quarta-feira, 17 de agosto de 2011

La Bouba de la Tenerie

Amadeu,
Acabei de ler "La Bouba de la Tenerie". Li em mirandês como me sugeriste. Consegui entender a "lhéngua", embora muitas palavras as tenha tirado pelo sentido.
A Santa Inquisição foi um dos buracos negros da história do ser humano. Em nome de Deus fizeram coisas terríveis, injustiças sem fim...
A soltura com que as palavras nascem fez-me perceber que a tua alma se recorda, talvez por respirares os ares das Terras de Miranda. São coisas que ficam e se entranham. É como se as cinzas dos sentenciados, o sangue dos torturados, os ais da dor sem fim se espalhassem pelo mundo para depois se juntarem nas terras onde esses homens, mulheres e crianças nasceram.
Só assim consigo explicar as lágrimas que fizeste nascer nos meus olhos. A dor que senti pelos actos dos homens.
Sou professora. Sei a força que as palavras têm. Sou mulher, conheço o poder das palavras. Nada é mais forte que elas, nesta torre de Babel que nos cabe viver.

Parabéns e obrigada por este livro que me fizeste ler em mirandês, língua de que nada sei. Só tu serias capaz desta proeza.

Mara

2 comentários:

  1. Buonas nuites Mara,

    Bien haias por tan guapas palabras. Era perciso coraige para te botares a tanto mirandés. Nien manginas l gusto que dá las amboras que eiqui mos trais. Agora sou you que quedo sien palabras, a nun ser deixar-te un grande beisico de agradecimiento.
    Tengo benido menos porqui puis l çcanso de las férias nun me ten deixado.

    beisicos
    Amadeu

    ResponderEliminar
  2. Buonas nuites Amadeu,

    Relativamente a "La Bouba de la Tenerie", foi, realmente um prazer lê-lo. Pensei sentir muitas mais dificuldades. Foi um desafio muito gratificante que penso ter superado com "louvor".
    Este livro transportou-me para a época que relatas e senti-me aquela gente sofrida, capaz de actos abnegados em prol dos outros e, ao mesmo tempo, de invejas tão mesquinhas e vis que não se importam de contribuir para a perdição dos seus "armanos".
    O período negro da Inquisição sempre me incomodou. O pior do ser "houmano" mostrou-se em todo o seu esplendor.
    Para além do elo de ligação - Inquisição - bebi cada uma das histórias das personagens que ainda visualizo; revi-me na força do amor; e leio-me em muitas das reflexões do professor.
    Só tenho pena de não saber mirandês, mas a solução deste problema está nas minhas mãos.
    Não me agradeças, aprendi muito contigo. E pretendo aprender mais.
    Relativamente ao eventual "l çcanso de las férias", pode haver quem o tenha. O Amadeu Ferreira não o tem. De cada vez que abro um jornal ou ouço uma rádio local, lá vem o investigador e escritor Amadeu Ferreira que ou vai lançar outro livro, ou está a traduzir um grande autor, ou está a apoiar amigos nas suas actividades culturais...
    Não sei como consegues!
    Vou ficar por aqui, que isto, mais do que um comentário, parece um tratado.

    Beisico
    Mara

    ResponderEliminar