as enredam com inultrapassáveis ameias.

Não há primaveras árabes

Mara Cepeda

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