Ainda não há uma solução para os achados de Cilhades, um antigo povoado em Felgar, no concelho de Torre de Moncorvo, que será submerso pela barragem do Baixo Sabor.O local tem sido alvo de investigação por parte dos arqueólogos responsáveis por acompanhar os trabalhos de construção da barragem.Mas, depois da descoberta de um cemitério medieval, ainda não há futuro para os achados. Os achados crescem a olhos vistos mas ainda não há destino para eles.Ontem, numa visita ao local, com a companhia dos responsáveis da EDP pelo empreendimento (e onde o IGESPAR não participou, apesar de ter sido convidado), foi possível observar já algumas medidas de contenção dos curiosos, como grades a delimitar a escavação num antigo cemitério medieval ou placas a avisar os curiosos que estão perante uma escavação arqueológica, algo também possível de observar mais acima, no castro pré-românico ali existente. Medidas que não existiam há duas semanas, aquando da primeira visita ao local.De acordo com Filipe Santos, arqueólogo responsável por aquele sítio, tem havido cada vez mais pessoas a visitar o local das escavações, em busca de tesouros escondidos, o que tem causado constrangimentos. “As pessoas pensam sempre que há nestas escavações objectos de grande valor. Isso não é verdade. Tem valor patrimonial mas não tem valor monetário”, frisa.Na última semana já foi possível encontrar o primeiro túmulo com ossadas masculinas, algo que ainda não tinha sido sinalizado.Também já apareceram armas, utensílios agrícolas ou moedas, para além de vestígios do dia-a-dia como vestuário do período romano ou mesmo lajes com gravuras rupestres e dois altares romanos, para além de um fosso defensivo no castro, mais acima.Tudo vestígios que conferem importância ao local.“Podemos dizer que são raros. Não se encontram diariamente. Já se sabia à partida que Cilhades era um lugar especial”, explicou ainda.Mas esta visita ao local foi organizada com o intuito de demonstrar que não houve nenhuma tentativa de esconder informação sobre aquelas descobertas.Pelo menos, é o que garante Lopes dos Santos, o responsável pelo projecto do Baixo Sabor.Por isso, a EDP até quer fazer visitas guiadas ao local.“Neste momento estamos a lançar um programa de arqueologia na escola. Vamos fazer mais divulgação e não temos interesse de esconder nada.”Certo é que na primeira visita ao local, houve relatos sobre alguma informação que não chegaria ao IGESPAR. Algo desmentido agora pelo próprio instituto de conservação do património. Ana Catarina Sousa, subdirectora do IGESPAR, diz que as escavações têm sido acompanhadas ao pormenor.“Não. O IGESPAR tem uma extensão em Macedo de Cavaleiros e o arqueólogo vai, se não diariamente, pelo menos semanalmente fazer inspecção à obra”, garante.No entanto, diz que ainda é cedo para uma solução para aqueles achados.“Temos de avaliar o conjunto. Como as escavações não se concluírem, não o podemos fazer.”A verdade é que a população de Felgar espera que os achados continuem na sua terra, através da criação de um espaço próprio para os acolher.O Museu Abade de Baçal, em Bragança, já terá mostrado interesse em acolher o espólio, mas Aires Ferreira, o presidente da câmara de Torre de Moncorvo e natural de Felgar, defendeu à Brigantia, em declarações não gravadas, que a antiga escola primária poderá ser recuperada para acolher todos os achados.
Essa solução será apresentada à Direcção Regional de Cultura do Norte numa reunião, ainda esta tarde.
Escrito por Brigantia
Retirado do site Rádio Brigantia
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