sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Entrevista com Doutor António Rodrigues Mourinho

Chamamos à entrevista “à procura das tradições”.

Nasceu em Sendim, Trás-os-Montes. De que forma o facto de ter nascido nesta região o marcou?

O facto de ter nascido na região de Miranda, posso dizer-lhe que me marcou praticamente toda a minha vida. Apesar de eu ter saído aos doze anos, fui estudar para o seminário das missões de Tomar, os missionários da Boa Nova. Estive um ano fora, mais precisamente, um ano e três meses. No natal de 1956 vim para o seminário de Vinhais já no segundo ano. A minha vida cultural passou-se praticamente toda na região do nordeste e senti e vivi tudo o que há de bom; tudo o que há de falta; tudo o que há de grande na alma da nossa gente, neste povo que não passa fome e não passa fome porque trabalha e era isto que nós gostaríamos de ver as novas gerações fazer, que continuassem a trabalhar e que não se fintassem naquilo que vem do alto, seja dos governos, seja das juntas, seja das câmaras, seja dos Governos civis e até nem dos próprios pais. Os pais estão para os ajudar, mas eles têm que fazer esforço se quiserem um dia enfrentar a vida. Desculpe eu desviei-me um pouco mas, é isto que eu penso.

Guarda boas lembranças da sua juventude?

Lembro-me de muitas coisas da minha infância. Fui criado em Duas Igrejas, com o meu tio, o padre Mourinho que Deus haja até aos sete anos, depois fui para Sendim onde fiz a instrução primária junto dos meus pais mas, de vez em quando, vinha para Duas Igrejas e habituei-me a ver por lá muitas coisas que ele, o padre Mourinho, ia vendo e recolhendo, ia executando, ia escrevendo e isso foi para mim um incentivo mas não tenho consciência de lhe ter copiado nada.

Nasceu nessa altura o seu amor pela história?

O meu amor pela história já nasceu comigo. Sempre gostei de história. No meu quarto ano do seminário a primeira nota que tive a história foi um oito mas, depois isto começa-se com um nada e termina-se como Deus quer e como as pessoas querem.

De que forma viveu e vive o facto de ser um filho da língua mirandesa?

A língua mirandesa não é uma desilusão mas, um destino que quase todas as línguas minoritárias levam. Eu falo a língua mirandesa, falo sendinês. Quero dizer-lhe que na minha infância nem os meus irmãos falavamos mirandês e não falamos mirandês, eu disse-o bem claro aqui há dias numa reportagem do jornal de noticias. Disse que naquela altura os meus pais e muitos outros pais não gostavam que se falasse sendinês, não gostavam que se falasse mirandês e havia professores que também não gostavam que os alunos falassem mirandês e ainda não há muito tempo na escola de Miranda do Douro os professores se queixavam que os alunos confundiam o português com o mirandês e hás duas por três misturavam o português com o mirandês e hoje muita dessa gente que escreve mirandês está a fazer um português/mirandês ou um mirandês/português e às vezes não faz nada. Nós que estudámos, que saímos da nossa terra, que estudámos nas universidades temos, às vezes, certa dificuldade em falar mirandês e se o quisermos falar temos que o falar muito devagar para não meter neologismos para não meter portuguesismos, porque a língua foge-nos para aí. Ainda não vi um universitário que tivesse saído da sua terra e que estudasse na universidade, ou que estudasse nos próprios liceus longe  daqui e mesmo aqui depois de ter estudado o português, não os vejo a falar correctamente o mirandês e por isso mesmo é que o mirandês está em perigo de ser absorvido pelo português.

Acha que se corre o risco de misturar as duas coisas e perder-se o mirandês de origem?

Tanto se corre o risco que nós vemos coisas que se escrevem para aí num mirandês aportuguesado que não tem jeito nenhum. Há uma catedrática da universidade de Lisboa que há trinta anos fez uma tese sobre o mirandês, percorreu as aldeias muito discretamente, até em segredo, passados trinta anos volta à terra de Miranda e diz que o mirandês está completamente deturpado. O mirandês, como eu o ouvi falar há cinquenta anos e o sendinês como eu o ouvi falar da parte dos meus pais, do meu próprio padrinho, que Deus haja, que falava com a minha avó um sendinês correcto. Há muita gente que não quer distinguir mas, nós temos de distinguir. O sendinês tem uma fonética própria, tem uma morfologia própria. O sendinês tem muitos termos castelhanos e tem termos que não sabemos de onde vêm mas, temos que os procurar no hebraico ou até no próprio árabe. Nos finais do século XV e durante todo o século XVI Sendim foi uma colónia judaica das maiores, ali escondida e de Espanha para Portugal vieram os judeus e com os judeus veio a própria língua e ali tudo se misturou. Eu estou agora a juntar todas as palavras castelhanas que há no sendinês, desde nomes próprios, nomes de frutos, nomes de ruas, nomes de elementos arquitectónicos, elementos da natureza. O sendinês, acho que é uma coisa à parte, embora seja mirandês é preciso respeitá-lo religiosamente. Leite de Vasconcelos faz essa distinção e ninguém como ele a podia fazer, porque há cem anos em Sendim falava-se o sendinês nítido, falava-se o mirandês puro. Porque é que hoje não se vai procurar essa pureza de linguagem? Eu não concebo uma língua que não seja uma língua pura, o próprio português, há dias ouve um congresso sobre a língua portuguesa em que participou o Presidente da República e disse que o português estava cada vez  mais decadente, porquê? Porque não se lê, porque não se escreve, porque não há gramática nos liceus. A língua vai-se degradando. O próprio Eça de Queiroz fala da língua portuguesa como uma língua remendada, ele próprio vai meter termos ingleses e franceses. Eu admiro o Camões, admiro e admirarei sempre os clássicos em tudo, eu admiro os clássicos na história, eu admiro os clássicos na pintura, na escultura, na arquitectura e na literatura, principalmente, Camões.

Quem lê o seu currículo nota uma grande persistência na componente  lectiva. O que pensa na educação em Portugal?

A educação em Portugal é um problema muito complexo. A primeira coisa que tenho que dizer e é que hoje o povo português está mal educado. Mal educado na linguagem, mal educado no comportamento. Na linguagem, fala-se mal e mesmo quanto ao trato com as pessoas fala-se de uma maneira carroceira, não há respeito, usa-se o calão para tudo. As crianças deviam aprender a ser educadas, polidas na linguagem e na acção. Vejo palavrões do pior em toda a parte. Eu acho que não fica mal as pessoas falarem bem. Os animais têm as vozes que Deus lhe deu e o homem tem a linguagem que Deus lhe deu também, a cultura passa a ser civilização quando a cultura é purificada e é purificada pela educação e a educação não é mais nada do que um domínio de si mesmo nas palavras e nas obras, um meio termo. Não quer dizer que não se contem anedotas mas, esses calões que há por ai e que se usam em toda a parte... Em programas televisivos há locutores que não sabem falar, passam por cima das palavras como o gato por cima de brasas, lêem de qualquer maneira. Um meio de comunicação social, seja a rádio seja a imprensa onde não se escreve bem, onde não se fala bem, isso vai influenciar os mais novos que são aqueles que estão a ser formados. Que formação concreta e firme é que essa gente pode ter? Por outro lado, também, começa na família. Todos aqueles que presumem saber muito não sabem nada, a começar por mim, que estudei 24 anos oficialmente, eu não sei nada... Podia desaprender com essa gente mas, continuo firmado nas bases que recebi na minha família, na minha escola, no seminário, que recebi, inclusivamente, nas universidades por onde passei. Não damos valor à nossa língua.
Que música temos hoje? Música americana, que é a que dançam os americanos, que cantam os americanos mas que tem a sua raiz nos índios e nos africanos. Na América juntaram-se todas as raças possíveis e imaginárias. estavam lá os índios puros foram depois os negros da África depois europeus e de todas estas misturas não deixou de vingar a cultura africana, a cultura índia e a cultura europeia deixou-se comer por essas culturas. Hoje, em Portugal, com as telenovelas que nos entram em casa todos os dias, estamos a ser atacados por uma praga de telenovela. Muitas expressões que há hoje por ai são expressões brasileiras como se nós em Portugal não tivéssemos expressões nossas que dizem a mesma coisa. Expressões que podíamos colher dos clássicos, do Gil Vicente, por exemplo. O Brasil, que foi colónia portuguesa, está hoje a comer Portugal, este Portugal pequeno.
            Da parte da educação seria necessário que as famílias voltassem. Cada um tem que tomar consciência da responsabilidade que tem perante a família e perante a sociedade. Cada indivíduo tem a obrigação de se formar a si mesmo, de se cultivar, de se educar e depois contribuir para a educação dos outros. Em Portugal há a obrigação de cada um se educar a si mesmo. De certeza que acabaríamos com muitas dessas coisas que há por aí e depois que soubessem ver as coisas com sentido humano. Hoje este mundo é batido por muita coisa é um emaranhado que nunca mais acaba e são as pessoas que têm que se defender de toda essa teia que está para ai armada.

Desde muito novo, interessou-se pelas tradições e pelos saberes da sua terra. Pesou neste facto o trabalho desenvolvido ao longo da vida pelo seu tio, o padre Mourinho?  

Já lhe disse que fui bastante influenciado por ele nesse sentido mas, chamou-me a atenção muita coisa do nosso povo. O sentimento de respeito que eu tenho pela nossa gente, não só pela gente mirandesa, por toda a gente transmontana. Eu percorri todo o Trás-os-Montes e conheço praticamente toda a província de Trás-os-Montes. A minha tese de doutoramento é feita sobre a arquitectura religiosa da antiga diocese de Miranda e, é claro, o bispo que aqui estava levou-me a mal porque pus diocese de Miranda/Bragança. Não podia por de outra maneira porque eu não podia ir contra a história. A influência do meu tio pesou bastante nisso mas, depois foi uma questão de gosto pessoal porquê não havia nada feito nessa ocasião. Eu estou a par de tudo aquilo que diz respeito à história e etnografia, não só da terra de Miranda mas, também, do resto do nordeste transmontano. Não só por aquilo que vi no Abade de Baçal e no meu tio, o que eu tenho estado a procurar são coisas novas, documentos inéditos e cada vez vejo que ainda há muito por fazer e vejo, também que, para compreender o próprio atraso da nossa gente, temos de ir mais longe.

A terra transmontana, principalmente, o distrito de Bragança, é aquele que tem mais estudos feitos. Veja-se o trabalho do Abade Baçal, padre Mourinho, do padre Firmino…

Uma coisa foi aquilo que eles recolheram, outra coisa foi aquilo que eles desenvolveram quanto à história. Eu queria dizer-lhe o seguinte: Trás-os-Montes foi abandonado desde a época industrial, desde o liberalismo para cá. Antes, Trás-os-Montes não era uma província assim tão abandonada e aqui chegavam as coisas, fruto do sacrifício de muita gente, almocreves etc. que daqui iam buscar as coisas ao Porto, a Lisboa, a Zamora, a Valladolid, a Salamanca etc. Nós tínhamos lãs de Saragoça, tínhamos sedas que vinham de Espanha, tínhamos pratas, ferro, couro. Com o liberalismo, não sei porquê nem porque não, o que é certo é que se fecharam as portas. Encontro uma acta nos livros da Câmara de Miranda de 1757 que é um assombro de acta. Não vamos pensar que aquela gente não tinha consciência do que lhes fazia falta, eles tinham consciência plena de que faziam falta meios de transporte, faziam falta vias de comunicação para esgotar os produtos que aqui temos e que sobram e principalmente os produtos agrícolas. Depois claro, isto foi-se abandonando e as pessoas começaram a sair… o transmontano é trabalhador, é bom, é manso. Eu costumo dizer que o transmontano é como o cordeiro muito manso mas, quando marra é para matar, pode matar mesmo. Mata ou então deixa correr e enquanto não lhe derem uma coisa melhor não deixa o que tem e o mirandês é igual. O mirandês é pragmatista, desconfiado, trabalhador e procura ganhar o pão para não passar fome.

O Museu da Terra de Miranda é uma mais valia para a região. Fale-nos do trabalho desenvolvido e das perspectivas para o futuro.

O Museu das Terras de Miranda foi fundado em 1982 e foi fundado num edifício do mais alto e do mais baixo que havia na terra de Miranda. Foi o mais alto porque ali estavam os serviços administrativos, estavam as posturas, estava tudo o que era de disciplinar na altura, era onde se recebiam as ordens do rei e dos governos mas, também havia o mais baixo que era a cadeia. Na cadeia morreram muitas pessoas com o frio, com a fome, com doenças. A parte da cadeia pertence também ao museu da terra de Miranda. Havia duas salas, uma para os homens e outras para as mulheres. Havia duas enxovias onde ficavam os presos castigados. Lá estão as duas salas que hoje estão reconstruídas mas, não deixo de dizer que a reconstrução que fizeram daquela cadeia é um a reconstrução mal feita e de certeza que nunca se reconstruiu para ser museu. Além disso, o edifício é muito pequeno e o museu tem feito todo o possível, tem-se arranjado peças novas e tem que se contar com as aldeias para se arranjar mais ainda mas, o espaço é reduzido. Na cadeia, numa das salas, chegaram a estar vinte e dois presos a dormir, a sala que está ao subir das escadas do lado esquerdo que era a sala dos homens estiveram lá vinte e dois homens a dormir, não havia casas de banho, tinha simplesmente uma latrina  que servia para urinar porque de resto estava um balde de três ou quatro cântaros que era despejado todas as manhãs por uma senhora ou duas que lá iam fazer essas limpezas tanto para os homens como para as senhoras e em 1750 havia uma latrina que chegava ao meio da praça, essa latrina foi mandada alargar porque os vapores cheiravam mal e eram incomodativos para a população.

Que perspectivas de futuro tem o Museu das Terra de Miranda?

Nós estamos à espera que remodelem o museu. Estão a fazer o projecto de remodelação. O Estado comprou a casa que está contígua e estamos à espera que o museu seja acrescentado, que façam novas obras.

A falta de acessibilidades e a desertificação desta região são motivos de preocupação para todos nós. O que em sua opinião poderá ser feito para que se ponha fim a estas situações?

Antes de mais, temos de ter vias em condições. Vinha agora pela estrada fora, esta IP4, quando é que se acaba o IP4? Tem ali um quilometro por fazer, já há dez anos que estamos nisto. Quando se acaba o IP4? Quando é que se restauram essas estradas que há por aí fora entre concelhos e concelhos e até entre povoações e povoações. Estou a pensar na estrada que vai de Macedo de Cavaleiros a Mogadouro. Em 1996 publiquei um trabalho na Brigantia e lá está, que façam favor os senhores governantes de o ir ver, porque naquela altura chamava a atenção porque a ponte estava degradada. Já lá vão oito anos e só agora é que suas excelências foram dar de conta de que por cima da ponte não podiam passar grandes camiões de mercadorias. Eu não sou político mas, sou transmontano e, passei por aquela ponte muitas vezes. É uma ponte que tem muito valor, aquela ponte é do século dezassete e tem muito valor.
De Mogadouro para Bragança há uma estrada que vem ter a Vimioso, como é que ela está? Aquela estrada tem pouco mais de vinte anos. Duas estradas que são fundamentais. Mogadouro é o meu segundo concelho. Eu estive catorze anos de pároco em São Martinho do Peso. A minha esposa é do concelho de Mogadouro, tenho muita estima por aquela gente.

E das vias férreas teve pena?

Tive. Para que hei-de dizer que não?  Tive sim senhor. As vias férreas eram um bom meio de transporte, rápido e podiam-no ter transformado num transporte mais rápido, cómodo e menos sujeito a acidentes do que são as estradas hoje. Não tinham perdido nada com o manter as vias férreas. As vias férreas que fossem um pouco mais rápidas. O metro é um transporte rapidíssimo eu demoro dez minutos da praça do Rossio até à Gare do oriente. Aqui podiam também te posto um metro. Chegava à estação de Rebordãos em dois minutos, os passageiros estavam prontos entravam e pronto não estavam com meias histórias. Agora põem o comboio como transporte de turismo, eu não compreendo, o progresso tem que se fazer mas... Alguém vai atirar com as pedras antigas para fazer as casas. Há edifícios reconstruídos que foram construídos há duzentos, trezentos, quatrocentos anos que foram recuperados à maneira moderna. Porque é que os transportes não podiam ser também?

O que é que pensa da ideia das duas comunidades urbanas Trás-os-Montes e Alto Douro?

Eu não sei se poderemos falar em duas comunidades distintas. Este nordeste entre o Tua e o Douro, a gente é um pouco distinta, as raízes também são diferentes. De qualquer maneira dividi-lo em duas comunidades não concordo muito.

Que malefícios é que podem advir desta separação?

Benefícios? Não vejo grandes benefícios para o nosso nordeste porque fica tudo em Vila Real e Bragança tem de acordar nesse sentido. Eu sei que aqui em Bragança se têm feito grandes coisas mas, todos os serviços principais desapareceram de Bragança. Vila Real progrediu desde que tem lá a universidade. Eu ia a Vila Real há vinte ou trinta anos e não se encontrava um sitio onde comer a não ser a Toca do lobo que era o que se conhecia na altura, ao passo que em Bragança houve sempre restaurantes. Havia restaurantes muito bons.

É a favor da universidade de Bragança?

Sou a favor da universidade. Porque é que Bragança não há-de ter universidade? Se já tem um politécnico com não sei quantos mil alunos. Que ponham aqui duas ou três faculdades, ou pelo menos cursos universitários.

A actual situação política do país causa-lhe alguma preocupação?

Causa-me preocupação e principalmente a situação económica que pode levar isto, não sei... para um descalabro. Os Governos têm sido avisados, desde há não sei quantos anos. O país não tem riqueza para aguentar tudo aquilo que se tem gasto, tudo aquilo que se tem esbanjado. Qualquer partido político que hoje venha a constituir Governo tem que ter muito cuidado porque senão isto vai para o descalabro e oxalá que não nos aconteça o que aconteceu noutros países que foi, por exemplo, o caso da Argentina. Não acontecerá porque estamos ligados à União Europeia. Nós temos uma democracia mas de democracia só tem o nome porque de resto quem manda é Lisboa e em Lisboa há muita gente ignorante e em Trás-os-Montes há muita gente sábia, muita gente culta e que sabe onde tem a cabeça. É gente educada, respeitadora e trabalhadora que sabe como pensa e sabe como faz. É uma pena fazer-se uma adjudicação de uma obra qualquer e ter de vir uma das grandes empresas de Lisboa a fazer a obra quando nós temos aqui gente capaz de a fazer e por menos preço. Nós, os transmontanos, ainda temos aquela coisa de sermos carolas. Hoje, em Portugal, há uma corrente que quase proíbe as pessoas de serem zelosas e carolas. Fazem-se orçamentos para tudo e mais alguma coisa, tem que se gastar dinheiro do Estado, doa a quem doer. Não se podem fazer coisas de graça e eles habituaram o povo a isto. Os povos que querem o progresso também deviam construir o seu progresso não estar só à espera que faça a Câmara e que faça a Junta e que faça o Governo.

Para terminar que personalidade ou personalidades mais o marcaram ao longo da sua vida?

A nível particular, no meu tempo, bastante me marcou o meu tio. Marcaram-me, depois, professores que tive no seminário em Tomar. Marcou-me, aqui, o padre Fernando Adolfo Pires, que Deus haja, que foi meu prefeito no segundo ano do seminário. Marcou-me o padre Telmo Batista Afonso, que já o disse várias vezes. Na escola primária marcou-me o professor Afonso Castro, que ainda hoje é um grande amigo e no seminário o padre Telmo que foi um bom professor, um bom didacta. Na teologia nem sei quem é que me marcou, não gostei da parte da teologia, marcou-me o doutor Folgado pela bondade, ele é de Picote.
Na vida política, Cavaco Silva, Sá Carneiro, António Guterres que era um bom homem. No entanto, estes homens não têm quem os ajude porque há muitas cordas a puxar para trás. Hoje, na via da política não há ninguém. Acho que o Paulo Portas teria sido o Ministro mais firme dos últimos anos.

1 comentário:

  1. Numa pesquisa feita no google com o nome de António Rodrigues Mourinho, a propósito de um estudo realizado pelo mesmo e, posteriormente publicado numa edição espanhola (1995), no qual estaria muito interessado em consultar por questões de ordem académica, venho saber como poderei entrar em contacto com o Senhor A. Rodrigues Mourinho.
    Agradecia uma resposta a esta minha questão.
    Cordialmente,
    Nuno Grancho

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