O mês de agosto é, para mim, um mês muito especial. Foi nesse mês que nasceu o meu irmão Tojé, faleceu o meu pai e me casei.
O meu irmão, apesar de nove anos mais velho do que eu, era o meu exemplo, o meu ídolo. O seu jeito descontraído de ser, sem nunca perder o sentido da responsabilidade, da família, mesmo quando foi mandado para Angola como combatente na guerra do Ultramar, fascinava-me.
A morte do meu pai foi a minha primeira grande perda. Já lá vão vinte e quatro anos e ainda se me oprime o coração quando penso nele, no seu humor único, na sua forma carinhosa de nos tratar, na sua força tranquila...
Foi neste mês, ainda, que me casei com a mulher que me acompanha em todas as lides da vida, há quase vinte e três anos, sem nunca desistir de nós, lutando contra todas as intempéries que nos calhou superar.
Agosto, para além do acima descrito, traz-me, também, um sorriso divertido.
Teria eu três ou quatro anos, a tia Vitória, irmã da minha mãe, acabava de me dar banho. Enquanto foi buscar a toalha para me secar, ouvi, a subir a minha rua - Almirante Reis - a Banda Filarmónica dos Bombeiros a tocar muito afinada. Era a festa do São Bartolomeu e os músicos abriam o cortejo de gente que se dirigia à capela do Santo, no monte.
Teria eu três ou quatro anos, a tia Vitória, irmã da minha mãe, acabava de me dar banho. Enquanto foi buscar a toalha para me secar, ouvi, a subir a minha rua - Almirante Reis - a Banda Filarmónica dos Bombeiros a tocar muito afinada. Era a festa do São Bartolomeu e os músicos abriam o cortejo de gente que se dirigia à capela do Santo, no monte.
Não tive outra atitude senão descer as escadas, completamente nu e descalço e seguir atrás da banda. E lá fui eu, feliz e contente, sem me importar pela triste figurinha que faria no meio da multidão.
Convém dizer que as bandas fascinam-me desde tenra idade. Sem ajuda de ninguém cheguei à capela e continuei a ouvir a música enquanto a banda tocou.
Silêncio... e agora? Sem música que me guiasse senti-me perdido e, a verdade, é que o estava verdadeiramente. Com a pouca idade que tinha não era capaz de voltar para casa.
Silêncio... e agora? Sem música que me guiasse senti-me perdido e, a verdade, é que o estava verdadeiramente. Com a pouca idade que tinha não era capaz de voltar para casa.
Nesse meio tempo já os meus pais, tia e irmãos haviam corrido a cidade de lés a lés à minha procura. Como é óbvio, ninguém fazia ideia de onde eu estaria.
Dizem que "ao menino e ao borracho, põe Deus a mão por baixo" e assim foi. Uma cliente dos meus pais que tinham uma barraca de peixe, no antigo Mercado Municipal, reconheceu-me e, não vendo ninguém a quem eu pudesse estar entregue, pega em mim ao colo e leva-me.
A minha mãe, enquanto os outros corriam todos os cantos de Bragança a saber de mim, mantinha-se à janela, olhar angustiado, à espera de um milagre que, às vezes, acontecem. Ao longe avistou a senhora comigo ao colo. Deu um grito e correu para a rua a fim de me tomar nos braços e agradecer à boa mulher que, tinha feito o favor de me trazer para casa, são e salvo.
Isso foi o que me contaram todos, mãe, pai, tia e irmãos, ao longo da minha infância, em todos os "agostos" de São Bartolomeu.
Não tenho nenhuma memória consciente do facto mas, quando chega o mês de agosto, recordo-me deste episódio e sorrio.
Isso foi o que me contaram todos, mãe, pai, tia e irmãos, ao longo da minha infância, em todos os "agostos" de São Bartolomeu.
Não tenho nenhuma memória consciente do facto mas, quando chega o mês de agosto, recordo-me deste episódio e sorrio.
Realmente, a música das bandas filarmónicas mexe comigo.
Marcolino Cepeda
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