segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Congida: um pequeno segredo revelado a cada vez mais pessoas

Praia fluvial de Freixo de Espada à Cinta tem bandeira azul, atribuída pela Associação Bandeira Azul da Europa , e bandeira de ouro, atribuída pela Quercus graças à qualidade da água que apresenta. O Douro Internacional é o cenário ideal para passar uns dias no nordeste transmontano e há cada vez mais gente a fazê-lo.

Pensar no nordeste transmontano é pensar na paisagem característica da região, nos monumentos, igrejas ou gastronomia mas talvez nem tanto em praias… E se as praias do Azibo têm conseguido uma forte mediatização nos últimos anos, talvez haja outra praia fluvial que ainda é um segredo para muita gente: a Congida, em Freixo de Espada à Cinta.
Longe vão os tempos em que os acessos a este recanto à beira Douro plantado eram em terra batida. Quem tem recordações dessa altura é Manuel Augusto Madeira. Natural desta vila manuelina, tem 57 anos e há 24 que é nadador-salvador na Congida. Mas a sua ligação a este “paraíso”, assim apelidado por muitos, vem desde criança. “Os meus pais eram pescadores e eu cresci aqui. Vivi nesta zona até aos 18 anos, por isso, conheço este rio e toda esta zona como a palma das minhas mãos”, contou ao Jornal Nordeste, enquanto contemplava o Douro Internacional, sem se cansar, ainda que já o tivesse feito várias vezes na vida. 
O freixenista assistiu ao crescimento das infra-estruturas e do volume de pessoas a visitar o espaço. Garante que a procura “tem aumentado” e considera que “é pena que este lugar não seja ainda mais divulgado”, pois acredita que “muita gente ainda não sabe” da sua existência. Quer continuar nestas funções, que desempenha durante os meses de Verão, enquanto puder, admitindo que “cada vez é mais difícil ser nadador salvador, já que “de 3 em 3 anos, é necessário renovar o curso”.
Ainda que atraia já muita gente, a autarca Maria do Céu Quintas admite que a Congida “é um ponto turístico que tem que ser bem aproveitado e divulgado”. A maior intervenção nesta zona do concelho foi levada a cabo pelo seu antecessor, José Santos, mas Quintas está a preparar novos projectos (ver caixa) e tem a noção de que este é um dos pontos turísticos mais fortes do concelho.
O certo é que o destino Congida ainda não é para turistas de massas mas faz as delícias àqueles que descobrem casualmente este autêntico postal.  Grande parte dos turistas são espanhóis, mas frequentemente também se encontram franceses, ingleses ou holandeses. E os portugueses, muitas vezes não são do distrito mas vêm de várias localidades para descobrir o encanto desta praia do interior e outros recantos do nordeste transmontano.
É o caso Joana Sousa e Nuno Venâncio, de Alberca do Ribatejo, no distrito de Lisboa. “Se isto atraísse muita gente, talvez começassem a vir autocarros turísticos para aqui e isto ficaria muito cheio, deixando ser aquilo que é, perdendo o seu lado mais selvagem. Quem quer fugir à confusão vem para aqui e está mais sossegado, em vez de ter uma multidão de gente”, observou Nuno Venâncio. Já Joana Sousa contou que foi através de uma pesquisa na internet que souberam da existência da Congida. “Pelas imagens que vimos na internet, pareceu-nos muito bonito. Decidimos experimentar. A água é boa e estou a gostar”, contou.

Congida é praia e piscina 

Além da praia, a Congida tem também uma piscina municipal, com a vista privilegiada para o Douro. Muitos refugiam-se nesta componente extra de Freixo de Espada à Cinta. Aqui encontram-se pessoas de todas as idades. Algumas estão alojadas nas 10 Moradias do Douro Internacional, um empreendimento do Município concessionado a uma empresa, com capacidade para quatro pessoas cada uma. Outras vêm de fora e há também freixenistas que optam por passar as férias em casa. “Há muitos jovens que optam por ficar cá nas ferias porque, durante o ano estudamos ou trabalhamos fora, por isso aproveitamos o Verão para estar com os amigos da terra”, contou Ana Rita de 26 anos. A amiga Gabriela Santos de 25 anos, refere que prefere a piscina à praia por ser “mais sossegada e menos perigosa”. No mesmo grupo, Ana Cristina frisa a importância para os jovens freixenistas que estão fora de “aproveitar os fins de semana e férias” para conviverem.
E é assim que muitos passam o Verão, sem o reboliço das praias marítimas ou a agitação das cidades, num recanto que para muitos ainda é segredo e para outros é a opção para passar uns dias e respirar a paisagem do Douro internacional.

Autarquia quer requalificar edifício multiusos e criar parque de campismo

Apesar de já ter as condições essenciais, a Congida pode oferecer muito mais a quem a visita. A pensar nisso, o Município de Freixo de Espada à Cinta quer requalificar o edifício de apoio à piscina, que tem servido para receber o encontro anual de freixenistas e outros eventos, tornando-o mais moderno e atractivo.
A infra-estrutura foi construída na década de 80, tendo capacidade para instalação de um café/bar no rés-do-chão (que não está concessionado) e de um salão para refeições, com vista privilegiada, no 1º andar. A autarquia vai candidatar um projecto a fundos comunitários para a valorização do edifício, sendo que o orçamento não deverá ultrapassar os 300 mil euros.
Um parque de campismo e de autocaravanas é outro dos projectos que a autarquia quer candidatar a fundos do actual quadro comunitário de apoio, sem avançar pormenores desta ideia., enquanto não tiver financiamento.

Passeios de Barco

A Sociedade Transfronteiriça Congida la Barca, constituída pelo Município de Freixo de Espada à Cinta e pela autarquia espanhola de Vilvestre, organizam passeios de barco, todo o ano, entre a praia da Congida e la Code (Mieza). Uma viagem que tem como pano de fundo duas zonas protegidas: o Parque Natural do Douro Internacional e o Parque Natural de Arribas do Douro. No período de 15 de Julho a 31 de Agosto há duas viagens diárias, com saída da praia da Congida às 10h30 e às 16h00. A viagem tem duração de 2 horas e os bilhetes de adulto custam 12 euros.   

Jornalista: Sara Geraldes

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