sexta-feira, 21 de novembro de 2014

População tem esperança que as estações não tenham chegado ao fim da linha

A maioria dos habitantes de Abreiro e Brunheda gostava de ver o transporte sobre carris regressar e trazer turistas
Nas aldeias de Abreiro e Brunheda o som do aproximar do comboio deixou de se ouvir há 8 anos, quando grande parte da linha ferroviária do Tua foi suspensa, depois de quatro acidentes ferroviários, que provocaram outras tantas mortes. Desde então, o comboio foi substituído pelo táxi, mas o transporte sobre carris deixou saudades à população.
Maria Rosa Vassalo queria que o metro ou o comboio voltassem, “era mais prático”, apesar de ter de se deslocar até à estação, “a um par de quilómetros abaixo”, porque “podia ir quando precisasse”. “A gente gostava de ter o nosso comboio, que escusavam de o ter tirado”, afirma com saudades.
A indefinição quanto ao futuro não agrada à população, que antes era servida pelo metro.
Em Abreiro falar da linha faz desfiar memórias e queixas. A esperança de que a ligação seja retomada ainda subsiste. Henrique Cardoso pede que regresse. “Era importante, transportava tudo e mais alguma coisa e agora nada, acabou. Abreiro está completamente isolado”, afirma o habitante desta aldeia do concelho de Mirandela.
Apesar do tom exaltado com que se fala da suspensão do serviço e do futuro que não conhecem, o brilho nos olhos regressa quando o assunto muda para as viagens que acompanhavam o rio Tua. É um percurso que se confunde com muitos episódios das vidas dos habitantes desta aldeia no limite do concelho de Mirandela.
A primeira vez que Maria Rosa Vassalo andou de comboio, “tinha 19 ou 20 anos”. “Foi quando fui casar pelo civil a Mirandela”, recorda.
“Gostava de tudo, de andar de uma janela para a outra. Quando era pequena tinha o hábito de ir de comboio sempre agarrada a ele, e no fim dizia para a minha mãe está a ver se eu não o agarrava, ele caía ao rio”. São histórias como esta que Ermelinda Pereira recorda com saudade. Apesar da demora, as viagens de comboio de Lisboa, onde morou grande parte da vida, ganham preferência em relação às de automóvel ou autocarro. “Foi uma viagem que ficou com grande recordação, não há dúvida nenhuma, era pouca terra, pouca terra, mas era muito bom”, relembra Ermelinda.


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